Intimidade com Deus

A importância do silêncio para a vida de oração

Uma vida de oração requer momentos profundos de silêncio

Hoje, conversaremos sobre a quietude interior. Vivemos em um mundo altamente agitado; acordamos de manhã com o movimento e o barulho em nossa casa e os sons externos da cidade anunciando que a movimentação de mais um dia começou.

1600x1200-A-importância-do-silêncio-para-a-vida-de-oraçãoFoto: Wesley Almeida/cancaonova

Estamos sempre agitados mesmo em silêncio

Vamos para o trabalho com os ouvidos sendo bombardeados por todo tipo de sons: alto-falantes, buzinas, motores dos veículos, pessoas falando alto, pessoas se comunicando nos celulares, etc. Toda essa movimentação sonora é causa de estresse para o nosso psiquismo, mas também para a nossa espiritualidade.

Temos necessidade de nos silenciar, embora, esta realidade esteja cada dia mais distante de nós, pois estamos imersos no barulho. Se até algum tempo atrás o barulho era sonoro, hoje, ele é psicológico. Mesmo quando não estamos ouvindo os sons externos, nossa mente se ocupa com outros afazeres e nossa consciência não consegue aquietar-se.

Em tempos de tecnologia, os computadores, tablets e celulares nos deixam silenciosos vocalmente, mas nossa mente está sempre inquieta e agitada. A todo momento temos a necessidade de verificar nosso perfil na rede social ou responder alguma mensagem pelo ‘WhatsApp’. Vivemos imersos em um silêncio tumultuado de agitações e afazeres que requerem de nós respostas instantâneas.

Silêncio? Cadê você?

Aos poucos, o silêncio foi perdendo a essência do não falar para ocupar outro lugar em nossa vida. Já não basta mais o som dos motores dos veículos cessarem, a buzina dos carros se calarem, o som ser desligado e nossa boca não pronunciar palavras; a mente encontra-se ocupada com outras linguagens que nos roubam o silêncio que perdeu a sua verdadeira natureza.

Uma vida de oração requer momentos profundos de silêncio, onde estejamos desligados de tudo o que nos rouba a quietude externa e interna para estarmos ligados e conectados com Deus.

O primeiro passo para a quietude interior é uma preparação prévia para o momento de oração, é nos desconectarmos de tudo aquilo que não é benéfico para o nosso recolhimento interior. Muitas vezes, teremos de travar uma verdadeira luta interior caso desejemos nos aprofundar nos caminhos da oração!

Não podemos nos comunicar verdadeiramente com outra pessoa se ela está falando conosco e estamos respondendo uma mensagem no celular ou atualizando nosso perfil na rede social. É evidente que, quando praticamos estes gestos que não são educados, estamos deixando claro para a outra pessoa que naquele momento o mais importante não é ela, mas sim o que estamos fazendo.

Afastar tudo o que nos afasta de Deus

Em nosso relacionamento com Deus precisamos estar plenamente presentes naquele momento, e para isso se faz necessário deixarmos de lado tudo o que possa atrapalhar nosso encontro.

Desligue seu computador ou seu tablet, silencie seu celular e coloque-os um pouco longe do seu alcance. Ouça uma música tranquila e calma para aquietar-se. Respire algumas vezes profundamente, retirando de seus pulmões todas as tensões que seu corpo foi acumulando ao longo do dia. Aos poucos, vá se pacificando. Acalme as emoções, os medos, as raivas; deixe-se inundar pela paz que brota do coração de Deus.

Se sentir vontade de verificar sua rede social ou suas mensagens instantâneas no celular, lembre-se que há um momento para cada coisa. Agora, você estará com Deus em oração, e essa ocasião merece toda a sua atenção e serenidade.


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.