Vocação

O chamado vocacional transcende as fronteiras do país

O canal de formação do Portal Canção Nova escolheu alguns missionários da Comunidade Canção Nova para testemunhar o despertar de cada um deles para o chamado vocacional.

Hoje, a comunidade tem cerca 1393 missionários. Além de brasileiros, a Canção Nova também desperta vocações em outro países, como é o caso da missionária Angela Maria Cabel Garcia, de 35 anos, natural da cidade de Lima, no Peru. A jovem faz parte da comunidade há dez anos.

Para Angela, seu processo de discernimento vocacional para Canção Nova surgiu por meio das canções e pregações do fundador da comunidade, monsenhor Jonas Abib. Após essa decisão de deixar seu país e seu convívio diário com a família e os amigos, Angela afirma que está realizada na missão de propagar a Palavra Deus às pessoas.

“Estou no meu décimo ano de comunidade. Com certeza, é um privilégio investir a minha vida na missão de evangelizar! Fazer parte dessa obra, dessa companhia de pesca que salva almas, não tem preço!”, disse Angela.

O chamado vocacional transcende as fronteiras do país                                  Foto Ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Conheça o testemunho de chamado vocacional da peruana e missionária da Comunidade Canção Nova, Angela Cabel

cancaonova.com: Como conheceu a Comunidade Canção Nova no Peru?

Angela Cabel: Eu já era bem comprometida no ministério de jovens da Renovação Carismática Católica (RCC) do Peru, e sempre senti que Deus tinha algo a mais para mim, uma escolha. Como lá não há comunidades de vida e não conseguia me ver como religiosa, não sabia como dar passos concretos. Em fevereiro de 2010, foi um missionário da Renovação Carismática Católica do Brasil para pregar um encontro em Lima, e nós nos tornamos muito amigos. Ele me convidou para participar do encontro “Jesus no Litoral” em dezembro daquele ano. Com a intenção de ter um primeiro contato com a cultura do Brasil, procurei, na internet, músicas católicas em português; e apareceu-me a música ‘Um consagrado para amar’.

Sem saber português, essa música tocou profundamente meu coração; então, comecei a rezar. Lembro que falei para Deus: “Entrego este ano para Ti, o que o Senhor quiser. Abandono-me. Renova a minha vocação, seja ela qual for, o casamento, o mosteiro…”.

A minha curiosidade pela música me levou a conhecer a cantora, a comunidade da qual ela fazia parte e a ouvir muitas pregações do monsenhor Jonas.

Um tempo depois, uma missionária da comunidade viajou para Lima, para visitar uns amigos. Estes eram amigos do padre que era meu diretor espiritual e acompanhava meu processo de discernimento, e assim foi acontecendo. Fui conhecer a Canção Nova em dezembro de 2010; em fevereiro de 2011, iniciei meu caminho vocacional.

cancaonova.com: Como era sua vida familiar, profissional e com amigos, lá no Peru, antes de sentir o desejo de tornar-se missionária na Comunidade Canção Nova?

Angela Cabel: Eu tinha 24 anos quando conheci a Canção Nova. Minha vida era estável, já fazia quatro anos que estava trabalhando numa empresa muito boa e que me garantia um bom futuro profissional. E meus amigos foram um treinamento para o que hoje vivo em comunidade, porque realmente éramos muito próximos, muito irmãos.

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cancaonova.com: Como sua família reagiu a este desejo vocacional, pois você teria que se mudar para outro país e sua vida tomaria um outro rumo?

Angela Cabel: Minha família foi o processo mais difícil, já que meus pais não são casados e, em casa, morávamos só eu, minha mãe e minha irmã. No mesmo ano em que tomei essa decisão de ser missionária, minha irmã ganhou uma bolsa de estudos para morar nos Estados Unidos. Com isso, minha mãe ficaria sozinha até a bolsa de minha irmã acabar.

Meu maior medo era a reação da minha irmã, mas Deus me surpreendeu. Quando conversamos, ela ficou quieta, não disse nada, mas duas semanas depois, ela me chamou e explicou que não sabia o que falar, porque não conhecia a Canção Nova. Nessas duas semanas, no entanto, ela havia pesquisado sobre a comunidade. Foi um momento muito forte, porque, pela primeira vez, ela abriu o coração para falar o quanto se preocupava comigo e como ia ser doloroso, mas que, se era para viver uma experiência nova e que nenhuma bolsa de estudos poderia me proporcionar, que eu podia ir. Assim, começou um processo de reconciliação das nossas histórias.

Para minha mãe não foi mais fácil, pois eu projetei minha vida inteira entorno dela. Queria trabalhar para retribuir todo o sacrifício que ela fez para nos levar para frente, e eu não conseguia compreender como Deus me chamava diante de uma situação assim, porém, não tinha dúvida do chamado.

Hoje ainda é difícil, principalmente porque elas não participam da Igreja, mas continuo rezando e querendo fazer a vontade de Deus, mesmo que, muitas vezes, não a entenda.

cancaonova.com: Como aconteceu o seu chamado? E como foi deixar tudo para trás?

Angela Cabel: Sabe quando você tem tudo e sente que está faltando alguma coisa? É algo muito pessoal e muito profundo, como uma intuição que grita no interior; na verdade, é Deus que mora em nós e grita. Essa voz não vai embora até você correr atrás e achar respostas.

Com o tempo, fui entendendo que as coisas não ficam para trás, continuo amando muito a minha família, os meus amigos, a minha nação, e sinto saudade. Mas foi necessário deixá-los nas mãos de Deus, que são melhores que as minhas, para cuidar de tão belo tesouro. É um passo de , dói, porém precisa ser renovado a cada dia.

cancaonova.com: Após tornar-se uma missionária da Canção Nova, como foi adaptar-se à cultura do Brasil?

Angela Cabel: Fui percebendo as diferenças com o passar do tempo. No começo, o que mais senti, por causa do tempo de formação inicial, foi a espiritualidade, a forma de rezar. Mesmo sendo carismática, aqui é tudo muito mais fervoroso. Morei com 32 pessoas de diferentes lugares do Brasil. Depois, a comunicação (língua) foi um processo difícil. Foi difícil conseguir traduzir os sentimentos, e falar de mim foi um processo muito difícil.

Muita coisa é diferente, como a cultura, o clima, a forma de me relacionar, brincar, e a importância de algumas coisas, que antes para mim não eram importantes. Sempre é uma descoberta, uma riqueza.

Por Alessandra Borges
       Rebeca Astuti

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