A luz dos holofotes pode seduzir quando se perde de vista o essencial no ministério de música. Todo dom recebido deve sempre ser colocado em comum para o crescimento da comunidade cristã. O que recebemos de Deus deve ajudar todos a crescerem na fé e na vivência do Evangelho.
Vivemos tempos nos quais a busca pela evidência nos ministérios de música vem roubando o lugar essencial de Cristo na liturgia. Todo dom é presente de Deus, ofertado para compartilharmos com nossos irmãos e irmãs. Contudo, quando nos apropriamos do dom que recebemos, como se fosse nossa propriedade particular, tornamo-nos escravos da soberba.
Esse é um grande risco que o cantor e os instrumentistas correm: deixarem-se seduzir pela ilusória fama acerca do dom que receberam.
Os holofotes são para Jesus
Tudo é passageiro! A luz dos holofotes não deve ser focada em quem canta ou toca algum instrumento, mas sim no Senhor Jesus. Ele deve ser o foco no qual as luzes dos louvores sejam direcionadas a Ele. Quando a busca pelos elogios se torna maior que o serviço, entra-se no campo da vaidade; e onde a vaidade se enraíza, a soberba cresce progressivamente.
A liturgia da Missa não é propriedade dos ministérios de música, pois pertence à Igreja. Por isso mesmo, cantamos a liturgia. Os cantos escolhidos devem estar em sintonia com a liturgia do dia. Missa não é lugar de cantar a trilha sonora do último CD que o vocalista do ministério de música lançou. A assembleia tem direito de cantar a liturgia e não deve ser induzida a cantar cantos que não estão em sintonia com a liturgia do dia.
Existe um Estudo da CNBB cujo título é: “A música litúrgica no Brasil”. Esse ainda é um grande desconhecido dos ministérios de música em nosso imenso Brasil. Esse estudo nos alerta para a seguinte questão: “Ainda são frequentes as celebrações em que alguém ou um grupo executa sozinho todos os cantos, não se importando com a participação do povo…” (A música litúrgica no Brasil,24).
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Todos devem cantar
O povo de Deus, reunido para celebrar o Santo Sacrifício da Missa, tem o direito de participar do canto litúrgico. Quando os ministérios de música impedem a assembleia litúrgica de participar da liturgia da Missa, no que se refere aos cantos, estão roubando um direito que pertence ao povo, e nenhum ministério de música tem esse direito! Escolha-se sempre cantos em sintonia com o tempo litúrgico, e que as pessoas conheçam e cantem. O ministério de música não é um grupo separado da assembleia litúrgica, que está ali para serem ouvidos e aplaudidos, mas para sustentarem o canto da assembleia.
Esse mesmo estudo da CNBB prescreve um cuidado que deve ser observado com relação a alguns desvios que muitos ministérios de música comentem: “Seja pelo exagerado individualismo, intimista e sentimentalista, muito ‘eu’ e muito ‘meu’, desvirtuando a dimensão comunitária da fé, numa busca de emoções que reduz a relação com Deus a mero jogo de sentimentos, sem a profundidade e a amplitude do compromisso cristão, sem a seriedade da fé como entrega confiante à vontade do Pai, em comunhão com os irmãos e irmãs, para a realização do seu Reino aqui e agora” (A música litúrgica no Brasil, 44).
A missão do ministério da música é evangelizar
O canto deve favorecer a participação do povo de Deus reunido em comunidade. O canto na Missa não é um momento para o cultivo de uma atitude individualista entre eu e Deus, mas deve ser um momento em que os laços de vida comunitária sejam reforçados pelo canto litúrgico. Sobre esse ponto, é de fundamental importância que os ministérios de música tenham o discernimento na escolha dos cantos, para que não criem uma mentalidade intimista e superficial, desviando o verdadeiro sentido do canto na Celebração Eucarística. A luz dos holofotes pode seduzir quando se perde de vista o essencial no ministério de música, que é utilizar do seu dom para evangelizar.