Sou um jovem entre os milhares que estão continuamente conectados e usufruem das redes sociais para se relacionar, interagir, reencontrar, trocar experiências. Se você também é um de nós, vai ficar feliz diante da declaração do Papa Francisco, que tem se mostrado bem conectado: “E-mails, mensagens de texto, redes sociais podem ser formas de comunicação totalmente humanas. A internet pode ser usada para construir uma sociedade saudável e aberta” (Papa Francisco na ocasião do Dia Mundial da Comunicação Social da Igreja Católica).
Sim, é possível fazer e estreitar amizades por meio das redes sociais sem fecharmos os olhos para os riscos, por isso, a prudência e a cautela sempre precisam estar presentes. Já me aproximei, estabeleci relacionamentos de amizade, fortaleci aquelas que já existiam, mas não posso negar que, mesmo com todos esses benefícios, a presença física continua sendo indispensável. Por quê? Mesmo que os avanços tecnológicos nos aproximem, a ponto de termos a sensação de quase tocarmos fisicamente na relação virtual, o contato direto — em que podemos olhar nos olhos, e não por uma tela, podemos tocar —, sentir o calor humano e a presença física são primordiais para que os laços de amizade se fortaleçam e se estreitem.
É necessário ter contato
Corremos o risco de viver uma certa “substituição”, tentando suprir virtualmente aquilo que é indispensável fisicamente, pelo menos enquanto fizermos parte da espécie humana, sendo seres com necessidade de contato, de relação e comunhão profunda.
A questão está em entendermos que os “meios” são “meios” e não fim, o objetivo final. Se temos, hoje, esses meios propícios e eficazes, que colaboram para que nossas relações de amizade crescem, é desperdício não fazermos uso deles; mas, ao mesmo tempo, não podemos cair no extremo de achar que as redes sociais são suficientes para suprirmos aquela necessidade de contato que temos com o outro.
Uma amizade verdadeira sempre vai precisar ser mantida, cultivada e regada; e, para isso, é preciso sair de si e ir ao encontro não apenas por meio de cliques, e sim sair, visitar e estar. Que tal, até mesmo pelos cliques, combinar um bom encontro com aquele amigo que, há tempo, você não encontra?
Sair do virtual
Certo dia, impressionei-me ao perceber que estava me sentindo um tanto perdido, sem jeito, quando tive contato com alguns amigos que, há tempos, não estávamos juntos presencialmente. É como se eu tivesse desaprendido de estar presente fisicamente. Achei estranho, fiquei incomodado com isso; então, comecei a retomar o estar com o outro, isto é, estar inteiro, até fazendo o exercício de deixar o smartphone de lado e olhar nos olhos, perguntar, escutar, falar… Gestos tão comuns, mas dos quais precisei redescobrir a riqueza e o valor.
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É bom sempre lembrar que o conceito da verdadeira e duradoura amizade não pode se perder, que amigos não se conquista somente baseado em cliques, aceitação de amizade no perfil, em seguimento, curtidas e compartilhamentos. O stories me ajuda a contar histórias, mas meus amigos esperam que eu as conte pessoal e presencialmente. Fazendo esses ajustes, tomando esses cuidados, preservando o essencial, penso que as redes sociais se tornam mais eficazes na arte de fazer e cultivar amigos.
Tiago Marcon,
missionário da Comunidade Canção Nova