Papas

A relação entre a história dos Papas e da Igreja

A história dos Papas se confunde, de certa forma, com a história da Igreja, pois, desde São Pedro até o Papa Francisco, os fatos relevantes da vida da Igreja tiveram alguma relação com o Papa. De acordo como o Cân. 332 § 1, do Código de Direito Canônico:

“O Romano Pontífice obtém o poder pleno e supremo na Igreja pela eleição legítima por ele aceita, junto com a consagração episcopal”. E de acordo com Cânon 332 §2, ele pode renunciar livremente o pontificado, como fizeram São Ponciano (235); São Celestino V (1294); Gregório XII (1415) e Bento XVI (2013). O Papa tem plenos poderes no campo executivo, legislativo e judiciário; a Igreja não é uma democracia (governo do povo), mas é guiada e assistida pelo Espírito Santo (cf. Jo 14,15.25; 16,12-13).

A eleição do Papa é realizada pelo Conclave (com chave), em regime de absoluto isolamento do mundo. O Papa deve ser eleito com, ao menos, 2/3 dos votos dos cardeais, podendo ser apenas por maioria simples se demorar muito para ser eleito após várias votações.

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Foto Ilustrativa: Manakin

Conheça a linha sucessória dos Papas da nossa Igreja

A reconstrução da linha sucessória dos Papas data do século II e deve-se, respectivamente, aos escritores Hegesipo (151-166), judeu, e S. Irineu (177-178). Ambos foram a Roma para consultar diretamente as fontes da história. A Igreja sabe o nome, a nacionalidade e o tempo de pontificado de cada um dos Papas.

Tivemos 211 Papas italianos; 15 franceses, 14 gregos, 6 sírios, 8 alemães, 3 africanos, 3 espanhóis, 2 iugoslavos, 1 português, 1 palestino, 1 inglês, 1 holandês, 1 polonês e 1 argentino.

Quando um cardeal é eleito Papa, muda de nome. Os nomes mais comuns são: João (21), Gregório (16), Bento (14), Clemente (14), Inocêncio e Leão (13). Entre a morte de Clemente IV (1268) e a indicação de Gregório X (1271) decorreu o mais longo “período eleitoral”.

Até o pontificado de São Felix IV (526-530), quase todos os Papas foram declarados santos, sendo muitos mártires. Na queda do Império Romano, em 476, era Papa São Simplício. Ao todo, a Igreja já teve cerca de 266 Papas; alguns se destacaram profundamente e tiveram longo pontificado como Pio XI (32 anos); João Paulo II (27 anos); Leão XIII (25 anos); Pio VI (24 anos); Pio VII (23 anos). Outros tiveram pontificado de poucos dias: Estevão (3 dias); Bonifácio VI (10 dias); Urbano VII (15 dias ).

Dois Papas receberam o título de Magno, Grande: São Leão Magno (†460), que enfrentou os bárbaros em Roma, especialmente Atila, rei dos hunos; e São Gregório Magno (†604), que trabalhou muito na conversão dos bárbaros.

O Concílio Vaticano I (1870), junto com o Papa Pio IX, proclamou como dogma de fé que o Papa é infalível quando proclama um dogma de fé, como fizeram, por exemplo, Pio IX a proclamar o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora (1870), e Pio XII, que proclamou o dogma da Assunção de Nossa Senhora ao céu de corpo e alma (1950).

Quem é figura papal?

O Papa usa vestes brancas para se diferenciar dos demais bispos. Ele é soberano do Estado do Vaticano, que passou a existir, oficialmente, no tempo do pai do imperador Carlos Magno (†814), Pepino, o Breve. Chegou a ter 40.000 km2, e hoje tem apenas 0,44 km2, depois que foi invadido e tomado pela República italiana chefiada por Victor Emanuel II.

O Papa tem um corpo diplomático e seu principal colaborador o Secretário de Estado. Ele é o bispo de Roma. O título de Papa começou a ser usado em 325, com o Concílio de Niceia. Das organizações do tempo do Império Romano, o Papado foi a única que sobreviveu, pois a Igreja já tinha, até então, 47 Papas, muitos monges e mosteiros. Estava no pontificado o Papa São Simplício (468-483).

O Vaticano é um Estado da Cidade do Vaticano, com seus 0,44 quilômetros quadrados de superfície, o menor e o menos populoso país do mundo, e que se encontra dentro da cidade de Roma, Itália, separado com cerca de 4 quilômetros de fronteira. Esse Estado atual foi oficializado com o “Pacto de Latrão”, firmado entre a Igreja e o governo italiano, por intermédio de Benito Mussolini, em 11 de fevereiro (1929), durante o pontificado de Pio XI, pondo fim à chamada “Questão Romana”, uma luta de seis décadas em que os Papas (Pio IX, Leão XIII, S. Pio X, Benedito XV e Pio XI) nunca saíram do Vaticano (“prisioneiros do Vaticano”) para não entregarem à Itália o território atual do Vaticano.

A Igreja teve cerca de 37 antipapas; que foram papas ilegítimos eleitos após um Papa legítimo; isso ocorreu por parte daqueles (famílias influentes, cismáticos, hereges, imperadores, etc.) que desejavam fazer o Papa. Alguns antipapas foram: Hipólito (222-235), Novaciano (251-258), Eulálio (418-419), Lourenço (498-505), Dióscoro (530), Teodoro II (687), Pascoal I (687-692), Constantino II (767), Filipe (767), João VIII (844), Anastácio III (855) e João XVI (993).

Durante os 70 anos em que os Papas ficaram na França, em Avinhão (chamado de Cativeiro da França), houve antipapas: Clemente VII (1378-1394) e Bento XIII (1394-1423), que criaram o Cisma do Ocidente, o qual durou mais de 40 anos. Gregório XII (1406-1415) viveu o período mais triste do Cisma do Ocidente, quando houve três sedes papais: Ele, em Roma; Bento XIII, em Avinhão (1394-1423); e Alexandre V, em Pisa (1409-1410). Quando Alexandre morreu (1410), os cardeais de Pisa elegeram o antipapa João XXIII (1410-1415).

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Destaques da vida dos Papas

Há muitos fatos importantes na vida dos Papas. Vejamos alguns:

O Papa Melquíades (311-314) foi o primeiro a usar a residência papal no Palácio do Latrão, doado pelo imperador Constantino.

João I (523-526) foi o primeiro Papa a sair da Itália para ir ao Oriente (Constantinopla), e morreu mártir.

O Primeiro Papa a adotar um nome diferente ao ser eleito (seu nome original era o de um deus pagão, Mercúrio), foi João II (533-535). O último Papa a adotar o próprio nome foi Marcelo II (1555).

São Gregório Magno (590-604) foi o primeiro Papa monge e beneditino.

O último Papa reconhecido como mártir foi Martinho I (649-654).

Estevão II (752-757) foi o primeiro Papa a governar o Estado Pontifício.

Vários Papas foram assassinados, especialmente nos século IX e X: João VIII (872-882), Adriano III (884-885); Estevão VI (896-897); Leão V (903); João X (914-928); Sérgio IV (1009-1012); Bento VI (973-974); Urbano VI (1378-1389), Estevão XIII (939-942) e João XIV (983-984).

Estevão IV (816-817) foi o primeiro Papa a ungir um imperador.

Houve um Papa eleito aos 18 anos de idade: João XII (955-964).

O primeiro leigo eleito Papa foi Leão VIII (963-965), além de Bento VIII (1012-1024); João XIX (1024-1032); Bento IX (1032-1044;1045; 1047-1048)

João XV (985-996) foi o primeiro papa a canonizar formalmente um santo (Ulrico de Augsburgo, em 993) após um processo.

O Papa Alexandre III (1159-1181) decretou que era necessária a quantia de 2/3 para a eleição do Papa. São João Paulo II aprovou a eleição por maioria simples após 33 sufrágios.

Inocêncio V (1276) foi o primeiro a usar batina branca. O primeiro papa eremita foi Celestino V (1294). Bonifácio VIII (1295-1303) proclamou o primeiro Ano Santo, em 1300. Urbano VI (1378-1389) foi o último papa eleito sem ser cardeal.

Júlio II (1503-1513) foi quem encomendou projetos para a construção da atual Basílica de S. Pedro, no lugar da antiga.

Leão X (1513-1523) foi o Papa que excomungou Martinho Lutero. O último Papa não italiano, antes de São João Paulo II, foi o Papa holandês Adriano VI (1522-1523).

O Papa Clemente XIV (1769-1774) foi quem suprimiu a Companhia de Jesus (Jesuítas) em 1773. Os jesuítas foram reintegrados, em 1814, por Pio VII.

Pio XI (1922-1939) foi o primeiro Papa a usar o rádio para uma comunicação pastoral. O primeiro a usar a Televisão foi Pio XII (1939-1958). O primeiro a usar o avião: Paulo VI (1963-1978). O primeiro a adotar um nome duplo: João Paulo I (1978).

Referências Bibliográficas:

– Rudolf Fisher – Wollpert, Léxico dos Papas, Ed. Vozes, Petrópolis, 1991.
– Richard P. Mcbrien, Os Papas, Ed. Loyla, São Paulo, 1997.
– Breves biografias de Todos los Papas, Lozzi Roma, Edizioni Turistiche, 2005.
– Eamon Duffy, Santos e Pecadores – História dos Papas, Cosac & Naify Edições Ltda, São Paulo, 1998.

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Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino