Cristãos de Meia Tigela

Imagine sua vida como um vaso, onde Deus quer derramar as riquezas da sua misericórdia. Deus não quer apenas encher este vaso, mas quer fazê-lo transbordar! Deus quer assim abençoar a sua vida e, através de você, o mundo inteiro…
Os tesouros de Deus são infinitos, seu amor não tem fim! Deus, transbordando de amor, que é a sua própria natureza, quer cumular-nos deste mesmo amor. Veja que Deus não nos quer dar apenas dons ou bens que Ele possui. Não… O presente que Ele nos quer dar é a sua própria pessoa. Deus quer dar-nos tudo, quer dar-se a si mesmo como presente para nós!

“Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância” (Jo 10,10).

“Eu lhes dei a glória que me deste, para que eles sejam um, como nós somos um: eu neles, e tu em mim…” (Jo 17,22-23).

“De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,12-13).

“Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como é que, com ele, não nos daria tudo?” (Rm 8,32).

“No entanto, eu vos digo a verdade: é bom para vós que eu vá. Se eu não for, o Defensor não virá a vós. Mas, se eu for, eu o enviarei a vós” (Jo 16,7).

“Se conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede, porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna” (Jo 4,10.14).

“Mas recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1,8).

“E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

Deus manifestou muitas vezes o desejo de se dar a nós. Que ingratidão seria recusar tão generoso presente! Que orgulho seria dizer que não precisamos dele! E que perversão seria dizer que estamos melhor sem ele!

Deus realmente anseia por nos cumular de todas as bênçãos espirituais. Ele, que é amor, tem sede de nos amar: “Eu os lacei com laços de amizade, eu os amarrei com cordas de amor; fazia com eles como quem pega uma criança ao colo e a traz até junto ao rosto. Para dar-lhes de comer eu me abaixava até eles” (Os 11,4).

Portanto, se nosso vaso de amor está pela metade, a culpa é exclusivamente nossa. Se não estamos cheios, transbordantes, se nosso vaso não se tornou “uma fonte de água viva jorrando para a vida eterna”, é porque estamos deixando a graça passar.

Não podemos nos contentar com o “mais ou menos”. Ninguém teria coragem de morar num prédio cujos alicerces o engenheiro tenha calculado “mais ou menos”. E quanto aos alicerces de nosso edifício espiritual? Da mesma forma, ninguém arriscaria sua vida numa cirurgia “mais ou menos”. E quanto à vida da nossa alma?

Se somos assim zelosos com as coisas do mundo, muito mais devemos ser com as coisas de Deus, especialmente aquelas que dizem respeito à salvação da nossa alma. Porque o diabo é quem quer nos levar no “mais ou menos”, para que sejamos mais ou menos cristãos e cumpramos mais ou menos os mandamentos, sem levar muito a sério essas questões de vocação, pureza, santidade, etc., e assim ele consiga levar muitas almas mais ou menos para o inferno.

Que isto não aconteça conosco! Neste ponto, temos que ser radicais, isto é: precisamos ter raízes profundas em Deus, para que dele recebamos constantemente a água viva, que é o seu Espírito, e assim nos tornemos vasos transbordantes do amor e da misericórdia de Deus, vivendo na esperança de um dia o contemplarmos face a face, conforme a sua promessa.

Deus muito pode realizar em nós e através de nós, se em nosso coração não pusermos limites ao seu amor. Da parte dele, Ele nos quer cheios. Basta que queiramos isto também.

Irmãos, não podemos nos contentar em ter o nosso vaso pela metade; não podemos dizer: “assim está bom, não preciso de mais do que isso”. Isto é orgulho, é achar que nos bastamos a nós mesmos. Não! Nós absolutamente precisamos da plenitude do Espírito Santo. Sem Ele, não somos nada! Se queremos ser cristãos de verdade, nosso vaso precisa estar sempre cheio e transbordante do Espírito de Deus!

A escolha é nossa: cristãos de verdade ou cristãos de meio vaso. Ou seria de meia tigela?