Quando o assunto é perseverança, lembro-me de algumas lições que aprendi quando ainda era criança. Como morava em sítio distante da cidade, costumava caminhar muito e era normal fazer até viagens mais longas a pé. Por isso, era preciso sair de casa bem cedo para evitar o sol forte durante a caminhada. Recordo-me, por exemplo, de quando íamos em família visitar minha avó.
Tudo era festa, eu e minhas irmãs, também crianças, vivíamos com expectativa a preparação para essa viagem que tinha sempre data marcada com antecedência. Junto com a nossa mãe, pensávamos em tudo, inclusive nas coisas gostosas que iríamos comer, nos primos que nos esperavam para brincarmos juntos etc.
Lições de perseverança
Ainda sinto o cheiro do orvalho daquelas manhãs de verão, os primeiros raios do sol nos enchiam de força e alegria para começar a viagem. Mas o interessante é que a empolgação, que trazíamos no início do trajeto, aos poucos ia se desvanecendo e logo começavam a aparecer os primeiros sinais de desânimo. Lembro-me de que nos segurávamos ao máximo para não começar a reclamar do cansaço, mas, quando uma falava, as outras seguiam suas queixas que, em geral, eram relacionadas à distância, à demora e a tantas outras justificativas que apresentávamos como razão para desistirmos da viagem. Nessas horas, minha mãe, com sua simplicidade e pedagogia própria da maternidade, dava-nos lições de perseverança.
Geralmente, ela nos sugeria uma pausa, momento em que nos alimentava, dava-nos água e nos motivava, fazendo-nos lembrar que nossa avó já estava diante da porta da casa à nossa espera, que ela tinha feito várias coisas para nós. Dessa forma, ela nos ajudava a perceber, afinal, já não estávamos assim tão distantes, pois já havíamos caminhado até ali. Regressar seria também cansativo e não nos traria felicidade. As palavras dela eram como injeção de ânimo para nós. Recomeçávamos a viagem , quase sem perceber, íamos nos apoiando na esperança que acabara de ser semeada em nossos corações.
Nesses dias, em meio às lutas próprias da missão, tenho pedido a Deus a graça da perseverança, e Ele me fez lembrar das lições de minha mãe, além de acrescentar algumas outras. Perseverar é preciso, principalmente na vida cristã!
A falta de perseverança
Já é de nosso conhecimento que o fracasso na vida de muitas pessoas deve-se ao fato de começarem seus projetos e não os terminarem, ou seja, falta de perseverança. Os homens que fizeram história e realizaram sonhos são os que não se renderam ao desânimo no meio do caminho, mas seguiram até o fim, mesmo cansados. Podemos recordar, por exemplo, Thomas Edson, que, segundo a história, tornou-se, depois de inúmeras tentativas fracassadas, o criador da lâmpada elétrica para o bem da humanidade.
Outro exemplo bem próximo de nós é o do monsenhor Jonas Abib. Quantas vezes ele sofreu o peso da responsabilidade, foi aconselhado a parar com relação à fundação da Canção Nova! Já pensou se ele não tivesse perseverado? E não faltam exemplos de perseverantes vencedores; que diga o testemunho dos santos.
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Desistir tem um preço
É certo que nossa vida é uma viagem passageira por este mundo e o destino é a Casa, não da avó, mas do Pai Eterno, que desde sempre nos ama e está à nossa espera. Por isso é preciso nos conservar firmes e constantes nos propósitos que nos conduzem aos ideais; e no caso da vida cristã: que nos conduzem à vontade de Deus.
O cansaço, às vezes, nos assola, o “sol forte” dos acontecimentos pode nos tirar as forças. Muitas vezes, precisamos parar um pouco para nos recompor e reencontrar as inspirações iniciais para que possamos seguir em frente. Como explicava minha mãe: desistir também tem seu preço e não nos traz felicidade.
Que hoje seja um dia de retomada em nossa caminhada em todos os aspectos de nossa vida! A Palavra do Senhor, que partilho com você neste sentido, é um conselho do apóstolo Paulo para a comunidade de Coríntios:
“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão” (I Cor 15, 58).
Estou unida e rezo por você!