Campanha Agosto Dourado

Agosto é o mês da valorização da amamentação e do aleitamento materno

Segundo a OMS, a Unicef e o Ministério da Saúde, o leite materno deve ser oferecido de modo exclusivo à criança até o sexto mês de vida. Crianças que não são amamentadas exclusivamente nos primeiros seis meses têm menos defesas contra doenças infecciosas que podem ser fatais, tais como pneumonia e diarreias. Para elas, também faltam nutrientes para crescer e se desenvolver de modo adequado.

Amamentação exclusiva implica em oferecer à criança somente o leite materno. Durante os primeiros seis meses de vida, não é necessário introduzir nenhum outro tipo de alimento. Nesse período, chás e água não são apenas dispensáveis, mas também podem ser prejudiciais. Isso ocorre porque o leite materno já contém água em sua composição. Os primeiros minutos da mamada são especialmente ricos em água e íons, constituindo o que é conhecido como “leite anterior”.

É importante destacar que diversos estudos científicos, bem como as orientações do Ministério da Saúde, reforçam a recomendação de não oferecer chupetas ou mamadeiras às crianças. Esses utensílios podem contribuir para o desmame precoce, uma vez que alteram o padrão de sucção natural.

Uma amamentação adequada para o bem-estar do neném

A maneira como a criança é posicionada ao seio materno é fundamental para o sucesso da amamentação. Ela abocanhar a aréola (a parte escura do seio), sugar de maneira eficiente e fazer pausas para deglutir. Vale ressaltar que o uso de chupetas e mamadeiras pode acarretar problemas ortodônticos, aumentar o risco de infecções na boca e garganta, e até mesmo substituir a respiração nasal pela oral. Esse último aspecto pode contribuir para um aumento nas ocorrências de amidalites, rinites e sinusites. Portanto, é fundamental considerar esses fatores para a saúde e bem-estar da criança.

Créditos: Anastasiia Stiahailo by GettyImages /cancaonova.com

A amamentação oferece vantagens que se estendem até a idade adulta, incluindo a prevenção de doenças cardiovasculares e obesidade. Além dos benefícios para a criança, a mãe também colhe vantagens quando amamenta. Isso ocorre porque a amamentação reduz o sangramento pós-parto, diminui a incidência de anemia, câncer de mama e câncer de ovário, além de ajudar na prevenção da osteoporose. A amamentação contribui também para a recuperação do peso normal da mulher após o parto.

A amamentação é um assunto global

No ano de 1992, foi concebida a primeira Semana Mundial da Amamentação (SMAM) como uma iniciativa da WABA (Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno), com o propósito de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno. A SMAM é comemorada anualmente em mais de 180 países, durante os dias 1 a 7 de agosto. Os materiais informativos são traduzidos em 14 idiomas e, no Brasil, essas ações são atualmente coordenadas pelo
Ministério da Saúde.

No ano de 2023, o tema abordado é “Apoie a Amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham”. Estudos indicam que o apoio emocional e prático estendido de pais para mães, como o compartilhamento de tarefas domésticas e cuidados com os filhos mais velhos, contribui para o sucesso da amamentação. A responsabilidade de cuidar de um recém-nascido é compartilhada por ambos os pais, ressaltando a importância do direito à licença paternidade para promover maior envolvimento paterno nos cuidados.

Apesar disso, os direitos dos pais ainda permanecem limitados na maioria dos países. A licença parental, que permite aos pais cuidar dos filhos após o término da licença maternidade e paternidade, é oferecida apenas em 68 países. Essa licença é essencial para promover não apenas a saúde da criança, mas também o envolvimento dos pais nos cuidados familiares, aliviando a carga sobre as mães.

As barreiras e a necessidade de apoio

As restrições no ambiente de trabalho continuam sendo uma razão comum para as mulheres não amamentarem ou interromperem a amamentação antes do recomendado pela OMS. Mesmo com licenças adequadas, a falta de apoio à amamentação no local de trabalho pode prejudicar essa prática. Cerca de 70 países não garantem pausas para amamentação, e a maioria delas é limitada aos primeiros seis meses, apesar da recomendação de amamentação
por dois anos ou mais.

A amamentação requer uma “rede de apoio”, uma vez que a mãe não amamenta sozinha, ela necessita do companheiro e familiares. Acesso a licenças parentais adequadas pode permitir que o pai, mesmo não amamentando, tenha tempo para compartilhar responsabilidades domésticas e oferecer apoio à mãe na amamentação.

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Neste ano, os Correios e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram, em 1º de agosto, um selo comemorativo em homenagem à Semana Mundial de Aleitamento Materno. O selo traz a mensagem: “A melhor coisa para o bebê é mamar! Garantir o direito à amamentação é responsabilidade de todos nós”.

Pais de crianças prematuras estão sendo beneficiados pela licença-maternidade específica, que passará a valer após a alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido, no caso de internações superiores a duas semanas, e não na data do parto. Essa decisão, proferida pelo plenário do STF, vale para gestantes e mães amparadas pela CLT, sendo celebrada por profissionais de saúde.

O leite materno é invenção de Deus

O Agosto Dourado, criado a partir da Lei 13.435 de 12 de abril de 2017, simboliza a luta pelo incentivo à amamentação, com a cor dourada relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. O laço dourado é um símbolo internacional, sendo que cada parte do laço representa mensagens especiais: simetria simbolizando a vitalidade igual de mãe e filho na amamentação; o nó destaca o papel fundamental do pai, família e sociedade no apoio à amamentação; e as pontas do laço representando o futuro saudável das crianças amamentadas.

O aleitamento materno é uma habilidade que precisa ser resgatada e apoiada. Devemos continuar promovendo, protegendo e apoiando o aleitamento materno exclusivo até os seis meses, com complementação até os dois anos ou mais, visando aumentar os índices de cobertura da amamentação globalmente, uma das principais estratégias para redução da  mortalidade infantil. Existe referências à amamentação já no antigo Código de Hamurabi assim como a prática do desmame gradual e dialogado, que perduram até os dias atuais, um conjunto de leis criado na sociedade mesopotâmica por volta do século XVIII a.C.

O leite materno é uma fórmula perfeita que nenhum homem poderá fabricar, porque é uma superinvenção de Deus.

Rita Maria Viana Rego – Graduada em Enfermagem e Nutrição; Especialista em Enfermagem Pediátrica e Puericultura e em Ativadores de Processo de Mudança na Educação Superior de Profissionais de Saúde; Mestrado e Doutorado em Enfermagem.

Leia os testemunhos de mães sobre a amamentação

Clara Ribeiro | Recife – PE

“A amamentação foi um desafio durante pelo menos dois meses, no sentido de que, no início, eu tive muita fissura e, depois, com o uso de absorventes de seio de forma indevida, tive um caso de candidíase no seio. Eu sentia muita dor, meu marido não quis me levar ao banco de leite e ficar no hospital, com medo de que o bebê obtivesse alguma infecção, mas eu consegui, com a ajuda desse mesmo banco de leite, a orientação necessária. E o meu médico prescreveu um medicamento para candidíase que eu usei por duas semanas e, depois, o meu seio sarou e, finalmente, consegui amamentar plenamente, sem fissuras, sem candidíase e nenhuma dor.

A amamentação foi um sucesso. Amamentei por mais de quatro anos a criança. O aluguel da máquina de ordenha, depois, a aquisição de uma foi fundamental para que eu não tivesse nenhuma infecção no seio, nenhum empedramento. O meu marido também ajudava muito, ordenhando manualmente; e foi um sucesso essa amamentação, graças à ajuda do banco de leite, do meu marido e também da Rita.

Rita veio no dia do nascimento de Bernardo, impedindo que o leite de lata fosse introduzido precocemente, ajudando no manejo dessa amamentação, acompanhando no WhatsApp. Foi uma pessoa fundamental para fazer toda a orientação da minha amamentação. Quando eu não consultava Rita, sempre dava errado. Porque quando ela via, eu já tinha feito algo indevido; então, ela vinha corrigindo esses erros. Passou muita literatura, li muito sobre o assunto. E hoje eu incentivo outras mulheres conhecidas a amamentar.”

Outro testemunho:

Elvira Danielle Martins Sousa | Aracaju – SE

“Em relação à minha experiência como mãe, senti que foi muito valioso conhecer muito sobre o tema, antes de colocá-lo em prática. Não tive fissuras mamárias, não tive ingurgitamento mamário, e considero que a minha história com a amamentação foi excelente da minha parte com a minha filha. Porém, as dificuldades vêm a partir da rede de apoio, das pessoas que estão ao redor. Pois, desde o início, sofria críticas porque não dava chupeta, mamadeira e, atualmente, amamento ainda. E sofro críticas porque a criança já é grande e continua mamando.

Eu acredito que tem de haver uma mudança por parte da sociedade em relação à visão voltada para o aleitamento. Saber entender a importância não só nutricional, mas afetiva e psicológica, tanto para a mãe quanto para o bebê e para a criança maior. Mesmo que não haja necessariamente uma nutrição tão grande, existe o apoio emocional, existe a segurança que a criança sente quando está mamando. Atualmente, as frases que eu mais escuto são: “essa criança já é grande demais pra mamar, as pessoas acham feio”.

Na escola, quando ela teve dificuldade para se adaptar, porque demorou para entrar na escola, a primeira coisa que associaram foi porque ela ainda mamar. Então, são muitas as dificuldades que nós enfrentamos. Eu tenho fé e acredito que, aos poucos, essa visão vai mudar e as pessoas vão passar a enxergar mais os pontos positivos do que necessariamente os pontos que acham se negativos, mas que, na verdade, não existem pontos negativos no aleitamento.”