Minha filha é de baixa estatura para a idade dela, mas, segundo os médicos, nada anormal, pois procuramos saber. No entanto, à medida que ela ia chegando à pré-adolescência, entre 9 a 12 anos, mais se evidenciava a diferença do seu tamanho para o tamanho de outras pessoas da sua idade. Então, ela começou a passar pelo que chamamos de bullying. Começaram os apelidos: “Anã de jardim”, “baixinha” e outros. Na cabeça delas e em suas emoções, teve início a angústia, a tristeza e a vergonha. Ela chegava em casa, muitas vezes, chateada. Chorava, queixava-se desse ou daquele; e, até mesmo, adultos e responsáveis por ela, em alguma atividade extra-casa, brincavam com seu tamanho. Uns faziam de modo carinhoso, mas para ela não soava como carinho; outros, realmente, zombavam, provocavam e queriam intimidá-la com apelidos inapropriados.
O que fizemos, como pais, nessa situação de bullying?
Começamos a orientar que ela não ouvisse ou que fingisse que não ouvia quando não a chamassem pelo nome, mas por um apelido pejorativo: “Ignore, pois, quanto mais brava e nervosa você ficar diante deles, mais eles vão zombar. O que eles querem é irritá-la, então, se não conseguirem, não haverá mais graça para eles. Quando chegar em casa, desabafe conosco. Estamos ao seu lado; e vamos vencer”.
Contei para ela que, na minha infância, tinha uma artista com o nome de Amélia Bicudo, e como eu tinha os dentes um pouco para fora, começaram a me chamar pelo nome dela. Fiquei brava algumas vezes, depois, toquei-me de que não ia mais olhar ou responder quando me chamassem assim. Dito e feito! Eu não olhava, ignorava-os, conversava com outra pessoa cada vez que alguém me chamava pelo apelido. Então, o apelido não pegou! E, desse modo, também minha filha começou a fazer.
Entre lutas, vitórias e derrotas, ela foi enfrentando tudo aquilo com o nosso apoio. Por estar maiorzinha, não queria que fôssemos na escola falar com ninguém sobre isso, então, respeitamos (já que não era algo mais grave; do contrário, teríamos ido!) e fomos dando o suporte em casa. Com o tempo, ela mesma descobriu um jeito de se livrar do problema e começou a nos contar, com alegria, sua descoberta.
Ela começou a entrar na brincadeira. Se brincavam usando um apelido, ela brincava também. Ela mesma se chamava de baixinha e levava tudo na brincadeira. Os que faziam os apelidos foram perdendo a graça de chamá-la assim, pois não a irritava mais. Ela disse: “Sabe, eu sou baixinha mesmo. Tenho minhas vantagens e desvantagens, então, vou aproveitar minha vida. Quem quiser que fale. Vou é rir”.
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Ajudá-los a amadurecer
Nunca é fácil ver um filho chegar em casa e desabafar algo que o faz sofrer. Não é fácil vê-lo chorar. O primeiro impulso é a vontade de ir atrás de quem fez ou falou e defendê-lo com todas as forças, mas nem sempre esse é o caminho que leva os nossos filhos ao amadurecimento.
Lógico que, se o sofrimento trazido por eles for algo mais grave, como um abuso, drogas ou qualquer coisa nesse nível, temos sim de intervir e proteger a todo custo. Nesses casos de bullying, em que nós também sofremos em nossas gerações, mas sem ter conhecimento desse nome, precisamos ajudá-los a amadurecer a partir daquela situação. Vencendo essa, outras virão. A vida é assim!
Que o Senhor nos dê a sabedoria necessária para cada situação. Sem buscar n’Ele a força e inspiração das palavras, é sempre mais difícil ser apoio, mas com Deus tocamos numa força além da nossa.
Deus abençoe sua família também!