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Pode alguém ser cristão sem crer na ressurreição?

Para que alguém possa ser verdadeiramente cristão é necessário aderir ao modelo de vida deixado por Cristo. Pois, toda a vida d’Ele foi apresentando um novo entendimento sobre o seguimento de não apenas uma religião ou um obedecer de leis, e sim uma mudança de comportamento. Com isso, qualquer pessoa que se diga cristão, deve crer em todo o mistério revelado por Cristo. O cristianismo tem como marco fundante o mistério Pascal, ou seja, a morte e a ressurreição de Cristo. É a ressurreição quem traz uma nova concepção sobre Deus para o povo. Aqueles que aderem à maneira de viver de Cristo são reconhecidos como cristãos, porque o cristão é chamado a ser um ‘outro Cristo’. Enganam-se aqueles que acreditam que o cristianismo seja apenas o que veem na sua conjectura e não na sua estrutura, no seu alicerce. O cristão está fundamentado em Cristo, pois não se reconhece cristão nas estruturas, na instituição ou até mesmo nos pecados daquele que é cristão.

Não é para pessoas, coisas ou instituições que precisamos olhar com a finalidade de buscar o que é ser cristão, e sim para o próprio Cristo. Dessa forma, o teólogo, Antônio Royo Marin, escreve que “é impossível compreender e, até mesmo, vislumbrar em que consiste a verdadeira essência da vida crista e o que seja o constitutivo íntimo da nossa própria perfeição e santidade sem ter em conta, como fundamento, todo o maravilhoso plano divino de nossa adoção que se dá em Jesus Cristo”.

Podemos entender, também, o mistério do ser cristão nas palavras de São Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus; […] pois morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,1.3).

Pode alguém ser cristão sem crer na ressurreição?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A essência da vida cristã

O cristão fora de Cristo é um ser irreal, um ser “inexistente”, afirma Royo Marin. Caros leitores, nenhum valor ou pouco se vale o que é realizado sem Cristo, mesmo que isso sejam suas orações, suas práticas de piedade, sacrifícios e sofrimentos. Pelo contrário, tem valor santificador quando estão ligados a Cristo. Sem Cristo estamos mortos, não como a morte narrada acima por São Paulo, estamos mortos no pecado.

A força do cristão se dá porque ele está intimamente ligado a Cristo. Jesus quando fala da parábola da videira e do mandamento do amor, Ele deixa claro que, “enquanto estivermos ligados a Ele, daremos frutos”. O Pai, como um agricultor, limpa para que dê mais fruto. E Jesus ainda afirma que: “sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5). Nossa possível vida de cristão é vã sem Cristo.

Ainda pode-se afirmar que: a essência desta vida consiste também na nossa incorporação a Cristo. Esse é o ponto central da vida cristã, afirma Royo Marin. O processo de desenvolvimento da vida cristã, ou seja, o processo de santificação, consistirá essencialmente em aumentar infinitamente essa incorporação a Cristo, até que possamos dizer como o apóstolo Paulo: “Já não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

No livro “Jesus Cristo e a vida cristã”, Royo Marin deixa três fórmulas breves que constituem a essência da vida cristã: a primeira é “Ser outro Cristo, ou se quisermos, ser Cristo outra vez”; a segunda é “Ser por graça o que Cristo foi por natureza”; e, a terceira é “Ser por Cristo uma nova humanidade na qual n’Ele renova todo o seu mistério”. Percebemos que o cristão precisa reproduzir a Cristo, Sua obra e o Seu ser.

O mistério da Ressurreição

 A ressurreição é afirmada pelo magistério infalível da Santa Igreja Católica, além de, também, ser um dogma professado por todo cristão. Assim, torna-se inseparável a fé na ressurreição do ser cristão. Como dogma de fé, podemos perceber algumas afirmações a respeito da ressurreição.

O livro de segundo Macabeus assim traz: “Estando quase a expirar, falou: ‘Tu, ó malvado, nos tira da vida presente. Mas o rei do universo nos fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis’” (2 Mc 7,9). Essa passagem relata o martírio daqueles que morreram na fidelidade a Deus e a sua fé lhes dá a certeza da ressurreição.

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O Evangelho de São João também relata sobre a ressurreição: “Não fiqueis admirados com isso, pois vem a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão. Aqueles que fizeram o bem, ressuscitarão para a vida; e aqueles que fizeram o mal, ressuscitarão para a condenação” (Jo 5,28-29). Esse trecho deixa claro que, a ressurreição acontecerá para todos, para os que foram bons e para os que foram maus. O Evangelho afirma ainda: “Quem se alimenta com a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,54). Essas são palavras do próprio Jesus, dignas de fé.

Profissão de fé

Deixo ainda o que o Sagrado Magistério ensina sobre a ressurreição. O próprio credo apostólico professa: “creio na ressurreição da carne”. Bento XII também escreveu que: “Nós definimos (…) que, no dia do julgamento, todos os homens comparecerão perante o tribunal de Cristo com seus próprios corpos para dar conta de seus próprios atos”. Por fim, Tomás de Aquino, tomando a palavra de São Paulo aos Coríntios, vai dizer que a ressurreição se dará “em um abrir e fechar dos olhos” (cf. 1 Cor 15,52).

Por isso, caro leitor, o cristão é aquele que segue os passos de Cristo, então, sua vida deve configurar-se à vida de Cristo. Assim, fizeram os mártires, muitos deles assemelhando-se a Cristo até mesmo na morte. E, desse modo, o cristão deve agir: aderir aos mistérios de Cristo, o que inclui a ressurreição. Ser cristão é morrer com Cristo para que, por Ele, seja ressuscitado.