E quando o Pai me segura?

Era uma manhã de domingo, o sol dourava as verdes montanhas da cidade que os poetas, não sem razão, a chamam maravilhosa. Lá estava eu caminhando na praia enquanto rezava o meu rosário sozinha, observando a natureza e as pessoas – gosto muito de fazer isto de vez em quando. Para mim, a solidão e o silêncio também são formas de encontro com Deus e comigo mesma.

Enquanto desfrutava de tantas riquezas, Deus ia me falando ao coração. Mas foi através de um fato, que captei melhor o Seu recado.

Desde que cheguei na praia, vi um pai que caminhava lentamente, seguindo os passinhos um tanto atrapalhados de sua filha que não chegava a ter dois anos.

Por causa da minha admiração por crianças não foi difícil prender a minha atenção àquela cena encantadora. Havia cumplicidade e ternura entre os dois. Ele a fitava com um olhar sereno e amoroso, e estava ali todo para ela. A pequena, por sua vez, caminhava com ar de felicidade e independência, mas sempre dando uma olhadinha para confirmar a presença paterna, de onde lhe vinha toda a segurança.

De repente, veio uma pequena onda, capaz de alcançar o local onde a garota estava e molhá-la por inteiro; como, apesar do sol, fazia frio, um banho de água gelada não cairia bem.

Ao ver o perigo, o Pai não pensou duas vezes, levantou a filha num impulso e suspendeu-a pelos braços no ar. Ela, sem entender o que lhe acontecia, fez birra e pôs-se a chorar, queria continuar sua caminhada, não conseguia enxergar o perigo, nem entender as razões do pai agir assim. Me vi naquela cena!

Às vezes, o Pai me segura no ar, tira meus pés do chão e, sem explicação, me faz mudar a rota. Confesso que tenho pensado sobre minhas reações quando o Pai me segura; a cena me ajudou muito… Conheço uma música que diz:

“Não é como eu quero nem quando eu quero, Deus sabe o que é melhor pra mim…”

Acredito que é por aí que devo seguir: abandonando-me confiantemente nos braços do Pai, Ele sabe bem a hora de me segurar ou de me deixar seguir, sabe o que é melhor para mim! Quando se fala de esperar, Santa Tereza de Jesus, diz para a sua alma o que podemos dizer para a nossa:

“Espera ó minha alma, espera. Ignoras o dia e a hora. Vigia cuidadosamente, tudo passa com rapidez, ainda que tua impaciência torne duvidoso o que é certo e longo um tempo bem curto. Considera que, quanto mais pelejares, mais provarás o amor que tens a teu Deus mais te alegrarás um dia com teu Bem-amado em gozo e deleite que não podem ter fim.”

E se for outro aspecto, a razão da contrariedade; calma, já compreendemos que o Pai tem lá suas razões para nos segurar…

Portanto, se de repente faltar chão para os seus pés, acredite que é o Pai lhe segurando.

Não faça birra, confie Nele! Lembre-se de que Ele o ama e sabe o que é melhor para você.