Um jovem PHN que teve sua vida transformada por meio da oração dos pais
Meu primeiro contato com as drogas foi aos 16 anos; aos 18, tive uma overdose com quatro gramas de cocaína, e posso dizer que ela era o grande amor da minha vida! Isso aconteceu na porta da minha casa, e só assim meus pais ficaram sabendo o que estava acontecendo. Meu pai ficou sabendo de tudo pela boca do médico, e não pôde acreditar, porque dizia não ter criado um filho para esse tipo de coisa. Ele, então, olhou para mim e disse:”Filho, onde foi que eu errei?”
Isso não pode voltar a acontecer! Senão, você não entra mais em casa. Eu fiquei 11 meses sem usar drogas, mas, aos 19 anos, as coisas ficaram mais graves, e eu entrei para o mundo do crime. Eu usava o carro para fazer assaltos em caixas eletrônicos, sem que meu pai soubesse, pois o que me importava eram as drogas, as mulheres, a bagunça e nada mais. Então, o inevitável aconteceu: fui preso pela primeira vez; lá, apanhei muito e fui torturado.
Saindo do fundo do poço
O fundo do poço foi quando as drogas atingiram minha sexualidade, e eu fui ficando cada vez mais violento. Tentei matar minha mãe e minha namorada três vezes, porque elas eram as únicas que vinham me falar de Deus – para um dependente, ouvir falar de Deus é muito difícil! Em maio de 1998, meu pai resolveu comprar um carro para mim, mas eu mesmo tive de pagá-lo, pois estava trabalhando. A partir dali, começou minha recuperação, porque ele me disse que, se eu não pagasse o carro, ele o tomaria de mim. No mês seguinte, cheguei em casa sem carro, sem dinheiro e drogado. Vi meu pai sentado, de cabeça baixa, chorando. Foi, então, que eu lhe pedi ajuda, porque eu queria sair daquela vida. Ele me disse que, se era ajuda que eu queria, ajuda eu teria.
Meu pai e meu irmão não desistiram de mim, para que eu conseguisse me libertar das drogas
Uma assistente foi a minha casa e perguntou se eu queria viver ou morrer. Eu escolhi viver. Ela me falou do Gabata (Comunidade Terapêutica para Recuperação de Dependentes Químicos e Orientação Familiar). A princípio, eu não queria me internar, e aceitei o tratamento sem internação. Disseram-me, então, que, se eu conseguisse ficar sem as drogas, tudo bem! Se não, na minha primeira queda, eles me internariam. Mais uma vez, eu cai, e me vi num carro parado, com um homem dizendo:
“Se você quer morrer, atire na sua cabeça e pronto! Caso contrário, há quatro pessoas que o amam e o esperam em casa.” Eu estava tão drogado, que não reconheci meu pai, que estava falando comigo. Então, fui internado. O que eles faziam lá era rezar, e eu achava que isso não adiantaria nada. Resolvi ir embora. Mas um cara me disse que eu estava indo, porque era um safado. Eu tinha uma família, pessoas que me amavam! Era simples: só teria de aceitar o tratamento e continuar a viver. Perguntei quem era ele. Disse-me: “Sou Marcos Aurélio, um usuário de drogas, sem ninguém, e portador do HIV. Tenho a maior vontade de viver!”.
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Eu quis saber por que ele tinha essa vontade de viver e eu não. Ele me disse: “Porque eu tenho Jesus”.
Resolvi, então, fazer minha primeira oração, dizendo a Deus que, se Ele existisse, que me ajudasse a sair daquela vida. Já havia passado 40 dias, e eu sem drogas. Logo depois, estavam lá meu pai e meu irmão, pedindo e rezando por mim, para que eu voltasse logo para casa. Três meses depois da minha internação, o Marcos me disse: “Por você e por causa de qualquer um que aqui está, eu dou minha vida”.
Meu amigo morreu pra salvar
Após 40 minutos, vieram me dizer que ele havia morrido. Não acreditei. Fui ver o que havia acontecido. Marcos entrou na água para salvar dois dos meninos que estavam se afogando. Ele os tirou da água, mas não conseguiu sair. Eu passei três dias rezando e pensando que logo o encontrariam. Encontraram o corpo do Marcos, e sua mãe disse: “Meu filho não morreu. Ele foi para Deus salvando vidas! Melhor assim do que assassinado”.
Posso dizer, por mim, morreu Jesus e o Marcos Aurélio. É difícil ficar sem as drogas, mas, agora, não dá mais para voltar. Meu pai disse que não se importava com faculdade, esse tipo de coisa, mas, depois de quatro anos internado e sem drogas, consegui passar no vestibular. Meu pai disse que sempre acreditou em mim.
Foi com muita oração, e porque minha mãe, meu pai e meu irmão não desistiram de mim, para que eu conseguisse me libertar das drogas. O que desejo a cada um é muita paz e muito amor no coração.
Willian Wagner
Testemunho enviado para o portal@cancaonova.com em 2003