Meu nome é Paulo, tenho 47 anos, sou casado com a Luana e pai de dois filhos: Lucas de 19 anos, e Mateus, recém-nascido. Sou o filho caçula de oito filhos, de uma família católica que sempre me direcionou para os caminhos da Igreja.
Com 10 anos de idade, comecei a me destacar jogando futebol e participando de vários campeonatos em São Caetano do Sul, que me levaram a fazer testes em clubes maiores. Consegui passar no Palmeiras, e ali comecei a acreditar que realizaria meu sonho de ser jogador de futebol profissional.
Porém, com 14 anos, passei em um vestibular para o Senai de uma empresa multinacional. Minha família, tendo a certeza de que era o melhor para mim, e acredito também que tenha sido mesmo, fez com que eu entrasse nessa empresa para ingressar com meus estudos profissionalizantes; assim, meu sonho de ser jogador de futebol profissional se acabava.
Presa fácil
Juntando essa frustração com o falecimento do meu pai na mesma época, eu me tornei uma presa fácil para aceitar todos os prazeres que o mundo nos oferecia. Comecei aos 15 anos com o álcool; logo, experimentei a maconha e, com 16 anos, já estava viciado em cocaína.
Costumo dizer que nosso inimigo é igual uma fera, que, ao ver sua presa fragilizada, ataca com mais força ainda. Infelizmente, é isso que acontece com milhares de pessoas que, em um momento de fragilidade na vida, encontram acolhida em coisas que destruirão sua vida e os planos que Deus tem para ela.
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12,2)
Meus amigos do bairro também passaram pelas mesmas experiências e vícios. Muitos ingressaram no mundo do tráfico e na criminalidade. Pela graça de Deus e a intercessão da minha família, eu não adentrei nesta realidade, porém convivia com eles e, muitas vezes, presenciei atos criminosos, apenas por estar com os meus amigos de infância. Infelizmente, cheguei a presenciar muito tráfico, assassinatos e roubos, sem minha participação direta, porém estava bem próximo.
Muitas vezes, eu me via chorando sozinho em meu quarto, por não conseguir cumprir com minhas funções e compromissos de pai por causa do meu vício.
Vivendo pelos prazeres
Até que um dia isso se virou contra mim. Arrumei uma briga feia com um deles, que tentou me matar. Devido a essa briga, tive que sair da minha cidade e tentar mudar de ambiente, já que aquele me proporcionava risco de vida a todo tempo.
Nessa mesma época, eu estava com 28 anos, minha namorada ficou grávida do Lucas. Resolvemos nos casar para tentar uma vida diferente da que eu estava vivendo até então. Nós nos casamos em 2002 e, com o nascimento do Lucas, consegui dar uma acalmada na minha vida, porém o vício da bebida e das drogas permaneceram.
Com 10 anos de casados, resolvemos nos separar, pois as brigas eram cada vez mais constantes dentro de nossa casa.
Estava prestes a entrar na pior fase da minha vida. Com 38 anos, por já ser pai e um adulto cheio de experiências, achava que conseguiria viver sozinho e controlar todos os meus vícios. Pura ilusão que o inimigo colocou em minha cabeça, que conseguiria viver só com os prazeres que a vida proporciona, como bebidas, sexo, drogas etc.
Sozinho, comecei a me afundar mais ainda no meu vício, e com isso fui perdendo meus empregos, minha moradia e o pior de tudo, perdendo meu nome e minha dignidade. Tive que voltar para casa da minha mãe, onde passava dias trancado no quarto, e só saia quando tinha dinheiro para as drogas. Uma vida muito triste.
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O sofrimento
Meu filho Lucas, que morava com sua avó materna, já estava com 12 anos e entendia algumas coisas, como o tipo de lugares que eu frequentava, os amigos que andava e tudo mais. Muitas vezes, eu me via chorando sozinho em meu quarto, por não conseguir cumprir com minhas funções e compromissos de pai, por causa do meu vício.
Isso me levou a um quadro depressivo, e eu achava que já era o fim e que minha vida não tinha mais jeito. Por vezes, cheguei a usar drogas chorando, pois não queria mais estar naquela situação, mas o vício era mais forte e me escravizava cada dia mais.
Até que minha sobrinha me chamou para fazer um retiro de carnaval, o Maranatha com os Jovens Sarados, grupo que ela já vinha frequentando há um tempo. Todos viram a forma com que Deus estava agindo na vida dela através deste grupo.
A princípio, neguei o convite. O que um cara de 40 anos, totalmente viciado, iria fazer num lugar que se chamava Jovens Sarados?! Sem vontade e por pressão da minha própria vida, que não tinha mais nada a me oferecer, acabei aceitando ir.
Um novo tempo, uma nova história
Tive meu encontro com Deus nesse retiro, onde Ele me ofereceu um caminho novo a ser seguido, a reconstrução de uma história que só seria possível através da Sua Graça. Seria muito difícil para mim, porque eu não acreditava, achava que não daria mais tempo de recuperar nada, pois já estava com 40 anos de vida e 25 de drogadição. Mas me falaram e repito para você: “Para Deus, nada é impossível. Tudo o que o mundo lhe tirou, Ele lhe dará em dobro.”
Isso foi no carnaval de 2016. Saí daquele retiro com a meta de viver um dia de cada vez, sempre debaixo de Sua graça e na obediência às coisas da Igreja e da missão Jovens Sarados.
“Eis que faço nova todas as coisas”
Conheci a Luana, minha esposa, nos Jovens Sarados; juntos, levamos a missão para a nossa cidade, onde Deus nos aproximou cada vez mais, tanto um do outro quanto d’Ele mesmo. Fui atrás do processo de nulidade matrimonial para poder me casar, pois entendi que minha vocação realmente era o matrimônio e que, através dela, conseguiria cumprir a vontade de Deus que é boa, perfeita e agradável.
Casamo-nos dia 19 de março de 2022 (dia de São José), e tivemos a graça de ser o padre Edimilson, Fundador dos Jovens Sarados, a celebrar o nosso casamento. Um momento de grande júbilo e alegria em minha história. Nosso filho Mateus nasceu dia 23 de janeiro de 2023. Meu primeiro filho, o Lucas, mora conosco atualmente, cumprindo a profecia de que Deus me daria tudo de volta e em dobro.
5 pedrinhas e 7 tesouros
Com a graça de Deus, estou limpo há sete anos e não precisei de internação. Fui salvo dos vícios por Deus através da vivência das 5 pedrinhas e dos 7 tesouros, que são o estilo de vida Jovens Sarados. Lutar pela salvação das almas jovens foi e é meu combustível para continuar vivendo um dia de cada vez na minha caminhada terrena.
“Nós existiremos enquanto houver em nós essa loucura pela salvação das almas jovens.”
Padre Edimilson Lopes, muito obrigado! Que Deus abençoe a sua vida!
Tio Paulo – Jovens Sarados