Saiba quais são os traumas de um abuso sexual na vida dos homens
Os traumas de um abuso sexual são intensos tanto para as mulheres quanto para os homens, porém, de acordo com pesquisas realizadas na Universidade da Colúmbia Britânica, as vítimas de abuso sexual masculino têm mais dificuldade em lidar com os traumas e suas consequências.
A vida de pessoas vítimas de violência sexual é afligida pela vergonha e pelo martírio das cicatrizes. Infelizmente, muitas vezes, isso as induz a um quadro de isolamento, protegendo o abusador com o seu silêncio, mesmo que involuntariamente. Porém, para os homens, isso tem uma peculiaridade, pois esse tipo de violência vai de encontro a seu senso de masculinidade, inibindo-os em meio aos preconceitos que temem sofrer. Esse é o principal fator pelo qual eles têm dificuldade em denunciar o criminoso, e essa realidade é tão grave, que dificulta a existência de estatísticas a esse respeito.
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A psicóloga Renata Ribeiro aponta 10 traumas comuns na vida das vítimas:
- A sensação de injustiça e impunidade pode produzir uma falsa sensação de direito de vingança. Isso pode transformar o abusado em abusador, pois o pensamento pode ser, tal como citado pela psicóloga, de que “não existe razão para se lembrar de princípios, compaixão e amor, pois não tiveram com ele”;
- O trauma pode afetar a própria masculinidade do indivíduo, tornando-o inseguro sobre sua identidade e gênero;
- Além de serem acometidos pela dor e pela vergonha, os jovens tendem a ser tomados por um sentimento de raiva;
- Pensamento suicida;
- Depressão;
- Problemas de saúde mental;
- Autoculpa;
- Autoestima baixa;
- Dificuldades com relacionamentos e intimidade;
- Dificuldades relacionadas à sexualidade.
Superando os traumas
“O primeiro passo para superar os traumas é a pessoa querer ser ajudada. Isso, no entanto, depende da idade dessa pessoa, porque, muitas vezes, a criança não tem essa noção. Depois, buscar ajuda com pessoas próximas e confiantes”, orienta Renata Ribeiro.
Rafael Godoy é um caso de abuso sexual. Ele foi abusado, aos sete anos de idade, por seu vizinho, enquanto se preparava para participar da festa de Corpus Christi. Após o estupro, o menino foi sendo convencido de que era sedutor e com tendência a homossexualidade. Ele foi para as ruas, prostituiu-se e entrou para o tráfico de pessoas. Mas, em uma determinada noite, ele teve um encontro que mudou radicalmente sua vida.
Onde é que Deus estava quando ele foi abusado? Padre Anderson Marçal responde: “Eu tenho a convicção de que ele, ao se preparar para o Corpus Christi, Deus estava justamente ali. Então, muito mais do que ser abusado, o próprio Corpo de Cristo estava sendo abusado, porque Deus estava escondido nele. O Senhor não o abandonou naquele momento. O fato dele estar se preparando para participar da festa de Corpus Christi não significa que Deus vai impedir que as pessoas façam mal a ele; não é comércio. O Senhor não age simplesmente, porque alguém está fazendo alguma coisa por Ele, pois nisso entra a liberdade humana. Então, se ele estava se preparando para o Corpus Christi, muito mais do que este que foi abusado, o Corpo de Cristo foi abusado nele.”
Acredite, é possível superar os traumas e tornar-se protagonista de uma nova história, porque “para Deus nada é impossível” ( Lucas 1,37).