A Unidade e a Trindade de Deus

”Caríssimos irmãos e irmãs!

1. Neste domingo, que segue a Festa de Pentecostes, celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. A Unidade e a Trindade de Deus é o primeiro mistério da fé católica. Chegamos a ele no final de um caminho de revelação, que cumpre-se em Jesus: em sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição. Sobre o “monte santo”, que é Cristo, contempla-se o horizonte primeiro e último do universo e da história: o Amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Deus não é sozinho, mas comunhão perfeita. Desse Deus comunhão surge a vocação de toda a humanidade, a formar uma única e grande família, em que as diferentes raças e culturas encontrem-se e enriqueçam-se reciprocamente (cf. At 17, 26).

2. À luz desse horizonte universal de comunhão, ressalta como grave ofensa a Deus e ao homem todas as situações em que as pessoas ou grupos humanos são obrigados a fugir da própria terra para encontrarem refúgio em outro lugar. Isso recorda-nos a anual Jornada Mundial do Refugiado, que será celebrada na sexta-feira próxima, 20 de junho, e que neste ano, convida a prestar atenção na realidade dos jovens refugiados.

Em todo mundo, quase a metade dos refugiados são crianças e jovens. Muitos desses não freqüentam escolas, carecem de bens essenciais, vivem em campos de refugiados, ou até mesmo, de detentos.

O drama dos refugiados exige da comunidade internacional o compromisso de excluir não somente os sintomas, mas primeiramente as causas do problema: prevenção dos conflitos, promovendo a justiça e a solidariedade em todo âmbito da família humana.

3. Dirijamo-nos agora à Virgem Maria, e a contemplemos-na, qual admirável criatura da Santíssima Trindade: “ponto concreto de um conselho eterno”, como canta o sumo poeta Dante Alighieri (Paraíso XXXIII, 3). Pedimos-lhe que ajude a Igreja, mistério de comunhão, a ser sempre a comunidade acolhedora, onde cada pessoa, especialmente as pobres e marginalizadas, possa encontrar acolhimento e sustento.”

Após a oração do “Ângelus”, João Paulo II pronunciou estas palavras:

“Mais uma vez, têm-se vivido dias de sangue e de morte para os habitantes da Terra Santa, entrando num turbilhão sem fim de violência e represária.

Quero repetir a todos o chamado já dirigido com freqüência no passado: “Não há paz sem justiça; não há justiça sem perdão”. Recordo hoje novamente com mais convicção, dirigindo-me a todos os habitantes da Terra Santa.

Exorto, ainda, à comunidade internacional a não cansarem-se de ajudar os israelitas e palestinos a voltarem a encontrar o sentido do homem e da fraternidade para construirem juntos o futuro.

Que a Virgem Santíssima interceda por todos os nossos, para que Deus nos faça instrumentos de sua paz.

Às 19h da próxima quinta-feira, solenidade de Corpus Christi, no átrio da Basílica de São João de Latrão, presidirei a Santa Missa, seguindo a tradicional procissão até Santa Maria Maior. Convido a todos a participarem desta celebração, para expressarmos juntos a fé em Cristo, vivo e presente na Eucaristia”