A Origem do Amor

Em nossa vida, constantemente precisamos tomar decisões: se vamos a um passeio ou à missa; se permanecermos neste emprego, ou buscamos outro; se usamos esta ou aquela roupa etc. Desde as mínimas coisas, até as grandes decisões – como resposta à determinada vocação – em tudo devemos nos posicionar, fazer uma “cisão“, isto é, uma quebra, um rompimento com algo para assumir outro.

Viemos do amor e vamos para o amor. Por isso, durante este trajeto da vida que temos aqui na terra, precisamos ser burilados pelo amor.

São João em sua primeira carta afirma que o amor não só vem de Deus, mas conduz a Ele. E numa breve afirmação, São João faz uma das mais profundas e grandiosas revelações do Novo Testamento: “Deus é amor” (1 João 4,8). Deus age por amor, criou o mundo por amor. E foi por amor que enviou seu Filho único à terra ( 1 João 4,8). Graças à encarnação do Filho de Deus, somos capazes de compreender toda a grandeza do amor de Deus para conosco. A iniciativa do amor é d Ele. Porque é Ele amor. “Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou-nos o seu Filho” ( 1 João 4,10).

O amor de Deus é um ímã que nos atrai cada vez mais além de nossa situação atual. Ele está sempre fora de alcance, longe o bastante para que nunca possamos estabilizar-nos em confortável complacência e, todavia, nunca tão distante para desistirmos da busca como impossível… uma vez que possamos abandonar nossas próprias expectativas e deixá-lo ser o legítimo Senhor da dança, o Mestre da caçada. À medida que continuamos explorando pouco a pouco o amor, começamos a descobrir que o Senhor está nos conduzindo não rumo a algum mundo angélico estranho, mas cada vez mais profundamente no âmago de nossa própria existência concreta.

A vida interior não é tanto uma fuga para as estrelas quanto uma jornada cada vez mais profunda para o verdadeiro centro de nós mesmos, para o âmago do nosso ser, no qual só Deus habita e no qual nunca estivemos. Parece-me que esse é um dos temas centrais do Evangelho de João: a vida interior não é uma questão de ver coisas extraordinárias, mas sim, de ver as coisas comuns com os olhos de Deus. Por conseguinte, é verdade, que no fim de toda nossa exploração, chegaremos ao mesmo local de onde partimos, embora o conheceremos, verdadeiramente, pela primeira vez.

Santa Teresa de Ávila, em seu livro “Castelo Interior” ou “Moradas”, descrevendo o itinerário espiritual da pessoa que se entrega à oração, diz várias vezes, como se sentia pequena, como que “esmagada” diante de tudo o que Deus lhe fazia, por todas as graças que recebia do Senhor.

Quando a pessoa que Deus coloca em nossa vida para que a amemos, não nos agrada, ou quando esta se torna um peso, ou mesmo se esta tem o dom de desagradar-me em tudo – segundo a expressão de Santa Teresinha – então sim, estarei diante de uma excelente oportunidade para viver o verdadeiro amor, o amor gratuito que Jesus me pede e ensina.

”Seja nosso amor para com cada pessoa este ato de decisão que nos leve a perseverar até o fim, ou seja, até a consumação de nossa vida no céu, onde tudo será amor, pois na tarde da vida seremos julgados pelo amor” (São João da Cruz).

Seu Irmão
Eduardo Rocha Quintella
Continuo Orando Por Você!