Entenda

Julho, mês da conscientização das hepatites virais

Julho é o mês voltado para a conscientização das hepatites virais. Confira a entrevista com a enfermeira Valeska Camargo Lacerda, que respondeu as principais dúvidas sobre essa doença.

O que é hepatite viral e quais os sintomas da doença?

É uma infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes, são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam  sintomas. Entretanto, quando presentes, podem se manifestar com cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Quais são os tipos e as diferenças entre elas?

Hepatite A – Causada pelo tipo de vírus A da hepatite. É conhecida como Hepatite Infecciosa. Na maioria dos casos, é benigna, com agravo conforme idade.

A transmissão ocorre através do contato de fezes com a boca. A doença tem grande relação com alimentos ou água inseguros, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal (OMS, 2019). Outras formas de transmissão são o contato pessoal próximo (pessoas com convívio familiar e pessoas em situação de rua ou entre crianças em creches) e contato sexual.

Créditos: SewcreamStudio by GettyImages/cancaonova.com

Geralmente, quando presentes, os sintomas são inespecíficos, podendo se manifestar inicialmente com fadiga, mal-estar, febre, dores musculares, enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. A presença de urina escura ocorre antes do início da fase onde a pessoa pode ficar com a pele e os olhos amarelados (icterícia). Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses.

Hepatite B – Na maioria dos casos, a Hepatite B não apresenta sintomas. Muitas vezes, a doença é diagnosticada décadas após a infecção, com sinais relacionados a outras doenças do fígado (cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados), que costumam manifestar-se apenas em fases mais avançadas da doença. Pode ser transmitida de mãe para filho no parto e amamentação.

Hepatite C – Processo infeccioso e inflamatório causado pelo vírus C da hepatite, e que pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum. É uma doença de caráter silencioso que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Sua transmissão ocorre através de contato com sangue, secreção de indivíduo contaminado e relações sexuais desprotegidas. Não existe vacina.

Hepatite D – Mais comum na região Norte. Sintomas e prevenção são iguais à Hepatite B, mudando apenas o tipo do vírus.

Hepatite E – Rara no Brasil, mais comum na África e Ásia. Doença de curta duração, caráter benigno, podendo ser grave em gestantes e pessoas imunocomprometidas. Os sinais e sintomas, quando presentes, incluem inicialmente fadiga, mal-estar, febre, dores musculares. Esses sintomas iniciais podem ser seguidos de enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia, presença de urina escura e pele e os olhos amarelados (icterícia).

A hepatite fulminante ocorre com mais frequência quando a hepatite E ocorre durante a gravidez. As mulheres grávidas com hepatite E, particularmente as do segundo ou terceiro trimestre, apresentam maior risco de insuficiência hepática aguda, perda fetal e mortalidade. Até 20-25% das mulheres grávidas podem morrer se tiverem hepatite E no terceiro trimestre. Mesmo modo de transmissão da Hepatite A.

Qual o tratamento?

O médico saberá prescrever o medicamento mais adequado para melhorar o conforto e garantir o balanço nutricional adequado, incluindo a reposição de fluidos perdidos pelos vômitos e diarreia. A hospitalização está indicada apenas nos casos de insuficiência hepática aguda.

Os medicamentos disponíveis para controle da hepatite B são a alfapeginterferona, o tenofovir e o entecavir. Não tem cura.

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Existe prevenção?

Hepatite A e E
• Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
• Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
• Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
• Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
• Usar instalações sanitárias;
• No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;

• Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
• Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
• Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais;
• Vacinação (para Hepatite A, B, D)

Hepatite B, C e D
• Não compartilhar seringas e objetos cortantes;
• Evitar relação sexual desprotegida;
• Cuidados com sangue, secreções e fluidos corpóreos de pessoa infectada.

Qual a necessidade de criar uma campanha de conscientização de hepatites virais?

As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. O não tratamento adequado juntamente com outras doenças que a pessoa possa ter pode até ser letal.

Por ser altamente transmissível, porém com possibilidades de prevenção, campanhas devem ser feitas a fim de se evitar o contágio.

Valeska Camargo Lacerda – enfermeira