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Quais cuidados se deve ter na fase do puerpério?

Puerpério é o nome dado para o período pós-parto, também conhecido como quarentena ou resguardo, e que dura em torno de cinco a seis semanas. Inicia-se logo após o nascimento do bebê e termina quando a mulher começa a ovular novamente. A recém-mãe sofre alterações hormonais, físicas e emocionais.

Existe um mito, na nossa sociedade, de que o puerpério dura apenas 40 dias, e que, em quatro meses, a mulher está pronta para retomar as suas atividades como antes. Isso, às vezes, é um processo doloroso para a mulher, que está vivendo uma dimensão temporal diferente, que é o tempo da delicadeza e da conexão com o bebê.

O fim da gestação provoca inúmeras transformações no organismo materno, e o puerpério requer mais cautela, pois é hora de se recuperar de tantas alterações: sangramento do parto normal; cuidados com a cicatriz da cesariana; a recuperação do períneo (principalmente se houve episiotomia ou laceração), e muito mais!

Quais cuidados se deve ter na fase do puerpério

Foto Ilustrativa: YakobchukOlena by Getty Images

Quais são as fases do puerpério?

– Puerpério Imediato – descolamento da placenta até 2h após o parto;
– Puerpério Mediato (1 ° ao 10° dia) – corrimento vermelho tipo menstruação que, aos poucos, vai diminuindo, geralmente ficando amarelado;
– Puerpério tardio (11 ° ao 45° dia) – de agora em diante, o cuidado continua redobrado, pois o ventre e a região genital ainda estão se recuperando do período gestacional.
– Puerpério remoto (a partir do 45° dia) – a regeneração corporal pode ultrapassar a quarentena. Em alguns casos, esse processo se prolonga até 60 dias, podendo se estender devido à amamentação exclusiva (6 meses) ou até que a menstruação se normalize, representando a recuperação total da função reprodutiva.

Mudanças e cuidados!

Físicas

Sangramento: O sangramento, nesta fase, é algo comum. Ele se chama lóquio, e não se trata de hemorragia nem menstruação. É apenas o útero cicatrizando onde ficava a placenta.

Útero: para retornar à medida normal, o ventre se contrai nos dias posteriores ao nascimento da criança. São contrações mais leves, porém, estimuladas pela amamentação.

Mamas: as mamas também mudam com a descida do leite, ficam mais cheias, quentes e doloridas a partir de 24 a 72 horas após ter o parto, mas a tendência é sentir alívio à medida que ocorra a amamentação.

Pele50% das grávidas desenvolvem manchas na pele conhecidas como melasmas. No resguardo, esses sinais tendem a desaparecer (no máximo em 1 ano após o parto). Entretanto, 30% das mulheres podem manter resquícios dessas manchinhas comuns da gestação.

Cabelos: os cabelos são elementos importantes da vaidade feminina, mas, uma vez que costumam aumentar de volume e crescer rápido na gravidez, no puerpério acontece o contrário: os fios caem bastante devido ao desequilíbrio hormonal.

Fisiológicas

Hormônios: esse desequilíbrio pode ser explicado, basicamente, pelo pico de níveis hormonais enquanto o bebê ainda está na barriga e a diminuição brusca após o parto. Outro fator importante é que a amamentação interfere no desejo sexual, já que seu corpo possui outras prioridades para regenerar neste momento, e ainda não está preparado para retomar as relações com o parceiro.

Além da nova rotina bastante cansativa que o recém-nascido demanda, essa queda dos níveis hormonais (especialmente da progesterona), aliada ao aumento da prolactina, também faz com que as mamães se sintam naturalmente mais cansadas e desanimadas.

Impacto emocional

Essa exaustão, normalmente, vem acompanhada de insegurança e tristeza, sobretudo pelas autoestima abalada devido à dificuldade em perder os quilos adquiridos na gestação ou pelo tamanho da barriga aliado à flacidez abdominal.

Por isso, nas primeiras semanas, o ideal é contar com o apoio da família e a ajuda de algum parente, parceiro ou uma doula para cuidar dessa mãe com o recém-nascido. A mulher deve saber que é normal se sentir mais frágil e sentimental. Mas é importante ficar de olho em sintomas mais graves como desânimo extremo, insônia ou falta de apetite, que podem indicar a depressão pós-parto. Nesse caso, é imprescindível recorrer à ajuda médica.

Inclusive, quem já passou pelo puerpério costuma dizer que ele pode durar bem mais que as fases descritas. Na verdade, ele é o início da maternidade, na qual a mulher adquire uma nova identidade que não conhecia. É normal sentir melancolia durante esse período, ou querer ficar de pijama o dia todo, por exemplo. Apesar da intensidade, é importante lembrar-se de que vai passar.

Cuidados

Relações sexuais

Parto normal: Proibido no primeiro mês não só porque a mulher pode sentir dor, mas porque existe o risco de infecção, já que o processo de cicatrização pós-parto ainda não está finalizado. Além disso, a produção do hormônio prolactina, que favorece a produção do leite, diminui a libido e a lubrificação vaginal.

Parto cesárea: A quarentena impõe 30 dias de abstinência sexual para recuperação do organismo e do sistema reprodutor. Caso contrário, os riscos seriam os mesmos já descritos no parto normal, somados à sobrecarga na região dos pontos cirúrgicos.

Lembrando: O corpo é seu, se quiser ter relações sexuais, isso é uma decisão somente sua.

Alimente-se bem

Outro costume popular é relacionar o puerpério com as canjas de galinha para fortalecer o organismo da mãe. No entanto, ela não pode tomar só isso durante a quarentena, pois se trata de mais um mito! Claro que essa refeição é saudável, mas não deve ser a única do cardápio! Procure uma alimentação equilibrada enquanto estiver amamentando. Mantenha uma alimentação saudável no pós-parto, mas não é hora de pensar em regimes muito restritivos. Beber bastante água para ajudar a normalizar o intestino que pode ficar lento ou preso.

Outra boa estratégia para recuperar a forma e a saúde física é manter uma dieta equilibrada. A ingestão de minerais, como o ferro e o cálcio, continua fundamental. Portanto, as carnes, principalmente as vermelhas, e os laticínios são mais do que bem-vindos. Também é importante beber de dois a três litros de água por dia, especialmente um copo grande antes e outro depois de amamentar. Frutas com cascas, como maçã, ameixa e pêra, ajudam a prevenir ou a reverter a constipação, comum nessa fase por conta do útero aumentado, que comprime o intestino. É importante ter um acompanhamento de um nutricionista, pois ele saberá indicar o que será melhor para você.

Comece com exercícios físicos mais leves

Exercícios pesados, como corridas, são proibidos nos primeiros 45 dias, porque o esforço pode atrapalhar o processo de recuperação. Caminhadas leves, de 20 a 30 minutos, podem ser feitas após o primeiro mês. Esse tempo é variável e depende do condicionamento físico da mulher antes de engravidar. Para nadar confortavelmente, sem risco de escapes de sangue, é melhor esperar dois meses. Dirigir ou fazer abdominais, por exemplo, são atividades contra indicadas para não interferir na cicatrização da região perineal (parto normal) ou os pontos cirúrgicos (cesariana).

O uso de absorvente interno, a depilação ou o simples ato de subir e descer escadas (se não houver dor), por exemplo, estão totalmente liberadas e não comprometem a regeneração corporal durante o resguardo.

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A melhor forma de prevenir a depressão pós-parto é cuidando de si mesma e da saúde mental. Entre as condutas a serem tomadas estão:

– Peça ajuda de outras pessoas para que você consiga dormir bem, manter uma alimentação saudável, fazer exercício físico e receber apoio na medida do possível;
– Arranje tempo de qualidade para si mesma;
– Mantenha pensamentos positivos, sempre!;
– Evite o isolamento;
– Fique longe de cafeína, álcool e outras drogas ou medicamentos, a menos que recomendado pelo seu médico;
– Se você está preocupado com a depressão pós-parto, faça seu primeiro check-up pós-natal o mais breve possível após o parto;
– Você não é a primeira nem a última mulher que se sente assim, e o médico não a irá julgar. Seus sentimentos não estão relacionados, de maneira nenhuma, com o nível de amor que sente por seu filho ou com o quão boa mãe você é.

“A partir de cada mãe puérpera que encontra a si mesma, o mundo inteiro se encontra.”