O período do Natal nos leva a meditar sobre a sagrada Família de Nazaré, exemplo para todas as famílias cristãs. Cristo quis entrar em nossa história pela porta da família, para resgatá-la dos estragos que o pecado original deixou também nela e santificá-la.
Papa São João Paulo II disse que ela é o grande “patrimônio da humanidade”, o “santuário da vida” que Deus preparou para a vida ser protegida desde a gestação da mãe até a morte natural. Ela é também “a Igreja doméstica” em que Deus é amado e adorado em primeiro lugar, onde se reza e ensina os filhos a rezar.
A família de Nazaré é uma escola de santidade
A família é a célula vital da sociedade. Se ela for destruída, como Deus a criou, a sociedade se destruirá. Ela tem uma missão social inerente à sua vocação, que consiste no testemunho da beleza do lar. Por isso, Jesus quis ter uma família. Quando São José pensou em abandonar Maria, no silêncio discreto, sem entender a sua gravidez, o Anjo do Senhor logo o consolou: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1,21).
Jesus quis ter um pai terreno, adotado, legal diante do seu povo. Foi uma adoção às avessas, pois, em vez de o pai adotar um filho, foi o Filho quem adotou um pai, porque queria uma família. E nela Ele viveu por 30 anos, trabalhou com mãos humanas, foi obediente e submisso a seus pais, a quem Ele mesmo deu a vida. Que exemplo para os filhos!
A Família de Nazaré é um exemplo para todos nós, sobretudo hoje, em que a família é ameaçada de muitas maneiras, atacada pelo demônio de muitas formas. Ela sofre numerosas pressões, sobretudo dos meios de comunicação social que objetivam destruir ou deformar o amor conjugal. Nunca, como hoje, os preceitos bíblicos precisam nortear os casais.
A família de Nazaré é uma escola de santidade, onde os pais e Jesus fazem a vontade de Deus, vivem para Deus; essa é a principal lição que nos deixam. Os Papas sempre apontaram a Família de Nazaré como o modelo das virtudes domésticas. Destacaram o amor puro, santo, fiel e a dedicação que a levava os maiores sacrifícios. Logo, ela precisa fugir para o Egito, escapando da morte do assassino Herodes.
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José e Maria como exemplos
Hoje, também há muitos Herodes modernos querendo destruir esta que é a mais importante obra de Deus, a família. José e Maria não se cansam no serviço ao Menino que eles sabiam que viria ao mundo com uma missão que nenhum homem poderia realizar.
Que admirável a submissão de Jesus, o Filho de Deus, a José e a Maria! Seus pais, por sua vez, acatavam as ordens divinas sem nada questionar, fosse para fugir para o Egito, fosse para ir a Jerusalém visitar o Templo, fosse na humildade da carpintaria de Nazaré. Levavam um vida pobre e simples, satisfeitos com o pouco que tinham, confiantes na Providência Divina que não deixava nada faltar.
O exemplo de Maria e de José deve ensinar os pais a educar os filhos na vida cristã, numa fé autêntica, no amor aos Mandamentos da Igreja, numa esmerada formação moral e cívica, dando-lhes amor, tratando-os com carinho e correção adequada, sem humilhá-los nem exasperá-los.
É obrigação dos pais ajudar os filhos a salvar suas almas num contexto atual, onde tudo conspira contra as virtudes da pureza, caridade, humildade, paciência, bondade e verdade. Hoje, as reproduções artísticas de toda a espécie, os filmes, as novelas e, agora, também os sites pornográficos na internet levam a todo tipo de pecado que os pais precisam evitar para os filhos.
A dedicação de José e de Maria ao Menino Jesus ensina os pais, hoje, a zelar pela educação dos filho, pois é no seio da família que os filhos aprendem os bons costumes. São João Paulo II pedia que a família cristã, como a de Nazaré, espalhasse a “cultura da vida’ contra a cultura da morte. Que a família cristã desse combate corajoso contra o aborto, a eutanásia, a pornografia, o nudismo, a ideologia de gênero, a manipulação de embriões e tudo mais que destrói a vida, pois a família é o santuário sagrado da vida.
Festa da Sagrada Família
A Festa da Sagrada Família, que a Igreja celebra no domingo após o Natal, deixa claro que a família é sagrada. Para nós cristãos, ela não é somente uma realidade cultural, social e antropológica; ela é, acima de tudo, uma realidade teológica, isto é, ela pertence ao plano de Deus para a humanidade. Desde a criação, o Senhor pensou a humanidade como homem e mulher (cf. Gn 1,27) e determinou que o homem não estivesse sozinho (cf. Gn 2,18); desde o princípio, a primeira palavra do homem foi uma declaração de amor à mulher: “Esta sim, é osso de meus ossos e carne de minha carne” (Gn 2,23).
Jamais será lícito a um cristão aceitar um conceito de família diferente daquele que a Palavra de Deus nos apresenta. Trata-se, aqui, de fidelidade à Palavra de Deus. E num tema decisivo para a humanidade, destruir e desvirtuar a família é colocar em perigo a própria humanidade! Por falta de uma família cristã, vemos nossos jovens sem religião, descristianizados.
Enfim, a Sagrada Família de Nazaré nos ensina a viver o que disse São Paulo: “Irmãos, vós sois amados por Deus, sois seus santos eleitos: revesti-vos de sincera misericórdia, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Que a paz de Cristo reine em vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo. Que a palavra de Cristo habite em vós. Tudo que fizerdes, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Por meio dele daí graças a Deus Pai”. (Col 3,12-17)
Que intercedam por nós a Virgem Maria e seu esposo, São José! Que tenha misericórdia de nós o Cristo Jesus, feito obediente a seus pais no coração da casa de Nazaré.