O uso de bebidas alcoólicas vem se tornando cada vez mais frequente na nossa sociedade. Ultimamente acostumou-se usar como parâmetro para a avaliação de adequação de um comportamento a análise dos dados quantitativos, comparando-se a frequência de pessoas que ingerem com a frequência de pessoas que não ingerem e o quanto ingerem. Com isso, algumas pessoas ainda pouco esclarecidas podem acreditar que o uso de bebida alcoólica é “normal” entre a população e por isso não é inadequado o seu uso. Essa conclusão é errônea.
O uso do álcool hoje é estudado com muita cautela, pois o problema tem proporções epidêmicas. Numa estimativa moderada, 4% da população total dos norte-americanos são alcoolistas; em 1981 esse número equivaleria a 8,8 milhões de norte-americanos. Em seguimentos específicos da população, esta estimativa sobe para 8% ou 10%. (Rouge,1981)
Os bebedores problemáticos estão incluídos em 42% de todas as fatalidades do trânsito e o abuso do álcool está implicado em 67% dos casos de abuso da criança, 40 % dos casos de estupro, 51% dos delitos graves e 38% dos suicídios. (Rouge,1981).
Se os números já assustam, ainda pode-se dizer que o problema é bem mais grave, pois os estudos também comprovam que o comportamento do alcoolista afeta diretamente a vida de pelo menos quatro ou cinco pessoas próximas com as quais ele se relaciona.
Como a família é o grupo mais próximo, as repercussões são imediatas. O grande problema é que próximo ao alcoólico existe uma pessoa que o ama muito e mantém o processo de dependência. A primeira característica desta pessoa é a negação do problema.
É difícil acreditar que alguém sofrendo negue o próprio motivo porém existem motivos para essa negação; o membro da família que “ama” o alcoólico se sente culpado pela bebida, tem vergonha de pedir ajuda e principalmente desconhece a doença e acredita em promessas de mudança ou justificativas do tipo “eu não sou dependente, quando eu quiser eu paro de beber”.
Os familiares vão se sentindo confusos. Os cônjuges e pais são os mais afetados diretamente. Os efeitos dessa enfermidade se revelam tão graves para o cônjuge ou pais como para o alcoólico. O nome da enfermidade do cônjuge é co-alcoolismo ou co-dependência.
A co-dependência é definida por Charles L. Whiltfield como ” um comportamento problemático, desajustado ou doentio, associado com a vida, trabalho ou ou qualquer outra situação de proximidade de uma pessoa que sofre de alcoolismo”.
Tanto o alcoólico como o co-alcoólico precisam de ajuda. O co-alcoólico não pode nem deve esperar o alcoólico decidir pedir ajuda. Ele deverá interromper o processo de negação e olhar o problema de frente.
Mara Lourenço
Missionária da Comunidade Canção Nova Segundo Elo