Quando manifesto o desejo de aprender a orar, presume-se que há um ato de vontade e uma predisposição para tal, isso é essencial para aprender a orar. Tendo por base o Catecismo da Igreja Católica, é preciso dar sentido ao que se almeja alcançar. Para tal, é importante recordar que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (cf.: Gn 1,27). O homem ocupa um lugar único na criação: é “à imagem de Deus”; na sua própria natureza, une o mundo espiritual e o mundo material; foi criado “homem e mulher”; Deus estabeleceu-o na sua amizade” (CIC 355). “Criados por Deus, e para Deus, é preciso estabelecer crescente comunhão e unidade com Ele, pois Ele é o princípio e o fim último da criação” (CIC 294).
O ato de orar é reconhecer a necessidade de manter o vínculo com a nossa origem, é restabelecer a nossa amizade com Deus. Isso é vital. “Desde o começo da sua existência, o homem é convidado a dialogar com Deus: pois se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele, e por amor, constantemente conservado” (CIC 27). Dialogar é uma forma de relacionar-se com alguém, de expressar-se. Então, orar é relacionar-se com Deus, ou seja, uma relação entre duas pessoas, uma humana e a outra divina.
Para orar é preciso ir ao encontro, é colocar-se na presença de Deus, estar aberto a Ele numa atitude de escuta para o que Ele vai nos falar: “O Senhor veio, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: ‘Samuel! Samuel!’. E ele respondeu: ‘Fala, que teu servo escuta'” (I Sm 3, 10). A iniciativa primeira é d’Ele. A oração é o encontro da sede de Deus com a nossa. “Deus tem sede de que nós tenhamos sede d’Ele”(CIC 2560).
A oração inicia-se quando nos colocamos totalmente disponível para o Senhor. Se temos dificuldade para escutar, essa verdade poderá ser a nossa primeira súplica: “Dá, pois, a teu servo, um coração que escuta” (I Rs 3, 9).
Orar é um ato que vem do coração
“De onde procede a oração do homem? Seja qual for a linguagem da oração, os gestos e palavras, é o homem todo que ora. Mas para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito ou, com mais frequência, mais de mil vezes que brota do coração. É o coração que ora. Se ele estiver longe de Deus, a expressão da oração será vã” (CIC 2562).
É pela escuta que brota em nosso coração e do mais profundo da alma uma resposta a Deus de confiança, de louvor, de gratidão, de silêncio, de súplica, de angústias: “Até quando na minha alma experimentei aflições, tristeza no coração toda hora?” (Sl 13,3). Deus nos fala e respondemos a Ele de modo mais sincero e autêntico e estabelece-se um diálogo fecundo, com disposição de obedecê-Lo com a nossa vida.
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O que são oração vocal, meditação e contemplação?
Na oração vocal, pela sua Palavra, Deus fala ao homem. É nas palavras, mentais ou vocais, que a nossa oração toma corpo. Ela é fundada na união do corpo e do espírito na natureza humana, associa o corpo à oração interior do coração. É importante recordar que, a Igreja convida os fiéis para uma oração regular: orações quotidianas, Liturgia das Horas, Eucaristia dominical, festas do ano litúrgico.
A meditação é uma busca orante em que se usa o pensamento, a imaginação, a emoção, o desejo e a confrontamos com a realidade da nossa vida. A contemplação é a expressão simples do mistério da oração. É um olhar de fé fixo em Jesus, uma escuta da Palavra de Deus, um amor silencioso. Então, o que fazer? Para orar é preciso querer, reservar um tempo, ir ao encontro de Deus com disposição total de escuta ativa do que Ele vai nos falar para obedecê-Lo.
Ouça a Deus!
Para os que desejam iniciar a vida de oração, comece pela escuta atenta e ativa durante a Santa Missa. As orações, canções, Liturgia e palavra pós-comunhão são momentos fortes que nos favorecem à comunhão com Deus.
Para oração diária, comece reservando durante o dia pelo menos 15 minutos do seu tempo para colocar-se na presença de Deus, num lugar favorável para orar, longe dos barulhos externos, tal atitude é preciso para acalmar também os barulhos interiores.
Observe como você se encontra e segue a intuição do coração, se for preciso apresentar a Deus tudo que está no coração, faça-o com palavras espontâneas. Mas se ainda não consegue expressar o que vive, comece pelas orações da Igreja: jaculatórias; Ave-Maria; Pai-Nosso; ore a Palavra: os Salmos, o Magnificat etc., ou, apenas permaneça em silêncio, deixando apenas correr as lágrimas.
Porém, é preciso exercitar o silêncio para ouvir a Deus que nos fala; se precisar, peça a Ele o dom de ouvir. Tenha paciência! Orar exige decisão, disposição total, tempo, disciplina e, desse modo, vamos crescendo e amadurecendo na amizade e comunhão com Deus.
Referências:
Bíblia CNBB online – https://blog.cancaonova.com/metanoia/biblia-sagrada-edicao-cnbb/
Catecismo da Igreja Católica – http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s1c1_26-49_po.html