Sociedade

A educação política é uma necessidade premente da sociedade

Qual a sua postura política na hora de escolher um candidato?

Caro internauta, estamos tratando de um assunto muito importante, especialmente no momento atual em que a discussão política está bastante acirrada. No artigo anterior, tivemos a oportunidade de entender o papel do cristão frente à política e como ele deve se portar diante dela. Vimos, também, em que circunstância o cristão não deve obedecer às autoridades políticas.

Neste artigo, veremos a importância da educação política. Ela nos dá subsídios para escolhermos bem os nossos representantes. Além disso, trataremos de algumas qualidades que os nossos futuros representantes precisam ter frente ao pensamento cristão.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

É preciso buscar qualidades morais nos nossos candidatos

Este talvez seja o momento de invertermos o nosso pensamento com relação aos políticos e colaborar para que os outros também mudem. Já introduzimos esse assunto no primeiro artigo, chegou o momento de darmos mais um passo. Os políticos não deveriam ser vistos como aproveitadores, ladrões nem corruptos. Pelo contrário, se eles receberam do povo esse alto encargo, diz-nos o Papa João XXIII na Carta Encíclica Pacem in Terris, é “porque foram escolhidos dentre os melhores elementos da comunidade, por denotarem qualidades humanas fora do comum”. Pelo menos, assim deveria ser.

Se não vemos essas qualidades humanas de que fala o Papa João XXIII nos nossos políticos, é porque todo o sistema político está doente. Digo “todo”, porque é preciso lembrar que o político não se elege sozinho. Se ele está lá, alguém o colocou lá. Assim, está doente o eleitor e está doente o eleito. É preciso coragem e alto grau de nobreza para admitir isso. Não havendo esse reconhecimento, dificilmente algo mudará nas próximas eleições. Candidatos doentes continuarão buscando os votos dos eleitores moribundos.

A política não pode ser feita com base em interesses particulares. O candidato não pode ser eleito para se servir do poder nem o eleitor pode aceitar ser comprado para eleger alguém. Não se trata, aqui, de ser comprado com dinheiro vivo apenas, mas por diversos “benefícios” sociais ou privados. Muitos desses “benefícios” só chegaram a ponto de hoje serem considerados importantes ou necessários, porque toda uma estrutura de governo foi, primeiro, corrompida por atores políticos que perderam de vista a moral cristã.

Acorda! Estamos fora do foco

Caro internauta, nem posso mais dizer que a lente com que estamos olhando para a política está embaçada. Infelizmente, o caso é um pouco mais grave, nossas lentes estão desfocadas ou arranhadas. Tente responder a esta pergunta: o que você está buscando quando se propõe assistir ao horário eleitoral? Candidatos palhaços (no melhor sentido da palavra) fazendo palhaçadas? Ou você estaria esperando aparecer aquelas figuras jocosamente extravagantes com roupas estranhas ou com vícios na dicção que inundam o horário eleitoral? Ora, se você está buscando um momento de descontração em uma circunstância tão séria e importante como esta, é porque você já foi contaminado pela mesma doença de muitos. Não se esqueça de que circo vazio de público é picadeiro vazio de palhaços.

E os debates eleitorais? Você já se perguntou que espécie de motivação o leva a assistir-lhes? Já que estamos falando de circo, talvez você chegue à conclusão de que o motivo que o leva a assistir aos debates é a vontade de ver o “circo pegar fogo”. Quem sabe você não deseja presenciar, ao vivo, pela TV, as mais variadas agressões pessoais, ou ainda proporcionar a si próprio o regozijo por ver seres humanos sendo humilhados, ridicularizados, desrespeitados, enquanto você comemora como se fosse um gol de final de Copa do Mundo? Quem busca esse tipo de entretenimento nos debates eleitorais deveria ter vergonha de reclamar dos políticos.

Só se faz um bom eleitor com formação séria

A política precisa ser levada a sério. Para isso, é preciso buscar uma formação pessoal em cultura política também de forma séria. E, não se engane, essa formação não cairá do céu. No Brasil, essa cultura, infelizmente, não existe. A iniciativa precisa ser sua. Aliás, um povo sem cultura política é mais facilmente enganado, confundido e explorado. Talvez, essa seja mesmo a intenção de quem ocupa os cargos públicos. É você quem precisa garimpar bons livros, bons sites, boas revistas. Busque conhecer a história política do seu país em livros não ideologizados. Busque conhecer também a história política do seu estado e da sua cidade.

A partir de agora, proponho-me dar algumas dicas fundamentais para os eleitores cristãos que querem fazer uma boa escolha nas próximas eleições. Quero salientar que não tirei essas dicas da minha cabeça, mas de um documento bem atual emitido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Leia mais:
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A mensagem que a presidência da CNBB enviou a todos os brasileiros em virtude da comemoração da independência do Brasil traz preciosas orientações. Acompanhe um trecho: “Nas eleições de outubro, o eleitor avalie com seriedade cada candidato, cada candidata, suas promessas, sua campanha, as alianças de seu partido e sua atuação política passada. ‘O bem maior do país, para além das ideologias e interesses particulares, deve conduzir a consciência e o coração tanto de candidatos, quanto de eleitores’”.

Com base nesse documento da CNBB, que pode ser lido na íntegra pelo site da própria CNBB, proponho-me elaborar quatro pontos a que chamei de dica.

Primeira dica: investigue o passado dos candidatos

Estamos nos encaminhando para o fim deste período eleitoral e, certamente, já vimos um pouco de tudo. Por isso, é imprescindível que você faça uma rigorosa investigação da vida política de cada candidato para saber se ele já esteve envolvido em escândalos políticos. Um candidato que já esteve envolvido em corrupção não deveria contar com o nosso voto.

Não basta, no entanto, que o candidato investigado por você tenha a ficha limpa. Você precisa saber quem são os outros candidatos a quem ele apoia. Mesmo que o seu investigado não tenha se envolvido em nenhum escândalo de corrupção, mas acabou se tornando apoiador de quem já o foi, desconfie prontamente. Ser conivente com a corrupção é uma forma mais sutil de ser corrupto.

No quarto e último artigo, trataremos de mais três assuntos de suma importância: as ideologias por trás dos candidatos e partidos; como a Igreja Católica se pronunciou diante de algumas dessas ideologias; e a maneira como os candidatos devem se portar segundo a perspectiva cristã. Não deixe de ler o próximo artigo.

Deus abençoe você. Até a próxima!