O motorista e o ambulante

Outro dia vi uma cena incomum. Estava sentando em um ônibus, que saia do terminal Rodoviário do Tietê, e ia a grande cidade chamada Cachoeira Paulista, onde fica a minha casa: A Canção Nova. Era por volta das 18h30m da tarde ou da noite (nunca sei que essa hora é tarde ainda ou já é noite).

Logo na saída do terminal, o ônibus parou e subiu um senhor com uma tabuleta onde havia refrigerantes, água mineral, batata frita…
Era mais um ambulante, mais um trabalhador informal, tentando ganhar a vida em uma grande capital do nosso Brasil. O cara foi muito educado. Tratava as pessoas muito bem. Mas não fiquei impressionado com isso. Uma por que, hoje em dia, atendimento é tudo! E até os ambulantes já perceberam isso. Outra por que geralmente, as pessoas simples são sempre muito educadas. Fazem agente se sentir a vontade. O cara tinha aquela educação de família. Não tinha aquele linguajar difícil, não sabia todas aquelas etiquetas, mas era de uma delicadeza…

Mas o que me chamou a atenção foi o fato do motorista abrir a porta para o ambulante entrar. Que gesto nobre! Que gesto bonito! Talvez você esteja pensando: – Isso não é nada demais… que bobeira!
Só que isso não é uma bobeira. É um ato de coragem. Abrir a porta do ônibus que você é responsável para permitir que um desconhecido entre, e confiar nesse desconhecido em plena São Paulo, na região do Tietê, definitivamente para mim é um ato de coragem. Eu me questionei na hora, se eu abriria a porta. Provavelmente não abriria. Mas ele agiu diferente…

Dar a oportunidade a um homem trabalhador de ganhar o seu pão de cada dia. Permitir a um pai de família que busque ganhar o dinheiro para alimentar sua esposa, seus filhos… Um gesto de solidariedade.
Provavelmente aquele motorista sabe na pele o como é difícil hoje em dia ganhar o pão de cada dia. Salário de motorista de ônibus mal dá para alguma coisa. Por isso ele sabe bem. Sabe, entende, e se compadece. Ainda há esperança no mundo gente! Ainda tem gente solidária por ai!

Por isso resolvi escrever esse texto homenageando a todos que sabem, conhecem, entendem e se compadecem da luta do outro. E mais, resolvi escrever esse texto para homenagear aqueles que mesmo sofrendo, mesmo lutando, mesmo suando para fazer valer a sua vida, tem a coragem, a ousadia, a força para sair de si, e ajudar, se envolver na vida do outro.

Vamos exaltar a solidariedade humana!
Vamos levantar a moral de quem “rala” para ajudar o outro, e muitas vezes não é reconhecido! Vamos fazer valer a solidariedade.

Precisamos ajudar, mas precisamos também exaltar aquele que ajuda. Aquele que se compadece. Aquele que é solidário. Para mim, solidariedade se dá assim. Através de gestos simples como o desse motorista. Isso é ser solidário.
Ainda há esperança no Brasil gente! Viva!
E nós, cristãos, precisamos ser assim. Precisamos viver isso. Ser solidários. Eu não sei se aquele motorista era católico. Se era cristão. Se era ateu…

Só sei que eu preciso ser tão solidário ou até mais do que aquele homem. Por que eu como cristão, eu como alguém que segue a Jesus Cristo, que lê a bíblia, que vou à missa todos os dias, que faço adoração todos os dias, preciso ter em mim atitudes de solidariedade como essa.

Lembro-me nessas horas do meu pai. Nunca ia a Igreja. Não rezava. Não lia a bíblia. Mas foi pobre e enfrentou a pobreza. Quantas e quantas vezes as pessoas batiam na porta de casa pedindo coisas e meu pai dizia:
– O único dinheiro que eu tenho, eu vou pagar alguém para tirar esse mato da frente de casa. Se você quiser fazer isso para mim eu te dou esse dinheiro.

Vi meu pai fazer isso muitas vezes. Às vezes ele até poderia dar o dinheiro e depois nós mesmos limparíamos aquilo ali. Era um servicinho bobo. Simples. Mas meu pai não via apenas o serviço que o rapaz estava fazendo.

Ele via a ajuda à pessoa no aspecto financeiro, também no aspecto moral, pois a pessoa via os frutos do seu trabalho. E as pessoas precisam disso. Precisam ser restauradas na sua dignidade. Eu e você não perderemos nada sendo solidários. Agente só ganha.

Se você ver alguém sendo solidário, estimule-o, anime-o, não o deixe esmorecer.
Pois o próprio Jesus falou:
“Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim. Perguntar-lhe-ão os justos:

– Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?

Responderá o Rei: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes”.
Sendo solidário através de gestos simples, chegaremos aos céus!

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