Escola: Mar da Galiléia

Não sei se para você seria assim, mas para mim, com certeza. Se eu estivesse no lugar de Pedro naquela madrugada de tempestade em que os apóstolos, navegando numa embarcação no mar da Galiléia, viram o Senhor andando sobre as águas, olharia para mim e gastaria o tempo que fosse necessário admirando minha capacidade de também andar sobre as águas.

Primeiramente, com o olhar fixo nos meus pés, observaria que eles não afundariam mesmo se eu pisasse forte. Talvez levantasse a barra da túnica para ver melhor. O barulho das ondas e a força do vento seriam ignorados perto de tamanho feito: eu, andando sobre as águas. Poderia até pular para constatar minha capacidade. Desejaria ardentemente que minha família toda estivesse ali assistindo aquilo.

Penso em vários nomes que deveriam presenciar o feito: amigos antigos de escola, gente da minha cidade natal, vizinhos, colegas de trabalho, aquele chefe que eu não gosto, aquela amiga atéia. E o pessoal da Paróquia? Esses então eu gostaria que estivessem logo atrás daqueles que nunca concordam comigo em nada. Sim, claro. Gostaria que os tais polêmicos estivessem na primeira fila, observando tudo do melhor ângulo. Se eu andasse sobre as águas, certamente mostraria a muitos. E até diria: “O Senhor fez em mim maravilhas”.

E aí o meu fim seria o mesmo de Pedro: afundaria. Creio que gastamos muito tempo admirando a nós mesmos, nossa beleza, capacidades, virtudes, dons e carismas extraordinários e quase nos esquecemos de adorar Aquele que é o Senhor da beleza, capacidades, virtudes, dons e carismas extraordinários.

Restaria então, dizer também como Pedro: “Senhor, salva-me”. E o Senhor, que é todo misericórdia, nos estenderia a mão prontamente e nos lembraria de que nunca deveríamos ter desviado Dele, o olhar. Mesmo andando sobre as águas.