A Igreja defende plenamente a liberdade religiosa, a liberdade de opinião e de consciência
O maior dom natural que Deus concedeu ao homem é a sua liberdade; nem Ele e nem o demônio a tiram de nós, disse Santa Catarina de Sena (†1380), doutora da Igreja, nos seus “Diálogos” com Deus. É assim, porque a liberdade é aquilo que mais nos faz “imagem e semelhança de Deus” (Gen 1,26) e nos diferencia dos outros seres criados, mais até do que a inteligência, vontade e memória.
Deus nos fez livres para nos realizarmos em nossa vocação, que é também um dom d’Ele. Discernindo livremente a nossa vocação e vivendo-a diligentemente, seremos felizes fazendo a vontade de Deus. Ele não nos quis como seres dirigidos por Ele automaticamente, como se fossemos um robô, um marionete ou um teleguiado, por controle remoto. Não! O Senhor nos quis livres, usando da inteligência e da vontade para “evitar o mal e fazer o bem”.
Portanto, em princípio, cada homem e cada mulher deve escolher o seu caminho nesta vida, a sua profissão e crença. E todos devem ser respeitados em suas escolhas, desde que não ofendam os outros nem queiram lhes impor uma fé ou uma ideologia pela força. A fé nunca deve ser imposta, mas “proposta”. E é isso que a Igreja propõe, seguindo o que nos ensina o Concílio Vaticano II na “Dignitates humanae”:
“Essa exigência de liberdade na sociedade humana visa soberanamente o que se refere aos bens da alma humana, sobretudo, como é natural aqueles bens que atingem o livre exercício da religião na sociedade” (n.1).
A Igreja defende plenamente a liberdade religiosa, a liberdade de opinião e a liberdade de consciência, desde que cada um respeite a dignidade do outro. Mas isso não impede que a Igreja cumpra o ordem que o Senhor Jesus lhe deu de ir a todos os povos e os evangelizar, batizando-os em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 20,19-20). A Igreja Católica tem o direito e o dever sagrado de evangelizar, de levar todos os povos à salvação trazida por Jesus a nós, ao preço de sua morte na cruz.
Laicismo
Infelizmente, há, hoje, muitas resistências ao trabalho de evangelização da Igreja, tanto no Oriente, onde milhões de católicos e cristãos são perseguidos por causa de sua fé, e muitos são martirizados; como também no Ocidente, onde um laicismo anticatólico quer impedir a Igreja de ensinar os valores do Evangelho de Cristo. Infelizmente, muitos querem total liberdade para impor as suas ideologias não cristãs, mas, por outro lado, querem calar a voz da Igreja, confundindo o que seja um estado laico com um estado laicista. O Estado é laico, não professa uma religião oficial, mas o povo tem o direito de viver a sua fé e a sua crença livremente.
A Conferência Episcopal da Bélgica, diante da agressão sofrida pelo arcebispo de Malines, Bruxelas, Mons. André-Joseph Léonard, vítima de um ato de intolerância religiosa, no dia 23 de abril, disse que “uma discussão democrática sobre questões da sociedade não é possível se não for permitido a todos expor as próprias ideias com respeito mútuo e liberdade de expressão”.
Nos Estados Unidos (27-06-2012, Gaudium Press), a conferência dos bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB) lançou a campanha “Duas Semanas pela Liberdade”, pela qual, por meio de mensagens de texto, os fiéis e pessoas de boa vontade poderão unir-se à luta da Igreja Católica pela liberdade religiosa no país, ameaçada pelas medidas opressivas do Governo de Barack Obama”.
A Verdade
A Igreja tem a obrigação de ensinar seus filhos as verdades ensinadas por Jesus Cristo, e isso não quer dizer que esteja violando a liberdade religiosa de quem não aceite essas verdades. São verdades que a Igreja ensina há dois mil anos, e que nunca mudaram e nunca vão mudar. Quem não as aceita deve ser respeitado e amado, devendo os cristãos apresentar-lhe, como disse São Pedro, “as razões da nossa esperança” (1 Pe 3,15).
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A Igreja não pode ser acusada de intolerância religiosa quando mostra a seus filhos aquilo que, nas outras religiões e crenças, não se coadune com a fé cristã, aquilo que São Paulo chamava de “falsas doutrinas” (1 Tm 4,1; 2 Tim 4,3s). O nosso Catecismo ensina que “a fé é necessária à salvação”. O próprio Senhor afirma: “Aquele que crer e for batizado será salvo; aquele que não crer será condenado” (Mc 16,16) (n.183).
Portanto, cada um deve ser respeitado em viver a sua fé e a expor com respeito, sem ofender as pessoas que não a aceitem. E nada impor pela violência ou pela lavagem cerebral.