Alguns pensam que ter amizades pela Internet não pode afetar ou destruir um matrimônio. Será que essa realidade é tão inofensiva?
Nos primeiros anos da Internet em nosso país, um amigo íntimo, com o qual eu me comunicava periodicamente, comentou que havia começado a utilizar a Internet e que havia descoberto muitas coisas, dentre as quais a entrar em alguns fóruns e, principalmente, em chats. Dissera-me, também, que começou a relacionar-se com outras mulheres, sendo que algumas se tornaram bastante íntimas, porém, inofensivas.
Recordo-me de que, naquela ocasião, fiz uma pergunta a ele: “Você gosta de sua esposa?”. “Claro que sim!”, ele respondeu. “Pois, neste caso, deixe de se comunicar em chats”, eu lhe recomendei. “Ah! Isso não tem problema nenhum”, ele retrucou.
A internet está impactando os seus relacionamentos?
Assim, segui perguntando: “O que você acha de sua mulher começar a flertar com o vizinho pela janela do quarto de vocês?”. “Não quero nem pensar nisso”, respondeu. Continuamos conversando: “O que aconteceria se as suas conversas cibernéticas ocorressem pessoalmente com a sua colega de escritório?” (naquele tempo, trabalhava em uma entidade bancária, em um pequeno escritório, no qual trabalhavam só os dois). “Não é o mesmo”, respondeu. Recomendei-lhe que se realmente amasse sua mulher e não quisesse que sua família fosse exposta à destruição, o mais prudente seria que deixasse o chat.
Depois de um tempo, voltamos a nos falar e perguntei a ele: “E aí, você está conectado à Internet?”. A resposta veio de imediato: “Não! Você tinha razão. Tive de parar, pois uma mulher pediu meu telefone, telefonando-me em casa e no escritório. Nunca mais! Você tinha razão, graças por ter me alertado, serviu para eu rompesse a tempo. Além disso, eu conheço outros amigos que não romperam a tempo, o que resultou em separação”.
Isso já faz muitos anos. Naquela época, tratava-se de um caso isolado, porém, hoje em dia, é uma moda estendida amplamente. Não faz muito tempo, pudemos ler a seguinte manchete: A infidelidade pela Internet se converte em um novo motivo de separação. Trata-se de casos reais, de pessoas que começam a envolver-se de maneira íntima com suas amizades on-line. Em alguns países, essa prática tem se convertido na principal causa de divórcio.
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A rapidez das amizades virtuais
As estatísticas indicam que são muitas as pessoas que se conectam diariamente aos fóruns, chats e redes sociais. Essas pessoas, em muito pouco tempo, conseguem enormes listas de amigos, com os quais, quase diariamente, escrevem mensagens via e-mail e, em alguns casos, chegam inclusive a comunicar-se pelo celular.
O processo é muito rápido, em menos de três meses qualquer um pode conseguir vários amigos com os quais trocará mensagens diariamente. O problema surge quando essa pessoa começa a envolver-se com um de seus amigos on-line: “Eu ficava até mais tarde no trabalho para conversar com ele. Ele dizia-me coisas maravilhosas. Depois me telefonava e era incrível como ele me fazia sentir”, essa é a explicação de uma jovem executiva que, atualmente, após separar-se de seu marido, vive com seu “amigo on-line”.
O perfil dessas pessoas não é em nada homogêneo, pois entre os aficionados nas conversas on-line, a faixa etária mais frequente é dos 25 aos 45 anos. No entanto, há muitos casos de idades mais avançadas, e em relação às profissões, é mais comum encontrar-se pessoas de boa posição ou com certo nível cultural. Tampouco é o fator limitante: a praga parece que está se estendendo a todos os setores.
A segurança do anonimato
Os diferentes estudos realizados por instituições sociológicas manifestam que o anonimato inicial traz consigo uma grande dose de segurança. A relação se inicia em total anonimato, já que o caso amoroso/cibernético, ao contrário do adultério físico, passa totalmente inadvertido. Outro dos elementos que são expostos nos estudos realizados é a clara relação entre as relações românticas ou sexuais on-line e o divórcio.
Como no caso de meu amigo, muitos têm o perigo em casa, mesmo que, em certos casos, o problema não seja a Internet, mas sim a falta de desejo ou a timidez. É lógico que certas atitudes que algumas pessoas jamais cometeriam a luz do dia, podem ser levadas a cabo facilmente se estiverem escondidas no anonimato da rede. Por isso, penso que tais atitudes não são mais sinceras e que sua reiteração, inicialmente inocente, ajuda a perder o medo e a chegar tão longe onde alguém jamais quis fazê-lo.
Equipe de Colunistas Formação Canção Nova