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Como ajudar a criança a lidar com o processo de mudança?

Quando você chega em um lugar e, depois de algumas horas, pedem a você para ir ao lado oposto, seus sentimentos, diante disso, são bons, ruins ou uma mistura dos dois? Quando você foi demitida de um emprego e teve de recomeçar, o que veio em sua memória?

Para que um adulto possa ajudar uma criança, é preciso saber como eles lidam com os seus sentimentos em relação à determinada situação. Você percebe que isso mexe com a sua cabeça. Mesmo que, na maioria das vezes, entenda a situação, o status o atrapalha, tira a tranquilidade diante dos acontecimentos. E o segredo é mostrar para as crianças como se comportarem diante do novo.

Mudanças mexem com as pessoas por causa do apego, da comodidade e da facilidades que o apego traz. Nessa rotina, a quebradura provoca angústia, por não saber como será o novo. Entender os sentimentos das crianças, ajuda muito na adaptação. Com relação à moradia, ao mudar de uma casa para um apartamento, ela poderá sentir falta de espaço ou da liberdade de sair. Entretanto, ao mudar de um apartamento para uma casa, poderá sentir falta do movimento e do convívio que um prédio possa apresentar.

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Foto Ilustrativa: skynesher by Getty Images

Colocar a criança como participante ativa da mudança, pode evitar problemas

Visitar a nova moradia e apresentar os principais componentes do novo endereço, tais como playground, padaria, clube e outros que fazem parte do dia a dia da criança, pode evitar futuros problemas. Pedir ajuda da criança para acomodar os seus pertences, agiliza a intimidade com o novo espaço. Voltar à moradia antiga para que ela reveja os amigos, reduz o luto da perda.

Quando essa mudança é para outra cidade, a grande barreira é a perda dos vínculos afetivos criados com pessoas e coisas. E, para outro país, soma-se a tudo o que já foi dito, a barreira da língua e dos costumes. A experiência pode ser encarada como um período de descoberta prazerosa ou uma luta de adaptação.

Festas de despedida ajudam a mostrar que os vínculos não são desfeitos com a mudança, tendem apenas a ficarem mais espaçados, e esse sentimento pode ajudar no recomeço de novos laços. Lembrando que as mudanças costumam ser mais difíceis de serem absorvidas, quando a família também está vivendo a mudança, às vezes, não só da casa, mas do modo de viver, do emprego e do financeiro.

Para reduzir o estresse da troca de escola, as boas dicas são levá-la para conhecer o espaço novo antes do começo das aulas, ver se conhecem alguém, levá-la para comprar os materiais e, se possível, fazer uma aula de experiência. Depois de feita a troca, acompanhar para ver se ela está se adaptando, convidar os novos colegas para um lanche, tudo isso facilita a aproximação. Pedir reuniões periódicas com a professora para saber sobre as facilidades e dificuldades da adaptação e, se necessário, propor novos rumos.

Separação do casal

As mudanças de casa e escola podem estar associadas à separação do casal. Isso faz com que as crianças, além de vivenciarem as mudanças físicas, elas sentem também a transformação dos pais que passam a brigar por questões econômicas e a guarda dos filhos. Elas se sentem divididas e culpadas das dificuldades do casal e, ao mesmo tempo, cobra dos pais a responsabilidade pelo sofrimento vivenciado. A maturidade do casal pode ajudar ou atrapalhar, pois a falta dela coloca os filhos no turbilhão das emoções. Contudo, os pais maduros conseguem mostrar para as crianças a diferença da quebra do vínculo de esposos, comparados ao vínculo de pais, ou seja, revelam que esse não se romperá com a separação.

Existem mudanças menos perceptíveis, mas que causam impacto no emocional da criança. Exemplos disso são: quando ela deixa as fraldas e passa a usar o vaso sanitário; quando sai do berço para a cama, ou ainda, a chegada de um novo membro na família que tira a atenção dos adultos. Tudo isso traz sentimento de perda e medo, que precisam ser detectados e entendidos para serem trabalhados no sentido que o melhor virá, basta que se abram ao novo.

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No entanto, não é fácil, volto a repetir, pois os sentimentos dos adultos também estarão um turbilhão. Portanto, quanto melhor a reação destes, mais fácil será para os menores. As reações dependem também da idade da criança e de sua capacidade de entender o que está acontecendo e de adaptação à nova realidade, pois as atitudes internas e externas são diferentes a partir do mundo pessoal de cada uma.

De uma forma geral, algumas dicas ajudam:

Primeiro: o diálogo é fundamental. Dizer o que está acontecendo e o porquê disso estar acontecendo facilita o entendimento e o sentimento de perda. Explicar o que virá e como será reduz o medo do novo. Não minimize os sentimentos. Deixe virem as perguntas e, juntos, busquem as respostas. A criança, sentindo-se acolhida, terá um aumento na sua autoconfiança, e isso é fundamental para enfrentar as novas experiências. Crianças gostam de experiências novas quando colocadas de forma positiva e prazerosa. Mas sentem saudades da familiaridade, por isso, mostre que a mudança não significa ruptura total.

Busque estar à frente das preocupações que, normalmente, surgem na cabeça infantil, pois, quando você antecipa, reduz o estresse do medo do futuro. Observe se seu filho prefere participar de todo o processo, separando roupas e brinquedos que levará ou não, porque isso o ajuda a trabalhar o momento. Por outro lado, há aqueles que preferem ficar longe dessa ocasião. E, se for o caso, deixe-o na casa de alguém de confiança. Se puder evitar, não sobreponha mudanças na vida da criança, porque é menos pesado uma de cada vez.

Não existe receita para evitar sofrimento. Toda mudança, num primeiro momento, pode vir acompanhada de dor, o que ajuda no crescimento humano. O cuidado dever ser para que não se torne um trauma para a vida futura, impedindo as pessoas de estarem abertas às novas experiências, por causa das situações mal conduzidas no passado.

Os pais têm um papel fundamental de preparem as crianças para as mudanças programadas e as acompanhar naquelas situações onde são atropeladas pelas circunstâncias da vida. Todavia, a estrutura emocional infantil pode ajudar ou atrapalhar. Não se sintam culpados quando os filhos adultos não quiserem revisitar seus traumas e serem curados deles!