Quanto vale a mulher?

Há datas que não podem passar em branco nos jornais. Para que ninguém me cobre e, muito mais, por convicção, falarei sobre as mulheres e seu dia, 8 de março, mesmo que com atraso. E aproveito da minha coluna para dizer o que penso e para parabenizar neste dia todas as mulheres, colocando em primeiro lugar Nossa Senhora, mãe de Jesus e nossa, depois minha mãe Domênica e, começando com Santa Teresa, todas as grandes mulheres do Carmelo até a última mulher da Terra.

A mulher é um dom que Deus quis fazer à humanidade para que o homem não estivesse sozinho como barata tonta. Ele lhe deu a mulher como companheira e como complementação, não como serva ou como escrava, mas alguém que por direito, e às vezes com mais competência, pudesse coadjuvá-lo na conservação do mundo, e através do matrimônio manter viva a espécie humana.

Eu fico triste quando perdemos tempo em estreitas discussões se vale mais o homem ou a mulher. Esta pergunta significa que não entramos ainda nem entendemos o projeto de Deus. Se o homem não pode viver sem a mulher e a mulher não pode sobreviver sem o homem, quer dizer que os dois valem igual. É uma igualdade de necessidade e o mundo vai acabar quando alguém achar que não necessita mais do outro.

É necessário que, no Dia da Mulher, ela pare e se pergunte sobre a sua missão no mundo, sobre a sua atuação na sociedade, como ela deve desempenhar o seu papel único e irrepetível que não pode ser confiado a ninguém, que é a “maternidade”. Além da função da maternidade, tarefa específica da mulher, ela pode ascender a todas as funções. Santa Edith Stein, a grande carmelita descalça que morreu nos campos de concentração nazistas, diz que a missão da mulher não “está dentro de casa”, mas é assumir a sua missão na sociedade, na política, na Igreja.

É triste ler nas pesquisas que a mulher ganha menos do que o homem, exercendo o mesmo trabalho, que é marginalizada e não encontra espaço de trabalho. Tudo isso é fino e terrível resquício de “machismo” que deve acabar.

Toda mulher tem os mesmos direitos que o homem. Discriminação não vem de Deus mas sim das cabeças curtas e fechadas. O Dia da Mulher nos recorda que o mundo será melhor quando as mulheres reassumirem sua missão; é elas que têm a chave do coração do homem e que, com sua ternura, delicadeza e bondade, sabem reeducar o ser humano para os novos horizontes do mundo que ainda deve vir. A brutalidade masculina somente pode ser transformada pela presença feminina. Mesmo na Igreja, as grandes doutoras Teresa de Ávila, Catarina de Sena e Teresinha do Menino Jesus têm tido o grande mérito de ter “humanizado e feminilizado” a teologia. É só ler os seus escritos para se perceber um “não sei quê” de místico amável e delicado. É só olhar aos domingos as igrejas: 80% são mulheres. A religiosidade feminina é mais perseverante, constante.

Que os homens saibam contemplar as mulheres como palavra da ternura de Deus. Que nem as mulheres e nem os homens sejam “objetos”, mas parte viva, carne, um do outro, e que possamos ter uma certeza dentro de nós: o homem sozinho não sobrevive e a mulher sozinha não poderá sobreviver. Somente juntos, de mãos dadas no amor e no respeito, teremos um mundo no qual os filhos de Deus poderão cantar as maravilhas da vida.