Meu irmão, Padre Léo...

Final de domingo em Roma. Março de 2006.

Nossa comunidade rezou pela saúde do Pe. Léo. Nós nos unimos a tantas pessoas, milhares, que em todo o mundo lembram desse sacerdote do Coração de Jesus e da obra restauradora de Bethânia. Coração grande e pernas ligeiras. Onde está o padre Léo? Em São Paulo, Portugal, Terra Santa, São João Batista, Cachoeira Paulista. Ele é meio como o Espírito Santo. A única diferença é que o Espírito de Deus “está” em todos os lugares e o Pe. Léo “já esteve”. Em minha vida de pregador andei muito. O refrão era sempre o mesmo: “Pe. Léo esteve aqui”. Quase sempre podia ouvir um testemunho de conversão, de cura ou a lembrança de uma piada edificante. O estilo Léo é assim, faz a gente rir e depois, quando estamos com os ouvidos bem abertos, proclama com poder a Palavra de Deus.

O que pouca gente conhece é o papel de Pe. Léo em minha vida. Escrevo estas linhas em prece para que logo ele esteja totalmente recuperado e nos plenifique com sua unção. Conheci o Léo em 1982. Eu estava terminando o “segundo grau”, hoje, ensino médio, no Seminário Dehoniano de Curitiba. Nas férias fazia estágio de postulantado em Jaraguá do Sul, preparando a entrada no postulantado. Tinha 18 anos. Vi aquele cabeludo fumando. Não gostei. Falava demais. Era meio profano, quase pagão. Não fazia muito tempo que era um jovem do “mundão” e tinha se convertido e resolvera entrar no seminário.

Ele me parecia um sujeito bem mais velho, mas na verdade tinha apenas 22 anos. Vangloriava-se de ter tido mais de vinte namoradas. Já era noivo quando resolveu deixar tudo e seguir Jesus. Tinha a Bíblia toda riscada, anotada. Na capa, a mesma imagem que hoje é marca registrada da Comunidade Bethânia. De jovem do mundo tornou-se imadiatamente pregador. Era carismático.

Eu não tinha a mínima idéia do que era aquilo, havia entrado no seminário com onze anos. Já estava sete anos no caminho. Não havia tido namoradas nem uma grande conversão. O Léo era um “cara diferente”, mas apesar de tudo isso, ficamos amigos. Foi dele que ouvi falar pela primeira vez em RCC, em 1984, quando fizemos o noviciado juntos. Ele tentou nos converter. Não conseguiu. Achamos aquilo tudo muito estranho: falar todos ao mesmo tempo e em línguas estranhas, era muito para a nossa cabeça.

No ano seguinte, em Brusque, Santa Catarina (minha cidade natal), durante o curso de Filosofia, fomos provocados pelo reitor para pregar juntos um retiro em Blumenau (SC). Tantas histórias. Preparei-o bem. Fiz canções. E aprendi do seu “jeitão”. Deu certo. Depois pregamos em São João Batista (SC). Virei pregador auxiliar.

Terminou o tempo de Brusque e o Léo foi cursar Teologia, em Taubaté (SP). Eu, ao invés, fui trabalhar em um seminário no norte do Paraná, em Terra Boa. Ele já era pregador de multidões. Eu nunca tinha pregado um retiro. Um dia, toca o telefone e ele me convida para pregar um retiro para músicos em Londrina (PR). Aceitei. Foi em 1988. Meu primeiro retiro. Lembro-me de cada detalhe. O “Frei Léo” (como era conhecido naquele tempo) me fez pregador.

continua…