Antônio é um garoto tímido, estudioso, dedicado e responsável. Consegue sempre as melhores notas. Sobre a escolha profissional, ele objetiva cursar Medicina, fazer uma especialização fora do país e atuar por longos anos em cirurgias, salvando vidas.
André tem a mesma idade de Antônio, é mais atirado, gosta de praticar esportes e sair com os amigos. Os professores e familiares dizem que ele é muito comunicativo, inquieto. O desempenho dele na escola é limitado, o suficiente para passar de ano. Questionado sobre o futuro profissional, ele disse ainda ter dúvidas entre Engenharia ou Veterinária.
Os finais dessas histórias parecem ser previsíveis. Antônio bem-sucedido com uma situação financeira confortável. Já André uma pessoa confusa, indecisa, sem se firmar profissionalmente. Engana-se quem pensa assim. No mundo atual, segundo especialistas, as características que definem o indivíduo de sucesso vão além de saber eleger de modo correto a profissão ou o bom desempenho escolar do candidato. Para eles o êxito profissional está relacionado à força interior, a sede, ao desejo da busca e da concretização.
A força interior
Se não há vontade, não há sentido em se fazer algo. Ao imaginar a área de atuação em que fará sua escolha, é comum ter insegurança, receios. Afinal, na teoria, essa preferência será seguida para o resto da vida. Porém, mais importante de que optar entre humanas, exatas ou biológicas está a condição de se dispor, se entregar, enfrentar batalhas e desafios que uma profissão exige.
Trabalhando com alunos recém-chegados ao Ensino Superior, percebo que é preciso querer fazer, ter vontade de descobrir, pois, do contrário, a escolha profissional cai no vazio, na incerteza, na troca contínua.
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Decisões próprias
E não adianta se basear por filmes, livros ou experiências de terceiros. Cada um constrói o seu caminho e tem a chance de viver experiências próprias.
O cardeal José Tolentino Mendonça, ensaísta e poeta português, especialista em estudos bíblicos, no livro “Elogio da Sede”, mostra “a necessidade de romper com a previsibilidade sonâmbula dos nossos trajetos, das nossas idas e vindas cegas”. E encerra com esta oração:
“Ensina-me, Senhor, a rezar a minha sede;
a pedir-Te não que a arranques de mim ou a resolvas,
mas a amplies ainda
naquela medida que desconheço;
e que apenas sei que é a tua!”