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São João de Latrão, a Igreja Mãe e Cabeça de todos os cristãos

Sobre o pórtico da Basílica de São João de Latrão encontra-se uma inscrição em latim que traduzimos assim: “Mãe e Cabeça de todas as Igrejas, de Roma e de todo o mundo“.

É a catedral de Roma e de seu bispo que, precisamente por ser bispo de Roma, é Papa, “Vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja… Princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade tanto dos bispos como da multidão dos fiéis” (LG 22-23).

São Pedro não é a catedral de Roma, mas São João de Latrão

A Basílica de Latrão foi construída pelo Papa Melquíades (311-314) em uma propriedade doada para este fim pelo Imperador Constantino ao lado do Palácio de Latrão, até então a residência imperial e, mais tarde, a residência papal. Até cinco Concílios foram celebrados ali.

Lembrar a data da Dedicação, ou seja, a Consagração da Basílica de Latrão, faz com que todas as igrejas se lembrem da primazia da Igreja de Roma, que é a primeira entre iguais porque teve a honra de ter Pedro no comando. Mas, como lembra São Gregório Magno, um dos grandes papas da história, a Igreja de Roma é a primeira no serviço e na preservação da verdade.

São João de Latrão – a Igreja Mãe e Cabeça de todos os cristãos

Créditos: scaliger / Getty Imagens

Hoje, as Igrejas de todo o mundo se unem à Igreja que está em Roma e a reconhecem como a “presidência da caridade” da qual Santo Inácio de Antioquia já falava. O Bispo de Roma é o sinal visível da unidade de todo o Povo de Deus. Novamente, Santo Inácio de Antioquia recomendou: ‘Assim como o Senhor nada fez sem o Pai, com quem é um, assim também nada façam sem o bispo e os presbíteros. Estejam unidos ao bispo como cordas em uma cítara”.

Na festa da dedicação da Basílica de São João de Latrão, celebramos o mistério da presença de Deus na história. A liturgia coloca em nossos lábios o motivo de tal festa: “Senhor, vós nos destes a alegria de construir-vos uma morada entre as nossas casas, onde continuais a encher de graça a vossa família peregrina na terra, e nos ofereceis o sinal e o instrumento da nossa união convosco (…).” (Oração Coleta da Missa).

E no canto do Prefácio, elevaremos nossa oração de louvor e bênção com estas palavras:

Senhor, Pai Santo, Deus todo-poderoso e eterno,

Vós nos destes aa alegria de construir

em nossos lares um lugar de habitação

onde continuais a encher de graça

sua família peregrina na terra e nos oferece

o sinal e o instrumento de nossa união com o Senhor“.

A Igreja é onde ocorre o encontro com Deus!

A dedicação da Igreja Catedral do Bispo de Roma também nos convida a dar graças a Deus por sua presença em nós. E, acima de tudo, para lembrar aos batizados que eles são o templo de Deus e que o Espírito Santo habita neles, como a segunda leitura nos lembra hoje: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (…) Santo é o templo de Deus, que sois vós” (1 Cor 3,9-11.16.17).

Não celebramos um edifício de pedra porque a igreja, como um edifício, é apenas um sinal da Igreja formada por todos aqueles que acreditam em Jesus. Todo povo, toda comunidade tem sua igreja; o que para uma família é o lar, para a família dos filhos de Deus é a igreja. Não existe família sem um lar! Todos nós vemos a igreja como o lugar onde ocorre o encontro com Deus: na celebração da Santa Missa, nas liturgias sacramentais, na oração e na adoração ao Santíssimo Sacramento.

As igrejas de tijolo e cimento são um sinal dessa presença de Cristo: é Ele quem fala ali, se dá como alimento, preside a comunidade reunida em oração, “permanece” conosco para sempre (cf. SC 7). Os edifícios são úteis para reunir a comunidade; eles também são uma imagem do que a comunidade e os cristãos individuais são: templo do Senhor.

As paredes são o corpo; o tabernáculo e o altar são sinais da presença do Senhor; a Palavra no ambão é como o Espírito Santo falando e nos lembrando de tudo o que Jesus ensinou.

No cristianismo, a igreja, o novo templo de Deus entre nós, adquiriu um significado mais profundo

Ela é o lugar onde os fiéis celebram, em comunhão de fé, os mistérios divinos, onde o próprio Deus se faz presente em nosso meio para tecer um diálogo eterno com seus filhos e onde, sob as espécies eucarísticas, ele os nutre com seu corpo e sangue.

É o lugar onde os mistérios divinos são revelados nas celebrações litúrgicas e onde a igreja como edifício torna visível a verdadeira Igreja, entendida como uma comunhão de fiéis que experimentam a fraternidade em Cristo. Lugar da celebração que encontra sua expressão mais sublime na celebração da Eucaristia, o memorial da morte e ressurreição do Senhor. A festa de hoje lembra a todos nós a realidade de que, sem pedras vivas, nossas grandes catedrais são apenas esplêndidos testemunhos históricos. E as pedras vivas são os cristãos que se reúnem em torno do carisma de Pedro, chamado a ser uma rocha inabalável na custódia das palavras do Mestre.

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Celebrar a Basílica de Latrão é a nossa própria consagração a Deus!

O verdadeiro templo dedicado a Deus somos nós; nós que formamos o novo povo da Aliança firmada no Sangue de Cristo Jesus, a Verdade da qual Ele mesmo falou à mulher samaritana e que constitui o modo adequado de nossa adoração ao Pai. Portanto, ao celebrar a dedicação da Basílica de Latrão, celebramos nossa própria consagração a Deus, em Cristo, em quem formamos um só corpo, unidos na mesma fé e animados pelo único Espírito.

Aqui está o novo templo: o povo de Deus, animado pelo Espírito, na unidade de amor entre todos os seus filhos. Ao viver como irmãos em seu povo, a fé e toda a adoração são realizadas. No “novo templo”, irmãos, Cristo está presente. Jesus ensina que o templo de Deus é, antes de tudo, o coração do homem que aceitou sua Palavra.

Rezemos, neste dia, por toda a Igreja, mãe dos santos, mãe sempre fecunda no poder do Espírito, para que cada homem desfrute sempre da dignidade dos filhos de Deus, até que todos alcancemos a alegria plena na santa Jerusalém do céu!

Dom Cristiano Sousa OSB Cam – Mosteiro de Fonte Avellana – Itália

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