recomeçar

Você tem disciplina de oração?

É tempo de transformarmos o velho em novo, de abrirmos espaço e livrar-nos de tudo o que está parado e estagnado, permitindo assim a entrada da nova luz. É tempo de mudarmos a rota, de levantarmos a poeira, de seguirmos em frente com um novo brilho no olhar. É tempo de deixarmos de lado nossa relutância, nossa rigidez e nossos preconceitos. É tempo de comemorarmos a possibilidade de ressurgir como uma fênix, que das cinzas renasce ainda mais forte e bela.

Você tem disciplina de oração?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Sempre é tempo de recomeçar

Olhemos para trás, digamos adeus ao passado sem dor, apenas com agradecimento na alma, pois tudo que vivemos nos trouxe aprendizado e sabedoria. E a vida é feita de muitas passagens; e dentre elas existe muita luz, cor e perfume. Inundemo-nos com a possibilidade de recomeçarmos. Acalantemos nossos sonhos, tracemos novas metas, abramo-nos para a vida. Comemoremos nossas fragilidades e nossos erros; brindemos os nossos acertos. Entreguemo-nos à sabedoria divina, compartilhemos nosso coração. Amemos sem pedir nada em troca.

Uma das tragédias da nossa vida é continuarmos a nos esquecer de quem somos e a perder muito tempo e energia para demonstrar o que não precisa ser demonstrado. Somos filhas e filhos amados de Deus, não porque tenhamos demonstrado ser merecedores do Seu amor, mas porque Ele nos escolheu livremente. É muito difícil manter o contato com a nossa autêntica identidade, porque os que querem o nosso dinheiro, o nosso tempo e a nossa energia aproveitam mais de nossa insegurança e dos nossos receios do que da nossa liberdade interior.

A oração é o exercício para escutar essa voz de amor

Por isso, precisamos de disciplina para continuar a viver de verdade, e para não sucumbir às incontáveis seduções da nossa sociedade. Onde quer que estejamos, há vozes a nos dizer: “Vá para cá, vá para lá; compre isso, compre aquilo; faça o conhecimento deste, faça o conhecimento daquele; não perca isso, não perca aquilo, e assim por diante. Essas são as vozes que continuam a nos desviar da voz calma e suave que fala no centro do nosso ser: “Tu és o meu Filho amado, és o meu enlevo”.

A oração é o exercício para escutar essa voz de amor. Jesus passou muitas noites em oração escutando a voz que lhe falara no Rio Jordão. Também nós devemos rezar. Sem oração, tornamo-nos surdos à voz do amor e ficamos confusos com as muitas vozes competitivas que exigem a nossa atenção. E como isso é difícil! Quando nos sentamos, durante meia hora, sem falar com ninguém, sem ouvir música, sem ver televisão ou sem fazer nenhuma leitura, e procuramos permanecer quietos, vemo-nos tantas vezes tão abafados pelos nossos barulhos interiores, que mal podemos esperar por nos ocupar e distrair de novo.

Como está sua vida interior?

A nossa vida interior, com frequência, parece-se com uma bananeira com macacos aos saltos! Mas quando decidimos não fugir e nos mantermos concentrados, esses macacos, eventualmente, vão-se embora por não lhe darmos atenção; e a voz suave e calma que nos chama “amados” pouco a pouco se faz ouvir de novo. A maior parte das orações, Jesus as fez de noite. “Noite” significa mais do que a simples ausência de sol, significa também a ausência de sensações de comprazimento ou de iluminações interiores. Eis por que é tão difícil sermos fiéis! Mas Deus é maior que nosso coração e que a nossa mente, e continua a nos chamar “amados”, para além de qualquer sentimentalismo.

Sabemos que a Bíblia traz toda a verdade revelada ao povo de Deus. Mas não a lemos, não a estudamos nem a refletimos. Precisamos, à luz do Espírito Santo, conhecer a vontade de Deus por meio de Sua Palavra.

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Sabemos também que a Igreja, Corpo de Cristo, tem muito a nos ensinar e orientar. É preciso também ouvi-la! Muitos santos, estudiosos e mestres vieram antes de nós e deixaram seu testemunho, seus escritos, suas lições para servirem de luz a nós. Mas nós não lemos nada sobre os santos, não conhecemos nada sobre Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz, Santa Teresa de Lisieux , São Francisco e tantos outros.

“O verdadeiro homem de oração desejoso de gozar das alegrias de Deus, está claro, jamais recua diante da morte, quer morrer pelo Senhor e até sofrer o martírio” (Santa Teresa de Ávila).

Eduardo Rocha Quintella
Fraternidade S. J. da Cruz – O.C.D.S – B.H. 
Belo Horizonte (MG)

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