Ao final desta série de artigos sobre dicas e materiais para os catequistas, cabe a nós uma pergunta: como deve ser uma boa catequese? Sabemos que devemos transmitir os ensinamentos de Jesus Cristo, apresentar a Doutrina da Igreja, falar sobre os nossos testemunhos, indicar os exemplos dos santos, explicar os sacramentos, guiar e orientar a vida cotidiana segundo os preceitos cristãos e muito mais. Soa como uma tarefa árdua, e é mesmo. Nós, catequistas, estamos preparados? Não sei ao certo, mas é preciso sempre estar em preparação. Devemos sempre reler e refletir sobre as Sagradas Escrituras, estar atentos às homilias, participar de cursos, ler artigos de fontes confiáveis, acompanhar os documentos oficiais da Igreja, os pronunciamentos do Papa entre outras formas de adquirir conhecimento.
O Papa Francisco, em uma homilia sobre a passagem dos discípulos de Emaús, traz esse exemplo de uma catequese muito boa: “Uma antiga regra de peregrinação diz que o verdadeiro peregrino deve ir ao ritmo da pessoa mais lenta. E Jesus é capaz disso, Ele faz isso, não acelera, espera darmos o primeiro passo. E quando chega o momento, faz-nos a pergunta. Neste caso, é claro: «De que estais a falar?». Faz-se de ignorante para nos impelir a falar. Gosta que falemos. Gosta de ouvir, gosta que falemos, ouçamos e respondamos, faz-nos falar. Como se fosse ignorante, mas com muito respeito. E depois responde, explica até o ponto necessário. «Aqui diz: ‘Porventura não convinha que Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?’ E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras». Explica, esclarece. Confesso que tenho a curiosidade de saber como Jesus explicou para fazer o mesmo. Foi uma catequese muito boa!”
E aí como proporcionar uma boa catequese?
Eis o primeiro ponto: esclarecer, explicar e apontar o caminho. O Catecismo da Igreja Católica diz: “Na catequese, importa revelar com toda a clareza a alegria e as exigências do caminho de Cristo. A catequese da «vida nova» n’Ele (Rm 6,4) deve ser uma catequese do Espírito Santo, mestre interior da vida segundo Cristo, doce hóspede e amigo que inspira, guia, retifica e fortalece essa vida; uma catequese da graça, pois é pela graça que somos salvos e é também pela graça que as nossas obras podem ser frutuosas para a vida eterna; uma catequese das bem-aventuranças, porque o caminho de Cristo se resume nelas, e é o único caminho da felicidade eterna a que o coração do homem aspira; uma catequese do pecado e do perdão, porque, sem se reconhecer pecador, o homem não pode conhecer a verdade sobre si mesmo, condição dum procedimento justo: e sem a oferta do perdão não seria capaz de suportar aquela verdade; uma catequese das virtudes humanas, que faz apreender a beleza e o atrativo das retas disposições para o bem; uma catequese das virtudes cristãs da fé, esperança e caridade, que se inspira abundantemente no exemplo dos santos; uma catequese do duplo mandamento da caridade exposto no decálogo; uma catequese eclesial, porque é nas múltiplas permutas dos «bens espirituais», na «comunhão dos santos», que a vida cristã pode crescer, desenvolver-se e comunicar-se”.
O Papa João Paulo II nos fala de uma catequese que deve ser: “um ensino sistemático; não algo improvisado, mas que siga um programa que lhe permita alcançar um fim determinado; um ensino que se concentre no essencial, sem ter a pretensão de tratar todas as questões disputadas, e sem se transformar em investigação teológica ou em exegese científica; um ensino suficientemente completo, todavia, para que não se contente com ser apenas primeiro anúncio do mistério cristão, como aquele que podemos ter no «kerigma»; uma iniciação cristã integral, aberta a todas as outras componentes da vida cristã. Sem esquecer o interesse de que se revestem múltiplas ocasiões de catequese que se deparam na vida pessoal, familiar e social ou eclesial, que é preciso saber aproveitar e sobre as quais voltarei a falar no capítulo IV, insisto na necessidade de um ensino cristão orgânico e sistemático, porque, em diversas partes, nota-se a tendência para minimizar a sua importância”.
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Os catequistas precisam estudar sobre a Igreja
Em todos os meus artigos, palestras e encontros, procuro trazer as fontes nas quais adquiri aquele conhecimento. Também pelo costume que minha profissão traz consigo, mas, principalmente, porque quem me escuta pode se aprofundar ainda mais, o que eu sei é muito pouco comparado com o há para se saber. Então, catequista, é preciso um eterno descontentamento com o saber. É necessária uma consciência de que ainda há muito para estudar e aprender. Este artigo em especial é formado, basicamente, por citações. Não me vejo à altura de definir o que é uma boa catequese, mas tendo o conhecimento do que já nos ensinou o Papa Francisco, o Papa João Paulo II e o Catecismo da Igreja Católica, surge o meu dever de transmitir.
Espero que essa série de artigos tenha sido útil e inspirado alguns catequistas a buscar sempre o aperfeiçoamento no cumprimento da nossa missão de evangelizar. Rezo sempre para que os encontros sejam guiados por pessoas dispostas a transmitir, acima de tudo, uma mensagem de amor, com fé e exemplo, como Cristo nos ensinou. Que assim seja e bons encontros!
REFERÊNCIAS:
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. In textos fundamentais. Arquivo do Vaticano.
FRANCISCO. Homilia. Vaticano, 26 abr. 2020.
JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Catechesi Tradendae. Roma, 16 out. 1979.