Mundo em busca de alternativas

De trinta de janeiro a cinco de fevereiro se realiza, em Porto Alegre, pela segunda vez o Fórum Social Mundial. Sua reedição na capital gaúcha se deve ao reconhecimento do sucesso obtido no ano passado na organização da infra-estrutura de um encontro mundial, com a esperança de que esta organização se consolide, para que o Fórum continue sendo realizado em outras partes do mundo, até atingir seus objetivos.

No ano passado a imprensa do Brasil pouca atenção deu ao Fórum. Foi erro de perspectiva. Ou melhor dizendo, foi tentativa de abafar um evento que vinha propor mudanças estruturais que afetam também a situação interna do Brasil. Desta vez o interesse é maior, e o evento se coloca em sua dinâmica de suscitar um envolvimento crescente na reflexão que ele desencadeia.

O “Fórum Social Mundial”, sempre é bom lembrar, nasceu como contraponto ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça. Lá, os representantes das grandes economias, governantes ou empresários, se reuniam para analisar as últimas tendências do mercado, e apontarem as novas oportunidades que iam surgindo no mundo dos negócios. O Fórum Social quer olhar a realidade no seu conjunto, e na sua totalidade. Sobretudo para que a economia do mundo seja pensada em vista da sobrevivência de todos e não em vista do enriquecimento de poucos.

O Fórum Social se propõe, portanto, uma busca de sentido global, uma racionalidade para a organização do mundo, que se guie por objetivos do bem comum a ser construído para todos. Sua consistência reside no fato de ter conseguido nuclear, e articular, uma reflexão que vinha crescendo no mundo, e que agora encontrou uma convergência que pode lhe dar sustentação, consolidando propostas que possam ser efetivadas na prática.

A inspiração básica, que serve de motivação para o Fórum Social, é que “um outro mundo é possível”. Portanto, o Fórum se caracteriza pela busca de alternativas que produzam mudanças significativas, estruturais. A proposta do Fórum perderia consistência se os debates girarem em torno de arranjos superficiais, que não modificariam a dinâmica básica da atual situação mundial, que está produzindo concentração crescente de riquezas, paralelamente ao agravamento da pobreza em muitos países e continentes. Para a situação atual do mundo vale a advertência do Evangelho, de que “não adianta colocar remendo novo em pano velho”.

O desafio está em encontrar os caminhos para reverter esta dinâmica, e resultar de fato num “mundo diferente”. Pois a percepção dos resultados é clara. É fácil desejarmos um mundo diferente daquele, por exemplo, que mostrou de novo sua cara em 2001, com a guerra, os atentados, a crise na Argentina. Todos queremos, sim, um mundo sem guerra, sem violência, sem fome, sem droga, sem exploração, sem exclusão. E desejamos um mundo com justiça, com dignidade, com educação, com participação consciente e responsável de todos.

Este mundo diferente precisa resultar do esforço e da participação de todos. O Fórum Social de Porto Alegre quer se constituir num impulso organizado, articulado, aberto, e persistente, para que mudanças significativas sejam efetivadas o quanto antes. Pois “quem sabe, faz a hora acontecer”.