O mundo, hoje, assusta os pais não só por causa da violência, mas também por consequência dos contravalores que entram em casa pela TV, internet e pelas revistas, além disso, pela convivência com outras crianças na escola, as quais, nem sempre, recebem os mesmos valores que gostariam para os seus filhos. O que fazer diante dessa situação?
Não adianta querermos isolar os nossos filhos do mundo, colocando-os numa redoma. Isso seria utopia e contraproducente. Há alguns meses, escrevi um livro pela Editora Cléofas – ‘Educar pela conquista e pela fé’ – e nele entro em muitos detalhes que não caberiam, aqui, neste artigo. Eu defendo o ponto de vista de que a educação deve ter como base a conquista dos filhos pelos pais e pelos valores da fé.
É claro que, hoje e sempre, há e haverá esperança para os nossos filhos. Se a esperança morrer nos corações dos pais, então, não haverá como gerar mais os filhos. Todas as épocas da História foram conturbadas. Mesmo diante de tanta libertinagem e mau uso da liberdade, é possível, sim, ensinar o filho a viver corretamente a liberdade. Aliás, este é o nó górdio de todo processo educativo: ensinar a usar a liberdade com responsabilidade e segundo o critério da verdade. Liberdade desvinculada da responsabilidade e da verdade se torna loucura ou libertinagem. “Dois mais dois são quatro”, queiramos ou não, fora disso é tolice.
Os pais não devem se preocupar tanto com os procedimentos da educação, como por exemplo: deixar ou não o filho ver TV, usar ou não a internet, ir ou não à casa dos amigos, passear ou não com a família do amigo, frequentar tal ambiente ou não entre outros. É claro que uma vigilância sadia é sempre necessária diante de um perigo explícito e conhecido, mas o mais importante é você formar o seu filho para enfrentar qualquer problema e ambiente longe de você sem sofrer possíveis malefícios para a sua educação.
Os pais, pela própria experiência da vida, já acumularam um tanto de conhecimentos e de sabedoria, fato que os torna aptos a serem os educadores dos seus filhos. Naturalmente, a mãe e o pai sabem o que é bom para o filho, mas o problema é fazê-lo aprender isso que querem ensinar, para que viva de acordo com esses valores.
Isso só vai acontecer se você conquistar o seu filho. Estou cada vez mais convicto de que só pela conquista podemos, hoje, dominar os nossos filhos. Não estou dizendo que a disciplina não seja importante, bem como os outros cuidados da educação; o que quero dizer é que sem a conquista tudo o mais será difícil.
Você já notou que um rapaz apaixonado por uma moça faz tudo o que ela quiser e com muito gosto? Pois bem, seu filho deve ter essa paixão por você. Se você conseguir isso, ele vai lhe obedecer em tudo, assimilando tudo o que você lhe ensinar e vivendo segundo os seus valores. Qualquer que seja o ambiente que esteja, ele vai se lembrar sempre de você e fazer segundo o que aprendeu com você, simplesmente porque você o cativou e o conquistou mais do que tudo e todos. Diante da TV, da Internet, dos amigos e dos acontecimentos, ele vai sempre ter você como referência, porque “é o meu pai”, porque é “a minha mãe”.
Nós seguimos quem nos conquista, e essa conquista tem um preço, como você vai notar, mas vale a pena. Eu digo isso porque minha esposa e eu educamos os nossos cinco filhos assim e estamos muito felizes com eles. Estão todos bem, formados e trabalhando.
Como é que um rapaz conquista uma moça?
Não é só pela beleza e pelos presentes que lhe dá. É muito mais pela delicadeza com ela, pelo carinho, atenção, dedicação, tempo gasto com ela, assim como com a ajuda nos momentos difíceis. É assim também que os pais devem conquistar os filhos.
Lembre-se de que não é com o que você dá ao seu filho que vai conquistá-lo; é com o que você é para ele e diante ele que isso vai ocorrer. Antes de mais nada, ele vai ter de experimentar que você o ama de verdade, que você está ao lado dele sempre que ele necessitar. Ele nota que você “gasta” tempo com ele, que ele é mais importante que o seu jornal, o passeio, o filme ou o programa com os amigos. Ele precisa perceber que é a primeira prioridade da sua vida. Como é bela aquela frase do Pequeno Príncipe que diz assim: “Foi o tempo que gastaste com tua rosa, que fez tua rosa tão importante”.
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Conquiste seu filho sendo exemplo
Você também vai conquistar o seu filho com o que você é diante dele: um homem honrado, trabalhador, fiel à esposa e a ele, que tem um nome honrado, que é respeitado pelos demais. Saiba de uma coisa: nós educamos os filhos muito mais pelo que somos e fazemos diante deles, do que pelo que lhes dizemos, damos ou ensinamos. O exemplo impregna, convence, arrasta. As palavras voam, por esta razão, somente as que brotam de um coração apaixonado é que podem produzir frutos no ser amado.
Você vai conquistar o seu filho confiando nele, elogiando-o muito mais do que o censurando, enaltecendo os seus valores e jamais o “afundando” com críticas azedas. Você vai conquistá-lo, propiciando-lhe um ambiente de paz e concórdia em casa, onde não haja brigas nem discussões diante dele. Lembre-se de que os defeitos dos pais serão os defeitos dos filhos. A educação saudável deles depende muito do bom relacionamento dos pais. O amor e o carinho recíproco dos esposos é a base da educação dos filhos. A harmonia conjugal atinge diretamente a criança para o bem ou para o mal; por isso, antes de tudo, cuide do casamento.
Aproxime seu filho de você!
Você vai conquistar o seu filho não apenas sendo seu amigo, mas também sendo amigo dos seus amigos. Ora, ele gosta dos amigos e não gosta de ver você como adversário nisso. Com jeito e calma, afaste-os dos amigos que não convêm, mas com capricho. Cuidado para não querer queimar etapas e acabar “queimando” o seu filho.
Você vai conquistar o seu filho corrigindo-o com carinho e muito amor, sem gritos, ofensas nem humilhações, nunca na presença dos outros, sempre garantindo-lhe uma sagrada privacidade. E, principalmente, não o corrija quando estiver nervoso, cansado e aborrecido, espere a hora oportuna para você e para ele também. E quando lhe falar, saiba usar as palavras. Há “sim” que mais parece um “não”; e há “não” que mais parece um “sim”. Ser franco e honesto com o filho não quer dizer ser grosso. Sinceridade e polidez podem caminhar juntas.
Não afaste o seu filho de você; ao contrário, aproxime-o; e também faça isso com os amigos dele. É um erro empurrá-lo para a casa dos outros! Não, traga-os para brincar em sua casa, assim você terá o comando sobre eles, sem que percebam. Crie um bom ambiente para eles, em casa, e em todos os lugares que puder.
Todas essas atitudes, e muito mais, fazem com que você conquiste os filhos, e assim, possa educá-los como deseja, dentro dos seus padrões e valores, sem angústia. O resto vem por acréscimo. E não se esqueça da formação religiosa deles, porque sem religião não é possível educar bem. Seu filho é filho de Deus antes de ser seu.