As graças próprias do sacramento do matrimônio

5. Globalmente abraçando todas as concretizações, a graça própria do sacramento do matrimônio é o caminho de santidade dos esposos. “O sacramento do matrimônio, que retoma e especifica a graça santificante do batismo, é a fonte própria e o meio original de santificação para os esposos”. Esta graça sublinha o caráter perene e contínuo deste sacramento. “O dom de Jesus Cristo não se esgota na celebração do matrimônio, mas acompanha os esposos ao longo de toda a existência. (…) Jesus Cristo permanece com eles, para que, assim como Ele amou a Igreja e Se entregou por ela, de igual modo os esposos cristãos são fortalecidos e como que consagrados em ordem aos deveres do seu estado por meio de um sacramento especial; cumprindo, graças à energia deste, a própria missão conjugal e familiar, penetrados do Espírito de Cristo que impregna toda a sua vida de fé, esperança e caridade, avançam cada vez mais na própria perfeição e mútua santificação e cooperam assim juntos para glória de Deus” 8.

Mais concretamente, a graça específica do sacramento é o aprofundamento da comunhão conjugal, como autêntica vivência da caridade e participação no amor com que Cristo ama a Igreja. Isto supõe a generosidade do dom, a vitória sobre todas as tentações de egoísmo e de auto-procura, a vivência do próprio corpo como sinal de dom e de comunhão e não como busca de si mesmo. No amor conjugal o próprio prazer é oferecido ao outro, na busca de uma plenitude de comunhão.

Esta graça sacramental ajudará à revelação mútua dos cônjuges, ao respeito pela identidade e dignidade de cada um, à ajuda mútua e fraterna; ensina a perdoar e a acreditar, em cada momento, que o amor é possível, atraídos pela comunhão definitiva no Reino dos Céus.

Outro aspecto da graça própria deste sacramento é a sua fecundidade eclesial. A comunhão verdadeira entre os esposos prolonga-se na construção da comunidade familiar, como autêntica comunhão de vida e de amor e na edificação da Igreja como mistério de comunhão e esposa de Cristo. Há uma fecundidade apostólica no amor conjugal. Mas nisso falaremos no próximo artigo.