📚 História

São Caetano Thiene: Fundador dos Padres Teatinos

Reforma do coração

A santidade é um conceito fundamental para a vida de todo cristão. Essa consiste no ser completamente dedicado a Deus e no viver uma vida de amor e de serviço para os outros. Sempre é válido lembrar que a santidade não é tão somente um ideal, entendido erroneamente como privilégio de alguns, mas sim um verdadeiro caminho, possível a todos, e que se faz no concreto e no quotidiano da vida de cada pessoa. Com essa compreensão de santidade, encontramos, em São Caetano Thiene, um grande homem e reformador do XVI século, um modelo de vida ainda hoje necessário e atual para a Igreja e para o mundo.

Créditos: Domínio público

São Caetano, fundador da Ordem dos Clérigos Regulares Teatinos, nasceu em Vicenza, na Itália, em 1480. De família nobre, estudou Direito civil e eclesiástico em Pádua, e depois se transferiu a Roma, onde foi ordenado sacerdote em 1516. 

Trabalhando como protonotário apostólico (secretário) do Papa Júlio II, e vendo toda a realidade da Igreja de sua época, entende a necessidade de realizar, na Igreja, uma grande reforma, a qual, segundo ele, não deveria ser iniciada externamente, mas sim começar de dentro de cada pessoa, de cada fiel. “Não prometamos fazer amanhã grandes coisas, se somos incapazes de realizar hoje mesmo, as coisas pequenas”. (São Caetano).

Motivado com esse desejo de reforma e unido a três amigos, que se tornaram posteriormente os cofundadores da Ordem, nasce então para a Igreja, em 14 de setembro de 1524, a Ordem dos Clérigos Regulares, popularmente chamada de Teatinos. A primeira família religiosa de Clérigos regulares na Igreja. 

Uma congregação e a sua missão 

Uma congregação que portava consigo a missão de santificar o clero, servir aos pobres e necessitados, e assim ajudar a Igreja a ser Santa, como pede nosso Senhor Jesus Cristo.

São Caetano entendia perfeitamente a necessidade de que a Igreja purificasse seus costumes e comportamentos, sobretudo em seu clero, e por isso desejava, ardentemente, que os padres e bispos fossem homens santos, pessoas equilibradas no corpo e no espírito, e que promovessem o amor através de seu ministério. 

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Caetano era um homem humilde, de personalidade pacífica e de profundo amor a Deus, e grande devoto da Virgem Maria, a qual, no Natal de 1517, na Igreja de Santa Maria Maior em Roma, aparece a ele, enquanto celebrava a Missa de Natal e lhe entrega o próprio menino Jesus nos braços, como sinal de confiança e reconhecimento pelo zelo com o qual ele se ocupava com as coisas de Deus!

Esse episódio marca de tal modo sua vida, que passa então a ser um grande propagador da devoção ao Menino Jesus, e encontra no presépio, uma oportunidade para catequizar as pessoas mais simples. Se a São Francisco se deve a honra de criar o primeiro presépio com a santa Família de Nazaré, a São Caetano, se deve a honra de criar o presépio com cenas da vida quotidiana do povo (em princípio do povo napolitano), mas como se vê hoje, um presépio com cenas da vida de cada cultura

A chave da santidade é a confiança em Deus

Caetano sempre afirmava que a chave da santidade é a confiança em Deus e a disponibilidade para servir aos irmãos, entendendo isso como uma missão, e não como um privilégio. Justamente por isso, entende que o ministério sacerdotal não pode nunca ser visto como uma carreira ou um status, mas sim um serviço para promover o treino de Deus e a sua justiça.

Em um de seus escritos, deixa aos teatinos quase como um testamento, aquilo que ele mesmo viveu como modelo de vida:

“A alegria verdadeira e inestimável do homem, consiste no desejo de imitar fielmente a vida interior e exterior de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, sem buscar por isso nenhum prêmio particular, como nos ensina são Paulo: “Eu sou disposto não somente a sofrer, mas também a morrer por Nosso Senhor Jesus Cristo!” (…)

“(…) A porta e a coroa da perfeição consistem na compreensão que somos indignos dos Divinos favores. Todo o bem que Deus nos dá a alegria de realizar, não encontra nenhum motivo dentro de nós mesmos, mas tudo provém da Sua infinita bondade! A verdadeira humildade, é aquela que nasce do amor pela caridade e do desejo pela perfeição. Três são os elementos que compõem nossa vida contemplativa: a Pureza interior, a vigilância de todos os nossos sentidos e a santa obediência. (…) Nossa vida ativa deve consistir em: aceitar com amor o cansaço pela promoção do Reino e por nossa pobreza e o desprezo pelos privilégios e aplauso dos homens, buscando sempre o escondimento de si, para que Jesus possa aparecer em nós. ” 

Um legado para a Igreja de todos os tempos

São Caetano faz sua Páscoa em 7 de agosto de 1547, na cidade de Nápoles (Itália), onde, ainda hoje, estão seus restos mortais, junto a uma “sepultura” comum, com os demais confrades teatinos.

Podemos dizer que Caetano foi um homem de seu tempo, mas com um legado para a Igreja de todos os tempos. Homem de ciência, de humildade, de caridade e de grande coragem. A coragem de atuar no silêncio. Sua reforma foi silenciosa, como ele mesmo assim desejava: “Desejaria mover o mundo, escondendo as minhas mãos!”

Dentre tantos outros ensinamentos, seguramente, o que torna ainda hoje a vida de São Caetano atual e necessária é a compreensão que este santo teve de que a reforma da Igreja, a reforma dos cristãos não pode acontecer na rebelião e na rebeldia, mas sim com a conversão do coração. Uma conversão constante e quotidiana.

Que São Caetano interceda por todos nós!

Pe. Joao Marcos Boranelli, C.R.
Reitor da Basílica Teatina de Santo André Apostolo “della Valle” em Roma.