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Alcoolismo e pandemia: um alerta!

As situações da vida que nos levam às alterações de humor como tensão, estresse, raiva, irritabilidade, medo, dentre outras emoções negativas, podem, em determinado momento, gerar em nós uma necessidade de busca de alívio em alguns comportamentos, parte deles saudáveis, mas outros que podem efetivamente causar dependência e complicações posteriores. A pandemia da COVID-19 tem trazido consigo vários saldos negativos e muitos deles são reais e presentes em nossa vida. As vidas retiradas do nosso convívio, as que foram adoecidas e aqueles que se mantêm vivos vinculados, porém, com várias perdas efetivas ligadas diretamente à sua saúde física e emocional.

Dados da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD) revelam que em 2020 foi registrado um aumento de 38% nas vendas de bebidas alcoólicas nos distribuidores e 27% nos mercados. Outros institutos também revelaram aumento de 18% no consumo geral de álcool e 26% maior na faixa dos 30 aos 39 anos.

Alcoolismo e pandemia: um alerta!

Foto ilustrativa: Zbynek Pospisil by Getty Images

Predisposição ao alcoolismo

É interessante perceber que entre as pessoas que já possuem uma predisposição ao alcoolismo ou mesmo aos quadros como depressão e ansiedade, quando há o consumo mais constante de álcool, esse pode, facilmente, tornar-se um vício. Muitas vezes, isso não é notado, pois o consumo é feito de forma social, ou seja, entre amigos, em festas familiares, ou mesmo naquele momento onde a pessoa chega em casa e bebe com as justificativas de que está relaxando, descansando ou mesmo passando seu tempo.

Tais comportamentos são, portanto, os famosos “apertos de botão”: se esse comportamento encontra uma janela de oportunidade, tal como uma tendência genética, um potencial estrago está feito. E, do ponto de vista da aprendizagem, é na repetição que esse hábito pode se instalar, ou seja, ao incluir a bebida no seu dia a dia.

Muitas vezes, pelo baixo custo e fácil acesso, a bebida pode ser consumida em qualquer lugar e a qualquer hora do dia, facilitando assim esse vício. Um fato constatado é que, em 3 meses de uma rotina onde diariamente se inclua a bebida, pode instalar a dependência, isto é, aquilo que parece apenas um meio para aliviar o estresse, para desinibir e dar coragem para estar em público, pode sim contribuir com perdas efetivas, principalmente quando consumidos por jovens, que ainda estão em processo de amadurecimento das estruturas cerebrais.

É neste ponto que precisamos de uma atenção especial: ter outros meios de diversão, de liberação do estresse e do cansaço é importante. É muito válido ainda que possamos, cada vez mais, estarmos sensíveis à nossa percepção do que somos e do que desejamos ser, do que nos angustia e entristece, daquilo que nos faz fugir da realidade, e ainda, quando se fica vulnerável frente ao uso do álcool.

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Estava tudo bem…

Marias, Antonios, Fábios, Pedros, pais, mães, idosos, jovens, aposentados, desempregados, empregados mas estressados, esse universo de pessoas, em suas histórias de vida ao longo desta pandemia, podem ter visto a vida ser efetivamente alterada por um vício que se instalou silenciosamente.

Estava tudo bem antes, nada estava aparentemente acontecendo. Ao beber continuamente e desejar parar, algo impulsionou essas pessoas a continuarem. Sim, ao perceber que estavam irritadas sem a a bebida, persistiram neste comportamento. Na verdade, todas elas já encontram dificuldade em parar e, quando tentam, deparam-se com o que chamamos de abstinência: uma irritabilidade extrema, tremores e até mesmo alucinações, quando em estágios mais avançados.

Se você tem passado por essa situação, busque ajuda, esteja mais consciente de suas realidades e não deixe para depois. A busca inicial pode ser a conversa com um médico, um amigo próximo, um familiar. Mas não deixe para depois nem viva sozinho essa realidade. Seja honesto consigo mesmo, com sua família e amigos, pois nem sempre conseguiremos vencer um vício sozinhos. Lidar com nossas emoções usando substâncias, alimentos, compras ou outro tipo de dependência é o caminho mais curto para o sofrimento.

A retomada é possível sim, não necessariamente fácil, mas possível!

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Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro dos Santos é Psicóloga Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Colaboradora da Comunidade Canção Nova, reúne 20 anos de experiência profissional, atuando nas cidades de São Paulo, Lorena e Cachoeira Paulista, além do atendimento on-line para o Brasil e o Exterior. Dentre suas especializações estão Terapia Cognitivo-Comportamental, Neuropsicologia e Psicologia Organizacional. Instagram:  @elaineribeiro_psicologa