Testemunho

A história de recomeço de uma família com a filha prematura

Quando tem início uma gestação, inicia-se um sonho, a construção de um projeto, onde unem-se questões emocionais e racionais, onde tem-se um cronograma com uma data limite. As vidas envolvidas neste processo são transformadas, sua rotina remodelada, tudo se adequa à chegada esperada em uma gradativa caminhada. Contudo, o acontece quando esse processo é interrompido?

O salmista expressa, no Salmo de número 138, sua admiração com o processo da gestação, pois é difícil não atestar a mão de Deus no milagre da vida, especialmente quando se tem a experiência de ser pai ou mãe. Ao acompanhar os ultrassons, escutar os batimentos cardíacos, ver os relatórios médicos atestando o aumento de peso e as dimensões, vai se construindo, pouco a pouco, a expectativa do encontro, alegre e ansiosa, sem se importar com as prováveis horas de sono que serão sacrificadas.

Minha esposa, Beatriz, teve uma gestação tranquila até a vigésima quarta semana, não havia evidências que nos inquietassem, os movimentos do bebê e o crescimento iam nos dando cada vez mais segurança. Contudo, um dia, uma hemorragia, que trouxe consigo uma avalanche de medo e ansiedade em meio a uma corrida angustiada ao pronto socorro, rompeu com toda e qualquer segurança.

Da certeza ao medo

Uma noite de observação no hospital, um informe frio por parte do médico responsável de que, provavelmente, a gestação seria perdida, e o todo o solo firme de segurança e certeza desfez-se em um rio de incertezas. Nossas mentes, que apenas desfrutavam o presente, tratando do futuro com confortável segurança, passaram a fixar-se no hoje, e cada dia passou a ser uma luta emocionalmente estressante pela sobrevivência. Os quatro meses que faltavam para o fim da gestação converteram-se em dez dias de repouso absoluto em um hospital longe de casa, seguido de um parto prematuro e o início da rotina em uma UTI neonatal.

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Deus permitiu um recomeço

Deus foi nosso refúgio, apenas n’Ele poderíamos encontrar a segurança, embora os prognósticos médicos sempre nos enchiam de expectativas ruins, de problemas de desenvolvimento, deficiências e outros problemas decorrentes da prematuridade. Na oração, encontramos conforto e esperança; e em meio às lágrimas e à ansiedade por um desfecho, vimos, dia após dia, nossa filha crescer, ganhar peso e tornar-se forte. A cada pequena evolução, víamos a mão de Deus.

Hoje, depois de cinco anos, após muitos tratamentos, sessões de fisioterapia e acompanhamentos, vemos uma menina saudável, que superou todas as nossas expectativas.

Esse trajeto de superação da dádiva que Deus nos deu foi nosso recomeço naquilo que poderia ter sido um imenso trauma, onde perdemos nosso chão e norte, mas Deus nos permitiu trilhar um novo caminho de superação, um milagre de Deus em nossas vidas.

Jonatas Passos – pai da Késia