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Como romper com o pecado através das virtudes?

Espero que, até aqui, nossa jornada nesta série sobre o Sacramento da Confissão esteja sendo uma bênção para você. Com todo o coração, desejo que Deus “ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendais a que esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa é a herança que Ele reserva aos santos (…)” (Ef 1, 18). Já podemos mostrar a importância da confissão como o primeiro passo para uma vida unida a Deus. Inclusive, provamos que, sem ela, essa união é impossível. Explicamos o que é esse sacramento; o que é o pecado e suas consequências; como distingui-los; quais são os passos para saber se pecamos ou não e até como discernir quando é lícito cooperar com o mal.

Para aqueles que se perguntam: “Então, o que fazer então? —, venho apresentar algum remédio para nos ajudar na luta contra o pecado: tratemos brevemente sobre as virtudes.

São elas de origem natural e sobrenatural. Elas nos ajudam na caminhada para uma vida de busca e união com Deus. Digo que são de origem natural e sobrenatural, pois as conquistamos de duas formas: pelo treino, com bons hábitos adquiridos e com a ajuda da graça de Deus.

Como romper com o pecado através das virtudes?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Preciso de confissão para vencer o pecado ou não?

Especialmente, Deus quer nos dar. Ele, bem mais do que nós, quer se unir conosco. Sua resposta é imediata, a partir de nossa busca, e Ele nos dá, desde que nos confessemos e permaneçamos sem voltar aos pecados graves tanto quanto for possível. E se, ao cair, voltarmos ao arrependimento sincero e à confissão, Ele permanecerá trabalhando em nosso coração, colocando as virtudes lá novamente.

Inclusive, àqueles que pretendem ou já estão em caminhada, é importante saber que as virtudes que são infundidas em nosso coração, pela graça de Deus, no ato do pecado grave, as perdemos imediatamente. No entanto, as que adquirimos pelo treino, elas permanecem. A permanência no pecado grave pode ir aumentando em nós os vícios e, aos poucos, também ir perdendo as virtudes adquiridas pelo treino. Por isso, às vezes, parece não ser fácil perceber. Com o tempo, com a atenção sobre a fuga dos pecados graves e o crescimento espiritual, nosso entendimento vai ficando mais delicado para perceber se precisamos ou não da confissão.

Virtudes Cardeais e Teologais

Fazendo uma breve distinção, iremos separar o que são as virtudes cardeais das teologais.

As virtudes cardeais são, exatamente, as que explicamos acima. São aquelas que ordenam nossas paixões e que as conquistamos pelo treino e pela graça de Deus. São absolutamente fundamentais àqueles que querem largar o pecado. São os exatos atos que precisamos observar, que englobam todo o nosso proceder. Não podemos descuidar de nenhum.

Abaixo, colocaremos somente um grosso e penoso resumo. No entanto, intercalaremos com alguns links onde houveram explicações bem minuciosas sobre cada uma, incluindo todas as virtudes anexas a cada uma.

São elas: a Temperança, Fortaleza, Justiça e Prudência.

Temperança

A primeira é a Virtude da Temperança. Ela trabalha em nós as más inclinações concupiscíveis. Nesta série, já tratamos sobre paixões concupiscíveis e irascíveis. É um trabalho sobre a vontade. Colocaremos nós mesmos dentro de uma justa medida para não nos afastar de Deus pelos prazeres. Aqui se trabalha a gula, a castidade e a humildade que são as bases de todas as virtudes.

Fortaleza

A Virtude da Fortaleza, age sobre nossas inclinações irascíveis. É ela quem conserta as nossas inclinações irascíveis para mal, como, por exemplo, a impaciência. A fortaleza vem nos mantendo firmes no propósito de não se afastar de Deus perdoando. É a busca pelo bem árduo!

Leia mais:
.:O que é virtude e como conquistá-la?
.:Lutemos para alcançar as virtudes cristãs
.:Será que sou uma pessoa que tem virtudes?
.:Qual a maior virtude do ser humano?

A Virtude da Justiça nos ajuda a tratar a nós mesmos, ao outro e a Deus da forma mais justa e correta possível. Damos a cada um aquilo que lhe é devido. Saberemos o nosso limite para não sermos grandes demais perante aos outros. Como nas demais, a Virtude da Justiça tem algumas virtudes a ela anexa. Por exemplo, temos a Virtude da Religião e a da Obediência. Saberemos, por meio da Religião, o quanto devemos nos doar na busca de amar a Deus. Ao mesmo tempo, saberemos os limites do outro frente a nós e a Deus, por meio da Obediência.

Prudência

A Virtude da Prudência não é a capacidade de agir com precauções. Falando de virtude cristã, é aquela que age em nosso intelecto, nos fazendo perceber se a situação que a nós é apresentada, nos levará ou não para Deus. A partir de sua iluminação, agimos conforme seu conselho. E fica claro que, agindo contra o que ela nos mostra de bom, estaremos em sentido contrário a união com Deus. Um exemplo absolutamente claro, seria a conclusão de que precisamos perdoar a qualquer um e a todos, independentemente do mal cometido. Decidir permanecer na mágoa, é decidir contra a união com Deus que sempre nos perdoa.

As virtudes são o começo da vida espiritual

As Virtudes Teologais regem nosso relacionamento com Deus e abarcam toda a nossa vida espiritual, são elas: a Fé, a Esperança e a Caridade. Elas que fazem crescer, em nós, o contato pessoal com o Senhor Jesus, fazendo-nos ansiar, fervorosamente, a nossa união com Ele e nos lançam a amá-Lo, assim como aos irmãos.

As virtudes são o começo da vida espiritual e não o fim; e o evangelho as exige.

A finalidade da vida humana é a de alcançar uma comunhão pessoal com o Senhor. Essa comunhão se dá em um desenvolvimento pessoal da vida de oração, chamada de vida contemplativa. O que não seria passar o tempo todo em solidão e rezando como num mosteiro, e sim em ter uma vida interior, onde se tem um relacionamento constante e íntimo com Deus.

Não se pode ser discípulo de Jesus somente abandonando o pecado, é necessário também renunciar a si próprio. E o único jeito de fazer-se isso é pelo apostolado. Não seria fazer somente nas horas vagas, nos momentos em que a gente tem o controle e quer ou somente para desencargo de consciência, e sim estar à disposição de Deus diante de mil situações que nos obrigam a abandonar o nosso próprio egoísmo. Essa vida ativa é o pressuposto para a vida contemplativa. Ao se doar ao outro, Deus doa- Se para nós; Ele vem ao nosso encontro.

As virtudes nos conduzem, com eficácia, por esse caminho.

Encontro com Deus

Por fim, para que Deus doe-Se a nós, é preciso de nossa parte:

Abandonar o pecado, exercitando as virtudes e esquecendo de si mesmo por uma vida ativa. Essas coisas são preparações para um encontro com Deus numa vida espiritual. Portanto, a finalidade última do ser humano é o encontro com Deus.

Para aperfeiçoar em nós todas as virtudes, o modo mais excelente é a o da oração e também a meditação nas Sagradas Escrituras e nos ensinamentos de Jesus. Compêndios de Espiritualidade e de Moral são também excelentes. No entanto, seguindo pelos links aqui colocados, já há uma abrangência suficiente para qualquer um que queira trilhar um sério caminho de conversão.

Semana que vem, trataremos sobre como adquirir, de modo sobrenatural, as virtudes.