santa mãe

Ave Maria, estrela da evangelização

Rezemos! À vossa proteção recorremos, santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita! “Ave Maria, cheia de graça”! Assim o povo de Belém, de toda a Amazônia e de outras partes do Brasil, celebra o Círio de Nazaré de 2020, um Círio diferente, mas sempre Círio! Permitimo-nos olhar a nossa vida cristã à luz da Virgem Maria, acolhendo o desafio de uma vida distante do pecado e do egoísmo, para edificar juntos a Igreja, aquela que desce do alto, como esposa preparada para o seu esposo, e é porta aberta para acolher a todos! Entretanto, é o Brasil inteiro que olha por meio do coração, da intercessão e do exemplo da Virgem Maria, que aclamamos Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida, a Senhora Aparecida. Acorrem multidões ao Santuário Nacional de Aparecida, carregando nossos sonhos e esperanças!

Aprender Cristo por meio de Maria

E o mês do Rosário (Cf. São João Paulo II, Rosarium Virginis Mariae 1 e 14), oferece um jeito simples para contemplar o Cristo com o coração de Maria. Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica. Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor.

Ave Maria, estrela da evangelização

Foto ilustrativa: Arquivo CN/cancaonova.com

Mediante o Rosário, a pessoa de fé alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor. Com o Rosário, somos convidados a aprender Cristo de Maria. Cristo é o Mestre por excelência, o revelador e a revelação. Não se trata somente de aprender as coisas que ele ensinou, mas de “aprender Cristo”. Nisto, qual mestra mais experimentada do que Maria? Se do lado de Deus é o Espírito, o Mestre interior, que nos conduz à verdade plena de Cristo, dentre os seres humanos, ninguém melhor do que Ela conhece Cristo, ninguém como a Mãe pode introduzir-nos no profundo conhecimento do seu mistério. Percorrer com Ela as cenas do Rosário é frequentar a “escola” de Maria para ler Cristo, penetrar nos seus segredos, compreender a sua mensagem. Diante de cada mistério do Filho, Ela nos convida, como na sua Anunciação, a colocar humildemente as perguntas que abrem à luz, para concluir sempre com a obediência da fé: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).

Três olhares, uma mesma Mãe, Aparecida, de Nazaré, do Rosário ou tantos títulos a ela atribuídos pela devoção de nosso povo. Isso faz com que o mês de outubro seja mariano para todos nós. Mais ainda, a Virgem Maria é a “Estrela da Evangelização”, e nos lança ao desafio missionário, para que cada pessoa descubra seu lugar na Igreja e sua missão! O mês missionário nos desafia assim: “A vida é missão! Eis-me aqui, envia-me” (Is 6, 8). É ocasião para colocar em relevo o trabalho missionário realizado em prol do anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo, apoiando de todas as formas, com a oração e o sustento material, quem está nas frentes de trabalho pelo Reino de Deus e crescimento da Igreja, também em nosso nome.

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Devoção a Virgem de Nazaré

O Círio de Nazaré, um dos maiores eventos religiosos do Mundo, é um acontecimento nascido no coração da Igreja Católica e se transformou em um dos mais significativos instrumentos de missão, evangelização e apostolado em nossa Amazônia, sob o manto da Virgem de Nazaré, estendendo seus braços a toda a cultura paraense e brasileira. Tornou-se um santo orgulho para nosso povo, tanto que, por onde quer que se vá, sabendo que se trata de alguém de Belém do Pará, brota sempre a pergunta sobre o Círio, seus ícones, a multidão, as procissões e a participação dos vários setores da sociedade.

A cidade de Belém nasceu no Forte do Presépio, diante do qual se ergueu, anos depois, a Catedral da Sé, cujo título patronal é Nossa Senhora da Graça. Belém e a Arquidiocese têm como padroeira Santa Maria de Belém. O Estado do Pará e a Amazônia têm como rainha e padroeira Nossa Senhora de Nazaré. E nossa tradição fixou o segundo domingo de outubro como o dia do Círio de Nazaré, precedido por uma sucessão de peregrinações, que envolvem famílias, instituições da sociedade e as Comunidades Eclesiais. A Igreja leva a todas essas instâncias a força da Palavra de Deus, sabendo que Nossa Senhora foi totalmente revestida dessa mesma Palavra, chamada ela mesma de Estrela da Evangelização!

Maria de Nazaré chega e abre as portas para que as pessoas se encontrem com Jesus Cristo, seu Filho amado. Nunca as pessoas ficam paradas em Nossa Senhora, mas passam imediatamente àquele que é Caminho, Verdade e Vida. O Círio é uma expressão de Igreja, evangeliza com a Igreja, faz a Igreja crescer e suscita o crescimento do Reino de Deus entre nós. Entramos nos próximos dias numa estação especial de nossa vida de Igreja. Cabe-nos oferecer a nossas cidades e, ao nosso povo, um espetáculo diferente, nossa vida de fé, nossa união e a edificação de um Círio diferente, com a fé que não conhece distâncias.

Nos dias do Círio, mesmo que as normas sanitárias emanadas pelas autoridades não nos permitam fazer as desejadas procissões, queremos tecer um Rosário de orações e de corações, composto pela corda presente em todas as Paróquias e Áreas Missionárias da Arquidiocese, quando Imagens de Nossa Senhora de Nazaré serão em todas elas entronizadas, circundadas pela parte do ícone da corda do Círio, símbolo tão tradicional quanto querido por nós. Em seguida, durante duas semanas completas o Círio será feito de celebrações eucarísticas na Basílica de Nazaré, com pregações de Bispos chegados de várias partes do Brasil, orações, Sacramento da Penitência, cumprimento de promessas. É o tempo da colheita do Círio, com graças abundantes para todos nós. Este Círio é nossa responsabilidade. Todos poderemos construí-lo! E queremos fazer isso com toda dedicação!

Rezemos!

“Senhor nosso Pai, estamos unidos em nome de Jesus, vosso Filho, conduzidos pelo Espírito Santo de Amor. Nós vos agradecemos pelo dom da Fé cristã que nos reúne e pela Igreja, que nos conduz pelos caminhos da vida feliz, nesta terra e para a eternidade! Pai eterno, vós nos destes de presente a Virgem de Nazaré, Mãe de Jesus Cristo, Mãe da Igreja e nossa Mãe. Unidos a Maria, pedimos com confiança: envolvei-nos com laços de amizade e cordas de amor, trazei-nos para perto de vós, de Jesus Cristo e do Espírito Santo! Acendei, ó Pai, em nossos corações, o Círio da Fé, da Esperança e da Caridade. Que o povo de Nossa Senhora de Nazaré, Rainha e Padroeira da Amazônia, seja testemunha fiel do Evangelho de Jesus Cristo, para o crescimento do vosso Reino de paz e justiça, reino de vida e verdade, reino do amor e da graça. Amém!”


Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.