Ver boas notícias

Vivemos num tempo caracterizado pela avalanche de comunicações oferecidas pelos mais variados meios. Destaque especial merecem os meios de comunicação de massa, atualizados pelos verdadeiros saltos tecnológicos, que já não se medem em anos, mas quase em dias. A rapidez com que a comunicação chega aos receptores é notável, o que possibilita uma influência imensa no comportamento das pessoas. O cristão percebe aí a mão de Deus que deu ao ser humano tamanha capacidade.

Ao mesmo tempo, um olhar mais crítico vê que existe uma crise, não dos meios, mas dos conteúdos – uma crise da mensagem!

A falta de princípios firmes, capazes de nortear o comportamento humano, na crise atual de valores, provoca a exploração de temas destinados muito mais a desvelar um “mundo-cão” do que a profundidade plantada por Deus no coração humano.

Para tocar em pelo menos um dos assuntos que são utilizados com tal perspectiva, vale dizer que a sexualidade humana, como é apresentada em novelas e filmes, acaba desfigurada da sua grandeza, pois é vista não como o caminho da doação da vida, mas da busca insaciável de si mesmo.

Basta ver o drama encontrado nas inumeráveis famílias desfeitas, como resultado das últimas gerações formadas para a busca dos ídolos de sempre: o prazer, o poder e a riqueza.

Há um desvio na rota, e a correção começa nas pessoas e comunidades dispostas a experimentar que é possível algo diferente, sem nenhuma atitude, por sinal inadequada e ingênua, de rejeição pura e simples dos progressos de nosso tempo.

“Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso Ele entrou num barco e sentou-se ali, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. Ele falou-lhes muitas coisas em parábolas: ‘O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra. Logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol saiu, ficaram queimadas e, como não tinham raiz, secaram. Outras caíram no meio dos espinhos, que cresceram sufocando as sementes. Outras caíram em terra boa e produziram frutos: uma, cem; outra, sessenta; outra, trinta. Quem tem ouvidos, ouça!’”(Mt 13,1-9).

Jesus recorre a uma parábola para comunicar a verdade do Reino de Deus. Nem todos entendem as parábolas, pois só quem entende de vida pode alcançar-lhes o sentido.

Jesus não entrega a mensagem pronta, destinada apenas a “vencer o produto”. Interessa-lhe a participação do ouvinte, que responde com acolhimento da mensagem, vendo provocada positivamente a sua liberdade. A parábola do semeador garante a força da mensagem que Jesus oferece. A semente é boa, vem do Pai do céu e é o Seu reino, lançada generosamente nos campos do mundo. Os sulcos que acolhem a semente são os corações das pessoas. A colheita, esperada com os frutos do trabalho do semeador, é para a chuva que não volta sem ter irrigado a terra(cf. Is 55, 10-11).

No grande livro da vida, do cotidiano do nosso povo, sobretudo dos mais simples, estão escritas outras tantas e tantas bonitas parábolas, lições feitas de vida. Não há só violência e exploração em nossa sociedade. Quisera eu ver manchetes retratando cenas de generosidade, como um sonhador no leito de morte oferecendo um terreno se para construir nele um centro de recuperação para moças viciadas, ou para os grupos de rapazes que são recuperados. Ou, quem sabe, aquela família de onze filhos fazendo festa com os pais que os formaram na fé e na dignidade.

Enquanto aguardamos tais notícias, tenhamos certeza de que circula em nossas comunidades e grupos, provocando a vitalidade da grande e maior de todas as notícias, a Palavra Viva de Deus. Ela está gerando um mundo novo.

Trecho do livro: Segue-me