Relacionamento com Deus

O que nos diz os três primeiros mandamentos da Lei de Deus?

Introdução aos três primeiros mandamentos

Com o texto de hoje, vamos iniciar uma nova fase em nossa série sobre o “Sacramento da Confissão”. Vamos tratar diretamente dos três primeiros mandamentos. Esses se referem ao nosso relacionamento para com Deus: amar a Deus sobre todas as coisas; não tomar seu santo nome em vão; guardar domingos e festas.

O objetivo de nossa vida, o fim último para o qual fomos todos criados, é a união com Deus. É o que acontece após a morte àqueles que estão sem o pecado grave. E como diz da finalidade da nossa vida, isso deve ser alcançado o quanto antes, sem precisar experimentar a morte. Manifesta-se pela contemplação das coisas de Deus.

O que nos diz os três primeiros mandamentos da Lei de Deus

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Reflita com o pensamento de Santo Agostinho

Para ilustrar o que queremos dizer, vamos à história de Santo Agostinho. Desde sua juventude, Agostinho queria ser um retórico. Era uma profissão que existia em sua época, onde esses eram contratados para falarem ao povo, bem ou mal, de alguma coisa ou alguém. Era para convencer os outros de algo, mesmo que fosse mentira. Dependia de quem os pagasse. Nesse período, ele era um pagão que estava em busca de sucesso mundano.

Havia um autor que ele admirava muito, chamado Cícero. Em uma narrativa foi dito que Agostinho ficou chocado ao ler que Cícero, cuja profissão também era a retórica, dizendo que, o que era belo e sublime não era a retórica, mas sim a filosofia. Ela era a ciência da busca da verdade. E procurar a verdade era mais nobre que a mentira na retórica.

Agostinho, então, seguiu a sugestão de Cícero e debruçou-se no estudo da filosofia.

Ele descobriu, então, no estudo filosófico de sua época, várias verdades sobre o mundo, o ser humano, o relacionamento, natureza, política, metafísica etc. Foi lembrando que sua mãe, Santa Mônica, o havia contado histórias da Bíblia, enquanto ele era ainda um garoto, onde continha essas mesmas verdades que ele estava descobrindo. E ele ficou assombrado pela quantidade de verdades, grandes e profundas, que haviam lá, de modo que passou a acreditar na Bíblia e que Deus de fato existe. Percebeu que a Sagrada Escritura não era de origem humana e que se pode conhecer a Deus por ali.

Como Agostinho tinha uma vida intensa de estudos, foi nítida a percepção de que, assim que ele passou a crer em Jesus, na Bíblia e na religião, começou a entender muito melhor a vida e as grandes questões de sua época.

Conversão

Normalmente, as pessoas se convertem após ter levado uma vida moralmente má. Encontram no cristianismo e em Jesus um modelo elevado e mais pleno de conduta, e querem viver como Ele e para Ele. No entanto, Santo Agostinho se converteu a partir de um trabalho intelectual. Não que tivesse uma vida moralmente má, mas sim uma busca incessante intelectual, pela verdade. Sua mente passou a funcionar melhor!

No início do Evangelho de São João diz: “No início era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. Nela estava a vida e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la” (Jo 1,1-5).

Isso significa que, na hora que cremos, surge uma luz sobrenatural, o próprio Cristo, que nos faz ver melhor, superando às trevas do entorpecimento do pecado! A luz da graça nos ilumina. E essa luz é uma participação do Cristo ressuscitado. Ao crer, a luz nos ilumina e daí crescemos na fé.

Algo semelhante aconteceu na narrativa da Paixão do Senhor (Lc 23,39-43), onde um dos criminosos crucificados ao lado de Jesus zombavam d’Ele, enquanto o outro O via como O Senhor.

A coisa mais importante no cristianismo é o crer em Jesus. Quando cremos, estamos em contato direto com Ele!

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Como ocorre de a graça de Deus nos iluminar a partir do fato de crer?

No texto “A Eucaristia é o início de uma vida de comunhão com Deus”, tratamos com bastante detalhes sobre esse ponto. No entanto, para chegar onde queremos, vale retomarmos resumidamente. No momento da criação de todas as coisas, não existindo nenhuma outra substância a não ser o próprio Deus, portanto além d’Ele somente o nada, a primeira coisa criada, para permanecer existindo, era preciso que Deus a mantivesse na existência o tempo inteiro. Todos nós e todas as coisas que existem necessitam absolutamente de que Deus as mantenha existindo, mesmo que seja por incontáveis causas segundas. No caso das pessoas em especial, há a alma que é criada também do nada, no ato da concepção. Portanto, Deus está presente nas coisas, sustentando tudo na existência, e em nós, de modo especial, sustentando a nossa alma na existência. Ele está mais próximo de nós do que imaginamos. O primeiro passo então, para ter um contato com Deus, é crer nessa luz que vem de Deus e que está perto e dentro de nós!

Sendo assim, devemos amar a Deus, percebendo Sua presença tão íntima em nós, pela . Quando cremos, estamos em contato com o Cristo ressuscitado assim como Maria, a irmã de Marta, (Lc 10, 38-42) estava aos Seus pés.

E para aumentar essa fé, é preciso pedir diariamente, vezes sem conta, que o Senhor aumente nossa fé!

A Eucaristia

Jesus também criou uma “ferramenta” para aumentar e aprimorar a nossa fé, pois Ele é bom e quer se unir a nós. basta comungar bem! Graças a Eucaristia!

Jesus, na substância da hóstia, está com seu corpo ressuscitado. Seu corpo inteiro. Assim como no vinho, na sua substância, está o sangue de Cristo inteiro. Ao recebê-Lo, nós temos a presença física do Corpo de Cristo em nós enquanto durarem as suas espécies, para que, em cerca de 10 minutos após a comunhão, nós possamos aprender a amá-lo tanto o mais possível! (10 minutos significa o tempo em que a hóstia consagrada permanece intacta em sua aparência de pão, dentro de nosso estômago. Ao ser corrompida, se ausenta a pessoa de Jesus dali.) Na Eucaristia, nós fazemos uma experiência de fé e amor. É um treino, um ensaio do jeito que nós devemos crer e amar em todos os momentos que estamos longe da Eucaristia. Desse jeito, essa presença íntima de Cristo que habita em nossos corações vai se tornando mais intensa e nítida!

Quando a mulher, que padecia de fluxo de sangue (Lc 8,43-48), tocou no Cristo, por causa de sua fé, foi curada. E para provar que não era uma autossugestão dela, Jesus, que estava comprimido pela multidão, sentiu uma força sair d’Ele por ter sido tocado com fé. Assim, quando exercitamos a fé no Cristo Ressuscitado e Eucarístico, nós recebemos, cada vez mais, a luz da graça para o amarmos mais e melhor. Aqueles que comungam com frequência, e em estado de graça (isso é fundamental) conseguem perceber que vão sendo aos poucos transformados. Ou seja, para aprender a rezar, é preciso comungar bem! Em estado de graça, amando o objeto do seu amor, que está em contato com você na hóstia consagrada comungada.

Daí, na oração, em momento diverso à Eucaristia, nós procuramos reproduzir aquela mesma experiência. Embora nossa oração ordinária seja sempre menos profunda que a Eucaristia.

Uma vida de oração

Para ter união com Cristo, é preciso ter vida de oração, todo dia, cada dia mais.

A partir da semana que vem, vamos iniciar a meditação dos três primeiros mandamentos, porém, de forma diferente, vamos de trás para frente. Na ordem de importância, o primeiro é maior que o segundo e o segundo que o terceiro.

Iniciaremos, propositalmente, pelo terceiro, pela didática que estamos abordando para explicá-los.