Família, comunidade de vida e amor!

Alguns dizem que a família ‘já era’. Os tempos modernos acabaram com esta instituição cerceadora da liberdade e conservadora de tradições que abafaram o ser humano. Homem e mulher sempre haverão de procurar-se, mas não necessitam da família com as características do passado. Indubitavelmente muitas famílias no passado foram espaços de encontro e de felicidade.

Verdade é que, não poucas, esqueceram da pessoa humana que estava por detrás da mulher, não valorizaram suficientemente os filhos, fizeram imposições que resultaram em traumas e feridas nunca devidamente cicatrizadas.

Mas, homem e mulher continuam a se procurar. Há uma atração entre o masculino e o feminino desejado por Deus Criador. O homem é ser solitário e precisa da mulher para completar-se. No começo da idade adulta, duas histórias e duas vidas se encontram para fazer uma caminhada. Nada está pronto no começo. Tudo está por fazer.

Há um momento no tempo do conhecimento mútuo em que as pessoas vão se clareando e ambos sentem que podem se entregar um ao outro. Não querem apenas entregar seus corpos, mas sua vida e seu coração. Começa então uma realidade nova e diferente: o casal. A construção desse casal não termina nunca. Será preciso que, de mãos dadas, com o coração aceso, na chuva e no sol caminhem juntos, delicadamente, persistentemente, corajosamente. A base de todo casamento é o amor. O amor é atitude de pessoas maduras.

Quando ele existe, dura, tende a perpetuar-se. Não é apenas emoção de um momento, não visa a satisfação egoísta de carências. É certeza de que é possível tornar o outro grande. É convicção de que, no tempo que passa, será feita uma construção que nada mais é do que o tirar as conseqüências do querer bem. Este homem, esta mulher, com suas qualidades e sua graça, com seu temperamento e seus projetos, este e esta se tornam companheiros. Nada melhor do que a palavra companheiro para exprimir a caminhada a dois. Quem se casa quer uma união definitiva.

Não se admite casamento com a idéia já firme de que não venha a durar.

Toda separação é como um vaso delicado que se quebra. Alguém saiu de seu unicepcionado!O tempo do namoro é muito importante. Nunca é demais insistir: é no tempo do namoro e, posteriormente na época do noivado, que as coisas adquirem contornos nítidos e que uma pessoa pode tomar a decisão firme de fazer estrada com alguém. Quem assim se casa, baseando no amor, consciente de que é preciso construir uma vida conjugal, não haverá de conhecer a tragédia da separação.

O amor de um homem e de uma mulher é a base de uma família.O casal não se basta, tem a necessidade de dar frutos em seu amor. Entre esses frutos estão os filhos.

Nenhum filho pode nascer por acaso. Precisa ser desejado e querido. Só pode nascer bem se existir o compromisso amoroso de um pai e de uma mãe que formam uma comunidade de vida e de amor que se chama família. O ser frágil e indefeso necessita de cuidados e atenção, de leite e de pão, de carinho e ternura, de estímulo e correção, de irmão e de Deus. Pai e mãe se tornam responsáveis pela fragilidade que é colocada em suas mãos. Sem família bem constituída, a criança estará exposta a todas as intempéries e sofrimentos do mundo.

Os meninos e meninas de rua, os prostituídos na infância e na adolescência são frutos de pais que não constituíram uma família estável. São também, é bem verdade, resultado de uma sociedade perversa que não distribui equivalentemente os bens e as rendas criando assim situações desastrosas de miséria.

No seio de uma comunidade de vida e de amor, e para cristãos da Igreja doméstica, alicerçada sobre o sacramento do matrimônio, que meninos e meninas despertam para a vida, aprendem a amar, descobrem suas riquezas pessoais, curam suas feridas, choram suas lágrimas, vislumbram o rosto de Deus e conhecem a Cristo.

Diante de tudo isso é absurdo dizer que ‘família já era’. O que poderá substituir a família na vida de um adulto? O prazer buscado doidamente? Uma falsa liberdade? Recomeços e sempre novos recomeços. Uma vida sexual desenfreada? Nada disso enche o coração do homem e da mulher. Somos todos apóstolos da família. Enquanto tivermos força haveremos de batalhar para que a família exista, seja espaço de construção, seja espaço de verdadeira liberdade, seja lugar onde Deus possa morar e se manifestar.

Realmente, como diz João Paulo II, o futuro da humanidade passa pela família, santuário de vida, comunidade de vida e de amor, celeiro de vocações, Igreja doméstica.