Essa pergunta é tão antiga quanto a religião, e ainda hoje insiste em ressoar no coração do homem; é esse, inclusive, o motivo da revolta de muitos contra Deus: “O Senhor não me ouve. Deus não quer saber de mim!”. Dizer “O Senhor não escuta a minha oração!” equivale quase a dizer “O Senhor não me ama!”.
As pessoas se revoltam porque lhes é custoso crer que Deus as ame e lhes queira bem. Não acreditam que o Senhor as ame o suficiente para atendê-las. Mas Deus nos ama e ama muito! Bem diz o salmista: “A palavra ainda não me chegou à língua, e já, Senhor, a conheceis toda” (Sl 138,4). Ele sabe tudo, sabe do que você necessita e pode lhe conceder muito além do que você pede ou pensa.
Devemos aprender a rezar, principalmente pedir a Deus
São Basílio Magno ensinava: “Pedes e não recebes, porque a tua oração foi malfeita ou sem fé, sem devoção ou desejo, ou porque pediste coisa que não se referia à tua salvação eterna, ou pediste sem perseverança”.
A oração é necessária não para que Deus conheça as nossas necessidades, mas para que fiquemos conhecendo a necessidade que temos de recorrer a Deus, para receber oportunamente os socorros da salvação. Quem pede a Deus, humilde e confiantemente, coisas necessárias para esta vida, ora é ouvido por misericórdia ora não é atendido por misericórdia, porque o médico, melhor que o doente, sabe do que realmente o doente necessita. Deus sabe o que é melhor para você mais que você mesmo: “Os pensamentos de Deus são muito mais altos que os meus”. Deus quer o melhor para você porque o ama.
O que acontece então? Por que nem sempre somos atendidos?
Em primeiro lugar, Deus sabe quando deve nos dar aquilo que Lhe pedimos, por isso, temos de aprender a esperar e ser pacientes e perseverantes. “Sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que, no derradeiro momento, tua vida se enriqueça” (Eclo 2,3).
O fato de a nossa oração não ser atendida imediatamente não quer dizer que Deus nos tenha esquecido. Quem n’Ele espera não se decepciona! Uma máxima latina diz que nossa oração é, por vezes, ineficaz, porque nós mali, mala, male petimus, isto é, “pedimos sendo maus (mali) o que é mau (mala) e de maneira má (male). Queremos que Deus nos atenda, mas não pretendemos abandonar nossas más ações, continuamos com um coração de pedra, cheios de rancor, ódio e inveja.
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Não sabemos como pedir
“Um homem guarda rancor contra outro homem e pede a Deus a sua cura! Ele, que é apenas carne, guarda rancor, e pede a Deus que lhe seja propício! Quem, então, lhe conseguirá o perdão de seus pecados?” (cf. Eclo 28,3.5).
Pedimos também coisas más, por exemplo: pedimos justiça quando, na verdade, queremos vingança; queremos que a pessoa pague pelo mal que nos fez, e tantas outras coisas. Coisas que, se Deus nos concedesse, provavelmente comprometeriam nossa salvação.
E pedimos de maneira má não como filhos, mas como empregados interesseiros, que se aproximam apenas pelo fato de saberem que seu patrão pode beneficiá-los.
A oração dos que sofrem
Há certo grau de intimidade com Deus que só experimentam aqueles que sofrem, sobretudo, aqueles que sofrem inocentemente, pois Jesus é o grande sofredor inocente. Não devemos desperdiçar o sofrimento quando Ele bate à nossa porta. Aqueles que o aproveitam se unem ao Cordeiro de Deus, pois Jesus sofreu. Não se trata de irmos atrás do sofrimento, mas de aproveitarmos aquele que já temos e transformá-lo em oração, ofertando o nosso sacrifício, sem murmurar, sem maldizer, pois a vitória que temos sobre o sofrimento está no silêncio. Se ficarmos tristes por um erro ou um pecado que cometemos, basta lembrarmos que um coração sofrido é um sacrifício agradável a Deus.
Se soubéssemos como Deus se compadece e como Ele sabe valorizar as lágrimas dos que sofrem, não as desperdiçaríamos entre xingamentos e reclamações. Se uma mãe soubesse o peso de suas lágrimas, poderia escutar o Espírito Santo a lhe dizer o mesmo que disse o Bispo Santo Ambrósio a Santa Mônica: “Vai em paz, mulher, que é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas!”.
É um poderoso exorcismo o sofrimento suportado sem perder a alegria.
Propostas
Para facilitar, proponho dividirmos nosso tempo em três blocos. Queremos privilegiar a Sagrada Escritura e o momento de intimidade que vamos ter com ela, por isso desejamos que ela ocupe a posição central do nosso tempo de oração.
O primeiro momento tem por objetivo a preparação do coração para esse encontro com o Senhor da Palavra. O segundo momento quer introduzir a pessoa num amoroso contato com o Senhor, que já nos ouviu, mas também quer falar. A oração é um diálogo.
No terceiro momento, já estamos numa maior comunhão com Deus e tudo coopera para que os nossos pedidos, por nós mesmos e pelos outros, sejam feitos em comunhão com o coração de Nosso Senhor, bem como podemos também agradecer-Lhe e reafirmarmos o compromisso de viver para Ele.
1º Bloco:
Louvor
Oração em línguas
Oração de libertação e renúncia
Entrega a Deus
Arrependimento
Batismo no Espírito Santo
2º Bloco:
Sagrada Escritura
Escuta de Deus pelos carismas da Palavra
3º Bloco:
Intercessão
Súplicas
Ação de Graças
Maria, vencedora das batalhas de Deus.