Logo que falamos sobre a mulher, podem vir à nossa mente alguns substantivos: ternura, sensibilidade, acolhimento, zelo, cuidado, carinho, charme… Nomes que fazem parte da beleza da mulher. Contudo, nem sempre esse reconhecimento é fácil por ela mesma e sobre quem é, em seu corpo, alma e espírito. Um caminho de encontro como daquela mulher que teve a dracma perdida:
“Qual é a mulher que, tendo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrepende” (Lc 15, 8-10).
Tradicionalmente, a interpretação dessa passagem diz respeito a cada pecador que, ao se arrepender, volta-se novamente ao Senhor. Contudo, gostaria de também deixar registrada uma reflexão sobre a passagem.
Uma nova reflexão
Uma dracma, segundo biblistas, corresponderia a um dia de trabalho dos operários daquele tempo. Com isso, as 10 dracmas, provavelmente, seriam todos os recursos que aquela senhora tinha. Perder uma era 10% do seu salário. Se não fizesse falta, não teria empreendido toda a busca diligente até encontrar e chamar as amigas e vizinhas para alegrar-se com ela.
Um movimento de encontro consigo mesma…
Em tantas vezes, em nossa trajetória, nós, mulheres, estamos perdidas, cansadas, tristes, estressadas com a correria do dia a dia, com a autoestima lá embaixo, muitas preocupações e ansiedades. Enfim, a lista poderia ser enorme sobre os desafios cotidianos.
E quais as consequências?
-Saímos da nossa rota interior com nós mesmas e com Deus que habita em nós;
-Desanimamos no autocuidado interior e exterior;
-Fazemos tudo no automático sem dar espaço para a reflexão e oração;
-Desintegramos o nosso ser inteiro composto por corpo, alma e espírito.
Cada mulher possui as suas “10 dracmas interiores” ou os tesouros interiores que, em primeiro lugar, são a sua imagem e semelhança de Deus, o seu ser único e irrepetível, criado pelo Senhor com todo amor! Em seguida, o Pai dotou esse ser com várias potencialidades, talentos, carismas, inteligência, capacidade de amar, dom do serviço, desejo de comunhão com Deus e com as pessoas, entre outras tantas capacidades.
Perder 10% disso tudo é muita coisa! Somos pessoas inteiras e, assim, não podemos sair do 100% porque não podemos ser e dar a Deus ou ao outro somente uma parte. O nosso tudo e o nosso ser integral só fazem sentido dessa maneira.
Feminilidade por completo
Desse modo, falar de todas aquelas capacidades é falar de toda a beleza do ser mulher! A mulher por inteira em seu corpo, alma e espírito. Ela não é uma coisa ou outra. É como numa multiplicação: 1 x 1 x 1 = 1. Isto é, ali há uma pessoa total com um corpo (aspecto físico/biológico), alma (dimensão psicológica) e espírito (aspecto da transcendência e da nossa filiação e semelhança divina).
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Beleza divina
Além disso, manterei hábitos saudáveis para o corpo e mente. Cuidarei da minha imagem também porque ela reflete o divino. Sobre essa realidade, trago algumas citações de São João Paulo II de suas catequeses acerca da “Teologia do Corpo”:
“O corpo, e só ele, é capaz de tornar visível o que é invisível: o espiritual e o divino. Ele foi criado para transferir para a realidade visível do mundo o mistério escondido desde a eternidade em Deus [o amor de Deus pelo homem] e, assim, ser seu sinal” (20 de fevereiro de 1980).
“O ser humano, a quem Deus criou ‘homem e mulher’, carrega a imagem divina impressa no seu corpo “desde o princípio”; homem e mulher constituem duas formas diferentes do humano ‘ser corpo’ na unidade daquela imagem” (2 de janeiro de 1980).
Quando compreendemos a beleza que é o nosso corpo, já não fazemos mais distinção entre externo e interno. Tudo é em nós é beleza divina! Não vamos valorizar o corpo em detrimento da alma e vice-versa, contudo, nos perceberemos em harmonia e equilíbrio entre corpo e alma.
Interessante destacar o que o Papa ressaltou: “o corpo, e só ele, é capaz de tornar visível o que é invisível”. Isto é lindo e não é qualquer coisa!
O encontro
Por fim, vamos chamar as vizinhas e amigas para não para frivolidades, mas para a festa da comunhão: “Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido”.
Encontrei Deus. Encontrei a mim mesma. Encontrei o outro. Cuidar da minha beleza é saber de Quem vim e reconhecer o sentido da vida para o outro.
Com isso, voltamos mulheres aos 100% de quem nós somos!