Dou-vos a paz

Paz significa recolocar as coisas em sua ordem natural conforme a determinação de Deus. Ela diz respeito a todos os tipos de relacionamentos. O Paraíso tem sido freqüentemente representado como uma vida pacífica entre Deus e o povo de Deus, entre cada pessoa e seu vizinho, entre a raça humana e o mundo criado. A paz existe somente onde há justiça. Contrariamente, o pecado é o que causa a ruptura desses relacionamentos. O pecado dispersa, a justiça une.

Nossas ações diárias e a escolha que fazemos têm repercussões para o bem ou para o mal; através delas nós nos aproximamos ou nos distanciamos inevitavelmente de Deus e de nosso próximo; obtemos e espalhamos paz, dissipamos ou rompemos com ela. No Oriente, o povo cumprimenta-se desejando a paz, porque isso é o que de mais belo se pode oferecer ao outro, o melhor relacionamento que se pode manter com o próximo e o direito que mais se deve defender.

Deus Pai é o Deus da paz, que nos reconciliou pelo sangue de seu único Filho (II Cor 13, 11).

A oração pela paz também nos prepara, como indivíduos cristãos e como Igreja para empreendermos a missão profética que pertence intrinsecamente ao corpo de Cristo: ser instrumentos e artesãos da paz e justiça, de uma nova humanidade, em nosso mundo destruído e crivado de guerras. O comprometimento ativo em favor da paz e justiça é fruto do trabalho do Espírito Santo dentro de nós. Esse não é um projeto humano, mas obra de Deus; e as Escrituras relatam com vivacidade que a paz de Deus não é a paz do mundo. Os profetas Isaías (2,4) e Miquéias (4,3) falam de um tempo em que as nações “de suas espadas forjarão relhas, das suas lanças, podadeiras.”

A visão da transformação dos instrumentos de guerra naqueles que constroem comunidades continua a inspirar os cristãos a manusearem habilmente a ferramenta do diálogo e da solução não violenta de conflito, na busca da paz com justiça, usando meios totalmente coerentes com o fim procurado, a exemplo de Jesus. Miquéias e Jeremias também deram testemunho de uma tradição profética de clamor contra a hipocrisia e a falsa retórica de paz, insultando aqueles que dizem “”Tudo em paz! Tudo em paz!” Quando não há paz” (Jer 6,14), aqueles que “…se têm algo para morder em seus dentes, proclamam: “Paz”; Mas a quem não lhes põe nada na boca, eles declaram a guerra santa”. (Miq 3,5)

Fonte: Vaticano – SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS 2004
“Eu Vos Dou A Minha Paz” – Jo 14, 27
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