Doce Hóspede da alma

Ó Espírito Santo, que habitais em nós, tornai-nos templos
de vossa glória
(MR, 3ª-feira VII Sem. Páscoa)

Referem os Atos dos Apóstolos o fato dos cristãos de Éfeso, os quais, tendo sido batizados com o batismo de João, não só não tinham recebido o Espírito Santo, mas nem sabiam de sua existência. Paulo então os instruiu e os batizou ’em nome do Senhor Jesus’ e, ‘quando lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo’ (At 19, 5-6).

Apenas preparatório era o batismo de João, ele mesmo o havia dito: ‘Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu… ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo’ (Lc 3, 16). É este o batismo que havia Jesus anunciado a Nicodemos: ‘Em verdade te digo, quem não renascer da água e do Espírito, não poderá entrar no reino de Deus’ (Jo 3, 5). Eis o batismo por meio do qual comunica Cristo à Igreja e a cada um dos fiéis seu Espírito, a fim de que vivam sua própria Vida.
‘Para que nele incessantemente nos renovemos… – ensina o Concílio Vaticano II – (Cristo) deu-nos seu próprio Espírito que, sendo um só e o mesmo na Cabeça e nos membros, de tal forma vivifica, unifica e move todo o Corpo que seu ofício pôde ser comparado pelos santos Padres com a função que exerce o princípio da vida ou a alma, no corpo humano’ (LG 7).

Em virtude do batismo de Cristo, o Espírito Santo – terceira Pessoa da SS. Trindade, em tudo igual ao Pai e ao Filho, Espírito de amor procedente do Pai e do Filho, Espírito que vivifica e guia a vida do Salvador – desce sobre a Igreja e sobre cada fiel, vivifica a Igreja inteira e cada membro dela em particular. ‘Único e idêntico’ em Cristo, na Igreja e nos fiéis, é o Espírito Santo o princípio vital e santificador da Igreja. Por ele a Igreja e, portanto, cada fiel vive em Cristo e de Cristo. Quem pertence a Cristo tem o Espírito de Cristo, diz S. Paulo (Rm 8, 9).

‘Se me amardes, observareis meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito, que ficará convosco para sempre, o Espírito de verdade’ (Jo 14, 15-17). Ao prometer aos discípulos o Espírito Santo, pede-Ihes Jesus uma só condição: o amor autêntico que se prova pelas obras, pelo generoso cumprimento da vontade divina.

O Espírito Santo, Espírito de amor, não pode ser dado a quem não vive no amor. Mas, para quem vive no amor e, portanto, na graça, o Espírito Santo é assegurado pela promessa infalível e pela oração onipotente de Jesus. Não se trata de dom passageiro, restringido ao momento em que se recebem os sacramentos ou, de qualquer forma, limitado a certo tempo, mas de dom estável, permanente: é o Espírito Santo enviado para ‘ficar’ conosco sempre. O Divino Paráclito ‘permanece’ no fiel em estado de graça: ‘nos corações (dos fiéis) habita o Espírito Santo como num templo’ – afirma o Concílio (LG 9). É ‘o doce Hóspede da alma’ e quanto mais cresce ela em graça e amor, tanto mais se compraz o Espírito Santo em habitar nela e em trabalhar para santificá-La.

Está o Espírito Santo no homem para formá-lo à imagem de Cristo, para solicitá-lo ao cumprimento da vontade de Deus, para sustentá-lo na luta contra o mal e na prática do bem. ‘Vem o Espírito Santo em auxílio da nossa fraqueza’ (Rm 8, 26) e, fazendo sua a nossa causa, ‘intercede com insistência por nós’ (ibidem) junto ao Pai.

Se têm os batizados tão poderoso Advogado, tão válido apoio, por que são tão raros os que chegam à santidade? É o tremendo mistério da liberdade do homem e, ao mesmo tempo, de sua responsabilidade! Deus, que criou o homem livre, não o santifica contra sua vontade. Se o cristão não se santifica é unicamente porque não deixa em si livre campo à ação do Espírito Santo, mas a impede com os pecados, com sua falta de docilidade e de generosidade. Se usasse a liberdade para abrir-se totalmente à invasão do Divino Paráclito, para submeter-se em tudo ao seu influxo, Ele o tomaria sob sua direção e o santificaria. Cumpre, portanto, rezar com a Igreja:

‘Vinde, Espírito Santo, lavai o que é impuro, regai o que é árido… dobrai o que é rígido, aquecei o que é frio’

O Seu Irmão Eduardo Rocha Quintella.
Continuo orando por você.

Eduardo Rocha Quintella
Fraternidade S. J. da Cruz – O.C.D.S – B.H. – Adorador Noturno da Catedral Nossa Senhora da Boa Viagem – B.H.
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