Essa virtude nos aproxima do encontro pessoal com Deus
A natureza da virtude da religião é sobrenatural: é uma virtude moral, que nos inclina à vontade de prestar a Deus o culto que lhe é devido, por causa da sua excelência infinita e do seu supremo domínio sobre nós.
É uma virtude anexa à virtude da justiça, por nos fazer prestar a Deus o culto que lhe é devido. É justo, tanto quanto possível à nossa natureza, prestar o culto mais perfeito a Deus.
É uma virtude distinta das três teologais, cujo objeto direto é Deus, ao passo que o objeto próprio da religião é o culto de Deus, tanto interno como externo. No entanto, ela precisa da virtude da fé, que nos ajuda iluminando acerca dos direitos de Deus. Quando é informada pela caridade, a virtude da religião acaba por ser uma manifestação das três virtudes teologais. Seu objeto formal ou motivo é reconhecer a excelência infinita de Deus, nosso primeiro princípio e último fim, o Ser perfeito, o Criador de que tudo depende e para o qual tudo deve gravitar.
Como praticar a virtude da religião?
Pelos atos internos, submetemos a Deus a nossa alma, em todas as nossas potências, sobretudo a inteligência e a vontade.
Um desses atos internos é a adoração, que prostra inteiramente todo nosso ser diante daquele que dá o ser a todas as coisas. Na adoração, cultivamos a admiração respeitosa diante de Suas infinitas perfeições. Outro ato interno é a nossa gratidão Àquele que é a fonte de todos os bens que possuímos. Outro ato interno é a penitência que repara a ofensa cometida. Por fim a oração, onde buscamos Seu auxílio para fazer o bem.
Veja que é preciso vigiar, para que o nosso relacionamento com Deus não seja somente uma pedição sem fim, por curas, milagres, graças e libertações. A virtude da religião, para crescer em nós e nos ajudar a crescer em uma intimidade com Deus, precisa ser, antes, uma vivência de amor a Deus, e não de pedições, onde a maioria de nós se afasta de Deus tão logo alcançada a graça pedida.
Os atos externos se manifestam a partir dos internos, onde podemos atingir expressões mais perfeitas.
Incontestavelmente, o maior de todos os atos externos é o santo sacrifício da Missa. Ato externo e social, pelo qual o sacerdote oferece a Deus, em nome da Igreja, uma vítima imolada, para reconhecer o seu supremo domínio, reparar a ofensa feita a sua Majestade e entrar em comunhão com Ele. Juntamente à Missa, as preces públicas em nome da Igreja por seus representantes.
Outros atos externos são o Ofício Divino;, as bênçãos do Santíssimo Sacramento, as orações em particular, os juramentos e votos feitos com discrição em honra a Deus, dentro das condições dos tratados de teologia moral.
De tudo isso, pode-se concluir que a virtude da religião é a mais excelente das virtudes morais.
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Necessidades da virtude da religião
Estamos numa completa e inteira dependência de Deus. Uma vez que Ele criou todas as coisas do nada, para elas permanecerem existindo, é necessário que Ele as mantenha existindo. Sem Ele, nossa existência termina imediatamente. Ele nos conserva e ajuda com Sua graça. Por causa disso, devemos dar-lhe glória todo o tempo! É dever do homem, e tão somente dele, capacitado de intelecto e de razão, louvar o Criador em nome de toda a criação. É dever do sacerdote, justamente por sua posição e missão entre os homens, dar a Deus aquilo que nós, envolvidos e perdidos no meio secular, fazemos de modo imperfeito: glória e adoração a Deus.
Meios para a prática da virtude da religião
O primeiro passo para a vivência da virtude da religião, para alcançar um avanço espiritual, é pedir a fé a Deus insistentemente, de manhã, de tarde e de noite. “Senhor, aumenta a minha fé!” É graça dada tão logo é pedida. Outro passo é permanecer em estado de graça. Para isso, é preciso evitar ao máximo os pecados graves. E se caso venha a cometê-los, buscar a confissão sacramental imediatamente.
É preciso cultivar a devoção. É a disposição habitual da vontade que faz com que nos entreguemos pronta e generosamente a tudo quanto é do serviço de Deus. Em última análise, uma manifestação do amor de Deus. É assim que a religião se liga à caridade. Para exercitar bem a virtude da religião, é fundamental observar as leis de Deus e da Igreja. Evitar as distrações e perdas de tempo nos divertimentos mundanos, dos devaneios inúteis (TV, internet). Eles causam em nós a distração na oração e a falta de atenção em Deus. Devemos buscar o recolhimento antes e durante a oração.
Cultivar um sentimento profundo, misto de respeito e temor, onde reconhecemos Deus como nosso Criador e Mantenedor, supremo Senhor, do qual em tudo dependemos d’Ele. Amar em tudo ao Pai amabilíssimo e amantíssimo, que nos adotou por filhos e não cessa de nos envolver em Sua ternura paternal. Daí, brotam a admiração, ação de graças, o louvor. Procurar glorificar o Pai com a nossa vida, mesmo em meio aos sofrimentos e em tudo contentar a Deus. Procurar atrai-Lo e dar-nos a Ele, para que, em nós, conosco e por nós a virtude da religião seja praticada.
Deve-se viver em espírito de sacrifício, crucificando prontamente as tendências da natureza corrompida e obediência prontamente às inspirações da graça. Para isso, importante nos é pedir a Deus a graça de saber mortificar as nossas más inclinações: jejuns, abstinências, sofrimento com confiante alegria, caridade para os necessitados, esmola e perdão. Então, todas as nossas ações agradarão a Deus e serão outras tantas hóstias, outros tantos atos de religião, louvando e glorificando a Deus, nosso Criador e nosso Pai. Por esse meio, proclamamos praticamente o tudo de Deus e o nada da criatura, já que imolamos até as últimas parcelas todo o nosso ser, todas as nossas ações à glória do nosso supremo Senhor.