Entenda

Os riscos e benefícios da partilha

Cada pessoa esconde um mistério na alma, e desvendá-lo a partir da partilha é uma missão nobre que poucos se prezam a cumpri-la. É certo que pessoas novas sempre entram em nossa vida e os fatos evidentes não permitem escolha. Se desejamos respirar fraternidade, o jeito é correr o risco de deixar-se conhecer e partir para a tarefa de desvendar o mistério que se esconde na alma de quem chega. Abrindo-nos a novos relacionamentos, permitimos que as pessoas conheçam o que temos de melhor e de pior, por isso partilhar é também um ato de coragem.

É comum, enquanto partilhamos, termos a impressão de que estamos beneficiando a pessoa que nos escuta, mas mestres no assunto garantem que não é bem assim. Na verdade, o maior beneficiado na partilha é quem fala. Jesus, Mestre nos relacionamentos profundos, sabia disso, e nos ensinou a lição com Sua própria vida.

Padre Jonas Abib reforça essa ideia quando escreve em nossa formação interna: “É essencial partilhar o que pensamos e sentimos, nossas aspirações e desejos, nossas motivações, nossos projetos, nossas dificuldades. Nada deve ficar escondido nem entulhado no coração. É assim que conquistamos relacionamentos profundos: damo-nos a conhecer e conhecemos os outros em profundidade”.

Os riscos e benefícios da partilha

Foto ilustrativa: MangoStar_Studio by Getty Images

Essa é uma realidade que experimento e posso testemunhar que realmente funciona. Partilha é mais do que debate, pois quem fala não está interessado em respostas nem opiniões sobre o assunto, mas sim em ser acolhido.

A partilha é um desafio

Falar de si pode até parecer algo simples, mas, dependendo da situação na qual a pessoa se encontra, é, na verdade, um grande desafio e exige muito esforço. Pode ser que, enquanto falamos, passe em nossa mente a ideia: “O que será que pensarão de mim agora que estou falando isso?”. Partilhar é correr riscos.

Frei Elias Vela, no livro ‘Ancorando sua vida em Deus’ diz: “Quando o próprio Jesus partilhava tudo com Seus queridos apóstolos, Ele estava simplesmente arriscando Sua vida. Ele foi colocado numa Cruz, porque partilhou com Judas o lugar onde iria rezar naquela noite. E Judas o traiu!”. É claro que não podemos parar jamais no negativo!

Os benefícios da partilha compensam os riscos que ela oferece, pois, quando abrimos o coração e falamos de nós, acontece uma espécie de libertação interior, somos curados e nos sentimos livres pra ser quem realmente somos, sem reservas.

Na Canção Nova, quando temos tempo, costumamos ficar horas na mesa depois das refeições partilhando. Geralmente, são coisas bem simples, mas com grande sentido, porque falam de vida. São pedacinhos de nós que distribuímos uns aos outros, e isso nos dá sintonia, afinidade na missão, aproxima-nos um do outro e, assim, de Deus.

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Dicas

A proposta também está ao seu alcance. Quer algumas dicas?

Comece partilhando a respeito de algo bonito que Deus lhe deu. Fique sempre com as coisas boas e bonitas. Com certeza, você também terá a partilhar coisas que lhe magoaram, mas não toque muito nas feridas. Rejubile no Senhor pelo modo com que Ele o ama. Partilhe suas maravilhas!

Um detalhe que considero importante destacar é a disposição e o interesse que precisamos demonstrar por quem fala, mesmo que o assunto não seja de nosso interesse. Na partilha, a pessoa deve se sentir acolhida; é como se nada no mundo fosse mais importante naquela hora do que ouvir e compreender bem a pessoa que fala. É um desafio e tanto!

Tenha a coragem de dividir com os outros o tesouro que está em seu interior. Vale a pena correr esse risco, os benefícios compensam. Sou testemunha. Estamos juntos!

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